[67] Corra

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Demi's POV

Eu sentei no sofá enrolada em um cobertor e encarando vazia a parede enquanto Wilmer falava com o oficial da polícia sobre fazer um boletim de ocorrência sobre Izzy. Já que ela era tecnicamente uma menor de idade com 17 anos, nós não teríamos que esperar 24 horas.

"Madame, você pode tentar nos contar em qual direção ela foi?

Eu encarei a parede, ouvindo-o falar, mas não entendia nada e de novo Wilmer explicava a situação para o oficial.

"Ela não vai te responder. Agora, por favor, você poderia parar de perguntar coisas a ela? É óbvio que está traumatizada. Por favor, só encontre nossa filha." Ele disse para o policial em um tom respeitoso, mas firme e o outro suspirou.

"Nós vamos fazer o possível, isso eu posso lhe garantir. Este caso é prioridade máxima em nosso recinto agora. Nós já enviamos o caso dela junto com mandatos de busca nas cidades próximas
 e estados.  Nós vamos achá-la." Outro oficial chegou perto do detetive chefe e murmurou em seu ouvido. "Nós acabamos de ser informados que sua filha pegou dois mil dólares de sua conta no banco algumas horas atrás. Estou assumindo que ela sabe que não pode usar seus cartões de crédito e já desligou seu telefone, mas, independente disso, nós iremos procurar em todos os lugares."

Eu quase não o escutava enquanto abraçava o cobertor em minha volta para mais perto do meu corpo e deixei algumas lágrimas caírem de meu rosto. Wilmer agradeceu aos oficiais e os mostrou a saída, em seguida voltou para onde eu estava enrolada como uma bola e se sentou ao meu lado.

"Nós nunca vamos achá-la" Eu gemi, e podia sentir o pânico dentro de mim, eu não tentei parar, não queria. Logo eu estava hiperventilando e Wilmer segurou meus ombros.

"Demi, respire! Você precisa respirar, bebê!"

Aquilo acertou um nervo enquanto eu o encarava com olhos irresponsáveis. Bebê. Eu estou grávida. Será que eu devia estar grávida? Será que eu posso criar essa criança? Será que eu deveria ser permitida de criá-la?"

"Demi, me escute. Respire. Inspire, expire, você vai ficar bem."

Eu balancei minha cabeça e acertei seu peito com meus punhos, agora histérica.

"Pare de mentir para mim! Não vai ficar bem porra nenhuma! Ela foi embora, Wilmer! Ela foi embora. Meu bebê..." Eu estava acertando meus punhos em seu peito e finalmente desabei, caindo em seus braços. "Minha garotinha..."

Ele me abraçou forte e gentilmente afastou meus cabelos enquanto eu chorava, agarrando forte sua camiseta enquanto eu tremia com a dor.

"Eu sei que você não acredita em mim agora Demi, mas vai ficar tudo bem. Eles vão achá-la, ela vai voltar para casa."

Eu levantei a cabeça para encará-lo, meu lábio inferior trêmulo, "Promete?"

Ele gentilmente beijou minha testa e eu fechei meus olhos, me inclinando contra seus lábios.

"Prometo."

~*~

Izzy's POV

Pam e eu olhamos pelos becos, evitando ruas movimentadas onde os policiais estavam sem dúvida procurando por mim. Finalmente, chegamos ao apartamento onde tocava uma música alta.

"Está tudo bem, Sam provavelmente deve ter chamado alguns amigos. Vamos só subir as escadas."

Eu assenti e a segui para o quarto, onde nos deitamos e Pam se virou para mim, "Aliás, você tem certeza sobre isso tudo? Quer dizer, há uma grande chance de você ser mandada de volta para seus pais já que você é tão bem conhecida, está pronta para encarar isso? É uma vida solitária. Você não pode se apegar a qualquer um."

Eu suspirei e olhei para o teto, "Acho que sim. Quer dizer, eu sinto falta deles demais, mas acho que é o melhor para todos nós."

Pam arqueou uma sobrancelha, "Tem certeza?"

Eu dei de ombros, "Acho que tenho que ter."

~*~

Algumas horas depois, a música ficou mais e mais alta e Pam estava ficando nervosa.

"Ele é um estúpido da porra. Volto já. Ele precisa abaixar a música se não quiser atrair todos os policiais da cidade." Ela saiu da sala e alguns minutos depois a música aumentou de volume dramaticamente, junto com o som de gritos. De repente, sons de sirene tomaram o lugar da música, e eu me levantei correndo para o sótão, onde pude ver os policiais se amontoando no térreo. Pam ficou próxima aos alto-falantes, sendo algemada e fez contato visual comigo. Seus lábios formaram uma palavra.

"Corra."

E assim eu fiz. Desci pela saída de emergência e corri pelas ruas e becos de volta ao parque de diversões abandonado. Estava passando pelos portões quando de repente me colidi contra um corpo sólido, e fui para o chão com um gemido.

"Ah, merda, me desculpe." Eu congelei, conhecia aquela voz. "Izzy Lovato?" Eu olhei para o rosto que tinha me amedrontado em tantos pesadelos por meses.

Paul Stewart. Um do caras do carro daquele dia estava me encarando com um sorriso no canto da boca.

"Ora, ora, ora, o que temos aqui? O que a pequena celebridade do momento está fazendo andando por essas ruas a essa hora?"

Eu engoli com dificuldade e me arrastei para trás quando ele deu um passo a frente ameaçador.

"Não chegue perto de mim."

Ele riu, e o som me fez querer vomitar.

"Por quê? Mesmo que você grite, ninguém vai te ouvir. Eu podia fazer você se sentir bem."

Eu balancei minha cabeça e me levantei, me afastando mais enquanto ele lentamente passeava em minha direção, seu aspecto musculoso intimidador contra o meu franzino.

"Não quero que me toque. Por favor, só me deixe em paz."

Para meu horror, meu passo para trás pressionou minhas costas contra o muro de pedra e Paul continuou caminhando até mim até que estivéssemos a um palmo de distância, e ele pegou uma mecha do meu cabelo, brincando com ele.

"Sabe, eu não tive a chance de ter um pouco de você naquela noite, os outros estavam paranoicos e eu tive um caso sério de ovos azuis com aquilo."

Eu fechei meus olhos enquanto ele se inclinava para frente e beijou meu pescoço. Meu joelho se levantou, mas ele facilmente o bloqueou de acertá-lo e me colocou contra a parede, as pedras pontudas entrando em minhas costas e fazendo-as sangrar.

"Não!" Eu implorei. "Por favor, Deus, não!"

Suas mãos grossas tocaram na pele do meu estômago enquanto ele puxava minha camisa para cima e eu acertei de forma idiota o seu ombro, lutando desamparada ao mesmo tempo que rezava para Deus para que aquilo terminasse logo, que ele não fosse rude.

"SOCORRO!" Meu grito se espalhou pelo parque e flutuou pelo ar junto com meu grito de dor quando ele me bateu no rosto.

"Sua estúpida vadia do car-"

BOOM.




Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora