Ultimo desejo

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Chegamos ao terceiro mês, Wendey praticamente não levantava mais da cama, usava fraldas e se alimentava por sonda, emagreceu terrivelmente, Adam estava com mamãe na mansão, era um dia lindo de inverno, a neve tinha caio rapidamente quando amanheceu, agora o sol brilhava alto no céu, me levantei da poltrona me sentando no chão ao lado da cama, olhei para Wendey que respirava com dificuldade, puxei o oxigênio e coloquei com cuidado em seu nariz e abri o cilindro para poder ajudar a respirar melhor, acariciei seus cabelos curtos agora, pela químio que a fez perder os cabelos e os que cresceram estavam na altura dos ombros, eles eram tão finos que pareciam de bebê, Wendey abriu os olhos, sorrimos um para o outro.

- Todos tem um desejo... E a dias venho me perguntando se deveria te perguntar se existe algum desejo que queira realizar antes de partir. – Soei natural para que não sofresse e não entendesse errado o que eu queria dizer, queria passar a ela de que estava preparado para a despedida, mas eu sei, não estava, mas já estava mais conformado de que neste plano, não seriamos um casal "felizes para sempre".

- Você já fez tudo por mim, Jax... – Disse ela em um sussurro fraco, apenas seus olhos se mexiam, seu corpo estava inerte, coberto por uma coberta quentinha para mantê-la aquecida.

- Todos nos temos um ultimo desejo... E se tiver, não poupe em dizer, realizarei.

Wendey ficou me olhando por um tempo, pensando no que queria, esboçou um leve sorriso.

- Eu quero dar uma ultima volta em sua moto... – A sua voz quase não saia, tinha que me aproximar ao máximo dela.

- Quer andar de moto?

- Sim...

Sorri entre lagrimas, e desabei a chorar ali na frente dela, não tinha esquecido de que ela era a minha garota que sempre levaria na garupa da minha moto, concordei, há levaria para esse ultimo passeio, me acalmei, dei-lhe um beijo demorado acariciando seus cabelos finos e me levantei.

- Não saia daí... Vou preparar tudo para a gente sair, já volto. – Olhei para a enfermeira que cuidava dela.

Saí do quarto praticamente correndo, me apoiei no balcão da cozinha e chorei mais uma vez deixando toda a minha emoção falar alto, Wagner que agora estava a minha disposição veio preocupado me ajudar naquele momento, nos olhamos e o abracei com força.

- Está acabando... Ela está indo... – Voltei a chorar.

- Deixe-a ir meu filho, deixe-a partir, ela precisa deste descanso, ela vem sofrendo a anos. – Disse Wagner me afastando dele, segurando firme em meus ombros. – O que vai fazer?

- Preciso preparar a moto, Wendey quer dar uma volta, é seu ultimo desejo.

- Ela não vai conseguir se segurar.

- Amarre-a em mim... Mas ela vai ter seu ultimo desejo atendido. – Nos olhamos.

- Está bem... – Vou ajuda-lo com isso e sigo vocês para caso precisarem.

Consenti com a cabeça e descemos até a garagem, tirei a moto para fora, trocamos o banco e Wagner trouxe Wendey nos braços, a colocamos sentada, ela estava tão fraca que não conseguia manter a cabeça erguida, Wagner a apoiou no ombro dele enquanto ajustava tudo, me sentei, aprumei a moto e Wagner e a enfermeira passaram o lençol em cruz nos prendendo juntos, como se leva bebês nas costas.

- Vocês dois vem atrás de mim, qualquer coisa eu paro para me ajudarem.

- Tudo bem... – Esperei que fechassem o apartamento, Wendey deitou a cabeça nas minhas costas, respirou fundo, segurei sua coxa como da primeira vez e disse.

- Vamos voar Baby. – Liguei a moto e saímos com calma, Wagner atrás de mim na SUV que adquiri depois que Wendey veio para casa, não dava para ficar andando com ela em carro baixo, tendo que pega-la no colo o tempo todo.


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