[29]Lembranças

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Wilmer's POV

Não sei por quanto tempo eu a abracei, parecia horas mas eu sabia que, na verdade, tinha se passado apenas uns 20 minutos. De vez em quando seus soluços se transformavam em choro e então em baixinhos whimpers enquanto ela se agarrava à minha camisa, finalmente se permitindo sofrer pelo filho que tínhamos perdido.

"Wilmer?" Ela gemeu, e eu baixei o olhar para seus olhos castanhos tingidos de vermelho. Seu lábio inferior sobressaiu-se e eu estava prestes a abraçá-la de novo, quando ela me beijou.

Não era urgente e acelerado como a maioria de nossos beijos eram ultimamente (de vez em quando nós nos encontrávamos em um estado de luxúria e paixão que só o outro podia preencher). Era lento e hesitante. Sua mão subiu para a minha nuca, me puxando para mais perto enquanto nossas bocas lentamente se moviam em sincronia. Muito cedo para mim – mas ambos precisávamos de ar -, Demi se afastou um pouco e pousou sua testa contra a minha. Seus lábios tremulavam quando ela sussurrou meu nome.

"Wilmer?" eu murmurei em resposta e ela lentamente juntou nossos lábios de novo. "Eu te amo. Eu sei que fiz merda e que sou uma dramática, super sensível e uma vadia. Mas eu te amo muito Wilmer." Sua voz tremia enquanto ela tentava explicar o que eu já sabia há tanto tempo. "E sinto muito. Eu sinto muito, pra caralho, meu amor."

Eu a puxei para meu peito enquanto novas lágrimas jorravam por sua face.

"Está tudo bem, coração. Eu te amo também. Tá tudo bem." Gentilmente, saí de seu abraço e a ajudei a se levantar,

"Vamos, coloque um suéter. Eu vou te levar para um lugar."

~*~

Tão breve Demi percebeu qual era nosso destino, ela se afundou no banco do carro e colocou a cabeça nas mãos, ficando naquela posição até que eu parei no meio-fio.

"Demi. Isso é uma coisa que temos que fazer. Já faz 18 anos que não viemos aqui." Ela assentiu, mas não se mexeu e eu saí do carro, dando a volta até seu lado e abri a porta.

"Nena, venha comigo, nós podemos fazer isso juntos." Lentamente, ela concordou com a cabeça e saiu do carro, sustentando-se em mim como apoio enquanto andávamos em direção ao cemitério.

Demi's POV

Eu andava pelo caminho familiar que segurei minha criança, do carro até sua lápide. Enquanto passávamos por cada lápide, não conseguia evitar em pensar sobre as almas que uma vez tinham estado naqueles corpos. Eles tinham parentes, amigos, famílias, por que tiveram que partir? Eles não deveriam fazer caixões pequenos o suficiente para enterrar bebês. É doente pensar nisso. Enquanto chegava perto do seu caixão, eu podia sentir minha ansiedade surgindo e eu parei bruscamente.

"Não consigo." Wilmer virou seu rosto para mim, me olhando nos olhos com simpatia.

"Você consegue, sim. Nós precisamos fazer isso, Demi."

Eu balancei a cabeça. "Não, não consigo." Eu me solto de Wilmer e começo a fazer o caminho de volta, andando cada vez mais rápido enquanto eu o ouvia gritar por mim.

Depois de muito andar e fugir dele, encontrei-me sentada num banco perto de uma fonte, as lágrimas jorrando dos meus olhos enquanto me forçava a lembrar do passado, algo que eu tinha procurado deixar de lado há anos.

*

"Sinto muito." O médico disse gentilmente, antes de sair da sala do hospital deixando Wilmer e eu à sós. Eu podia sentir seus olhos sobre mim, mas não senti nada. Eu nem sequer chorei ou gritei ou disse alguma coisa.

Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora