[63] Lembrar

643 56 0
                                    

Demi's POV

"WILMER!"

Eu encarei as garrafas vazias de vodka com uma expressão horrorizada, chocada demais para mexer um dedo enquanto Wilmer corria para o quarto.

"Qual o problema nena? O que aconteceu?!"

Eu apontei para as garrafas e coloquei a mão na boca, me afastando e balançando a cabeça.

"Mas o que é isso?!" Wilmer remexeu as garrafas, "Demi, olha."

Eu dirigi o olhar a ele para ver um saquinho que era obviamente maconha e enterrei o rosto nas mãos, me encostando contra a parede e deslizando até o chão.

"Não, não, não. Essa porra não pode estar acontecendo."

Wilmer se encostou na parede oposta, em estado de choque olhando para o colchão desarrumado. Ambos de nós não fazíamos ideia do que pensar, ou do que fazer.

Eu automaticamente disquei o número de Izzy e coloquei o telefone no ouvido.

"Ei, é Izzy! Sinto muito por não atender agora, mas eu vou te ligar de volta!"

Liguei várias e várias vezes, mas sempre caía na mesma chamada de voz.

"Wilmer, ela não atende! Que porra é essa que ela não atende?!" Meu corpo estava em total estado de pânico, eu fechei meus olhos fortemente, tentando desacelerar meu coração que batia mais rápido, sem sucesso.

"Wilmer!" Ele ainda estava encarando a cama com uma expressão vazia. Eu agarrei minha cabeça com as mãos enquanto tentava respirar profundamente, mas isso só fez com que eu hiperventilasse ainda mais. "Wilmer!" Eu arfei de novo, "Me ajuda!"

Finalmente, ele saiu do transe e correu para mim, me colocando em seus braços.

"Demi, você precisa respirar, querida. Me acompanhe, inspire, expire, inspire, expire. Isso aí nena, se acalme." Lentamente, meu ataque de pânico começou a sair de cena e eu só me recostei em seu peito, chorando copiosamente.

"Ela é igualzinha a mim, Wilmer. Isso é tudo minha culpa." Eu choraminguei, molhando sua camiseta.

"Não nena, como isso poderia ser sua culpa? Você não viu isso acontecer, então você não pôde prever isso. Por favor, só pare de chorar Demi."

Eu balancei minha cabeça e me afastei dele.

"Eu tenho que achá-la."

Eu fui interrompida pelo som da porta se abrindo no andar de baixo e o som de passos pesados subindo as escadas. Izzy correu para dentro, chorando histericamente e respirando com dificuldade, mas uma vez que ela nos viu, ela congelou. O sangue sumiu de seu rosto quando ela encarou a cama virada de cabeça para baixo. Eu lentamente me levantei, e andei alguns passos em sua direção.

"Isabella... O que significa tudo isso?"

Ela olhou para cama, para Wilmer, e então de volta para mim. De repente ela desabou, caindo em meus braços e deixando escapar um soluço de choro. Eu me sentei no chão com ela em meu colo e a abracei enquanto nós duas chorávamos.

"Por que, filha? Por que você não veio falar comigo?" Eu sussurrei, afastando seus cabelos para trás.

"Desculpa, eu não.... Eu não podia..." Ela se interrompeu e colocou a cabeça no meu ombro.

"Querida, o que aconteceu hoje? Você estava chorando quando entrou."

Ela balançou a cabeça, "Eu fui assistir a um filme.... e tinha uma cena... que uma garota foi colocada em um carro" Ela não precisava terminar a frase e eu a abracei de novo.

"Vai ficar tudo bem querida, eu prometo."

~*~

"Ela dormiu?" Wilmer perguntou, enquanto eu entrava no quarto e me arrastei até seu colo. Assenti e coloquei meus braços em sua volta, pressionando meu rosto em seu peito.

"Eu não acredito que essa noite aconteceu. Eu rezei para Deus toda santa noite para que ela nunca tivesse de passar por isso." Eu sussurrei contra sua nuca. Eu não chorei, não podia. Precisava ser a mais forte.

"Nós só temos de estar aqui por ela Hermosa, você se lembra como era ser assim, converse com ela."

Eu passei a mão no rosto, "Ela não vai falar comigo se ela for justamente como eu quando era menor. Minha mãe e eu éramos bem mais próximas do que nós somos e ainda sim, eu nunca a contei nada. Ela não soube de nada sobre aquela parte da minha vida... Wilmer, acho que ela precisa de ajuda profissional agora. Não podemos consertá-la dessa vez.

~*~

Izzy's POV

Eu me sentei inconfortavelmente na poltrona enquanto a psicóloga que tinha se apresentado como Kelly Farrell me encarava em uma cadeira de frente para mim.

"Izzy, você sabe que nós devemos conversar, certo?"

Eu lhe lancei um olhar frio, "Não quero conversar com você. Só estou aqui porque é isso ou o tratamento. Eu não estou louca."

Ela sorriu, "Nós não precisamos falar sobre isso, podemos começar do mais simples. Como foi seu dia?"

Eu bufei, "Foi um dia de merda."

Kelly assentiu, "Quem é sua melhor amiga?"

"Pam."

Ela arqueou uma sobrancelha, "Quem é Pam?"

Eu imitei sua expressão, "Minha melhor amiga?"

A psicóloga assentiu na mesma hora e escreveu algumas coisas na minha ficha.

"Sabe Izzy, você me lembra muito sua mãe. É quase aterrorizador."

Eu balancei a cabeça, meu olhar se intensificando, "Eu não sou nada parecida com ela."

Kelly se encostou na cadeira, "Quer me explicar o por quê?"

"Porque eu não abandono as pessoas e espero que seja capaz de simplesmente voltar para a vida delas sem ter nenhum sentimento ruim. Não espero que as pessoas me amem incondicionalmente mesmo quando não dou a elas nada em troca. Não tomo e tomo e tomo até que todo mundo na minha vida não tenha nada mais para me dar. Eu nunca deixaria meus filhos com babá por cima de babá para serem criados. Eu nunca não os abraçaria quando eles chorassem e tivessem problemas emocionais porque estou muito ocupada com o trabalho" De repente, eu estava em pé e gritando, "ENTÃO NÃO OUSE NUNCA ME DIZER QUE EU FAÇO VOCÊ SE LEMBRAR DA MINHA MÃE, PORQUE EU NUNCA QUERO SER NADA COMO ELA."

Kelly tinha um sorriso pequeno em sua face quando ela desligava o gravador de som, "Acho que fizermos um progresso ótimo por hoje... Tudo bem se ficarmos para próxima quinta-feira?"

Eu pisquei, ainda respirando pesado.

Mas o que diabos acabou de acontecer?



Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora