[33] Dallas

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Demi's POV

"Eu estou atrasada." Minha voz era sem emoção, os sentimentos correndo pela minha cabeça de forma tão rápida que não sabia nem o que pensar.

"Quê?" Wilmer ainda estava confuso.

"Minha menstruação está atrasada, Wilmer. Eu estou no mesmo ciclo desde quando tinha 14 anos."

A anatomia feminina o ensinou o suficiente para saber o que eu queria dizer.

"Então você está..." Ele não terminou a frase, olhando para minha barriga.

"Acho que sim."

Ele passou a mão pelo rosto, claramente tentando processar a informação.

"Você está grávida."

Grávida. Nunca em minha vida pensei que escutaria essa frase de novo depois de ter Izzy. A realidade da situação me acertou e eu senti lágrimas rolarem pelo meu rosto.

"Não chore, hermosa. Não chore, eu estou aqui" Wilmer murmurava, me trazendo para seu peito.

"Wilmer, eu não posso ter outro bebê. Fisicamente, não posso." Por conta dos meus distúrbios alimentares quando adolescente, minha fertilidade era fodida. Essa era uma das razões pelas quais eu me culpava pela morte do meu filho.

"Demi, nós podemos fazer isso. Não importa o que aconteça, não vai ser como da última vez, eu prometo." Ele murmurou, acariciando minhas costas.

Minhas mãos cruzaram em volta da minha barriga, da mesma forma que fiz quando engravidei Izzy e Lucas. Ficamos nos braços um do outro por um tempo, ele me confortando enquanto eu chorava. Um barulho na porta nos fez levantar o olhar.

Izzy estava ali, seus olhos travados em minhas mãos. Eu podia praticamente ver seu cérebro trabalhando e juntando as peças quando seus olhos se arregalaram. De repente, ela saiu correndo. 

"IZZY!" Gritei, saindo de seu abraço e correndo atrás dela. Enquanto eu descia as escadas, ouvi a porta da frente bater e fechar-se. Corri para a rua e olhei para ambos os lados e não vi nada.

"DEMI!" Wilmer gritou, me levando para seus braços e me tirando do meio da rua quando um carro passou por ela. Eu caí em um canto da calçada, tremendo com as lágrimas.

"Demi, se acalme, ela vai ficar bem! Ela vai para a casa da Maddie ou de alguém e ficar por lá. Vão te ligar em breve."

"Wilmer, isso é diferente! O cérebro de Izzy trabalha em maneiras que você não entende! Ele vai pegar isso e transformar em uma coisa imensa e criar os cenários mais horríveis o possível. Eu não sei o que ela vai fazer agora, mas é completamente ilógico. Ela é igualzinha a mim e isso me amedronta."

~*Izzy's POV*~

Não sei por quanto tempo eu corri, só continuei dobrando esquinas até que não conseguia correr mais e desacelerei para uma caminhada. Eu peguei meu celular e minhas mãos tremiam enquanto digitava os números.

"Hey Izzy!" A voz animadora de Jake automaticamente me fez sorrir.

"Você pode me buscar?"

"Claro! Eu estarei em sua casa em-"

"Não estou em casa." Ele ficou calado por um segundo.

"Então onde você está?"

"Eu... eu não sei." Seu tom automaticamente aumentou, preocupado.

"Você consegue ver alguma placa de rua por perto?"

Eu olhei em volta e finalmente localizei uma das placas azuis, "Rua Gilbert."

Escutei o motor do seu carro ligar, "Estou indo."

Cinco minutos depois de ter desligado o telefone, farois de carro me cegaram. Jake saiu do carro antes mesmo que eu pudesse dar um passo, andando até minha direção rapidamente e me abraçando. Ele me segurou fortemente enquanto eu me permitia chorar todas as lágrimas que estive escondendo em seu ombro.

"Vamos, Iz." Ele murmurou, me trazendo para o carro. "Vamos conversar."

Nós chegamos em uma casa grande e marrom e subimos as escadas para o que eu assumi ser seu quarto. Era cinza e tinha decoração das Forças Armadas, um quarto típico de garoto com tênis Vans pendurados em um balcão. Jake se sentou na cama e bateu de leve no lugar ao seu lado.

"Então, o que aconteceu?" Ele indagou enquanto eu sentava.

"Minha mãe.... Ela está grávida." Jake olhou pensativo por um momento e então assentiu.

"Pior cenário?"

Eu suspirei, "Estou entre ela perder o bebê e se esquecer completamente de mim em sua depressão e miséria OU ela ter o bebê e se esquecer completamente de mim em sua felicidade."

"Melhor cenário?"

Pensei sobre isso por alguns minutos. "O segundo, porque pelo menos ela estaria feliz."

Jake se deitou nos travesseiros e puxou meu quadril para que eu fizesse o mesmo. Pousei minha cabeça em seu peito e suas mãos passeavam pelo meu cabelo suavemente. Nós ficamos ali por alguns minutos, sentindo a respiração do outro. 

"Você é muito boa para mim." Para minha surpresa, as palavras vieram de sua boca e não da minha.

"Quê?"

Ele olhou para mim com um sorriso fraco, "Até no seu sofrimento você quer que sua mãe seja feliz. Você é boa demais para mim."

Balancei minha cabeça e disse em tom gentil, "Você me faz ser boa."

~*~

"Me mande uma mensagem de manhã." Jake murmurou, beijando meus lábios suavemente de novo. Nós estávamos do lado de fora da casa de Dallas, minha outra salvação quando as coisas ficavam ruins com minha mãe.

"Eu irei, prometo."

Saí do carro e fui até a porta da casa grande de Dallas. Respirando fundo, eu bati. Alguns minutos depois a porta marrom de madeira se abriu para revelar uma dreary Dallas. Quando seus olhos focaram em mim ela suspirou.

"Puta que pariu."

"Oi."

Seus olhos analisavam meu rosto, "O que ela fez dessa vez?"

Mesmo que eu tivesse chorado toda a água do meu corpo quando estava com Jake, as lágrimas ainda desciam de meus olhos.

"Ela está grávida."

Imediatamente, Dallas abriu seus braços e eu, grata, fui até eles.



Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora