Adeus Wendey

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Todos nós seguimos o cortejo até o local onde seria enterrada a minha amada, o silencio entre todos era grande, papai levava Adam no colo que estava com a cabeça deitada em seu ombro, as vezes esfregava o olhinho, mamãe ia segurando meu braço e o guarda-chuva, uma grande tenda foi estendida para que todos pudessem se despedir de Wendey em uma missa, todos nós nos acomodamos e assistimos, quer dizer, todos assistiram, eu fiquei revivendo a minha vida com Wendey e sem a Wendey, sorri de ado, eu a via sorrir para mim, em seu vestidinho simples, cabelos esvoaçando com o vento, aquele sorriso clássico que ela tinha, tão cheia de vida, era a pessoa mais doce e mais simples que já tinha conhecido em toda a minha vida, enquanto todas que conhecia se matavam pela ultima bolsa da moda, Wendey queria apenas uma coisa, VIVER e ser FELIZ.

Há chuva cai fina, sinto que minha felicidade estava sendo levado junto com o caixão que descia naquela cova aberta horas antes, um vazio interno era o que sentia, a musica

The Animals - The House of The Rising Sun"

Tocava insistentemente na minha cabeça, lembrança de uma época que pensei que seria eterna, que não existia mais felicidade pura do que aquela, o vento frio batendo no rosto na Rota 66 em uma viagem de moto com minha Harley, com Wendey na minha garupa, enroscada na minha cintura, compartilhando o fone de ouvido do seu MP3, éramos tão jovens, não entendo como fomos nos perder daquela forma, como pude deixar ir embora e querer esquecer, ela era só uma garota pobre, cheia de vida que ninguém conseguia entender. O pobre garoto rico, nerd e que pagava festas para todos da universidade para se sentir popular e querido.

Respirei fundo me lembrando de Wendey e a primeira vez que coloquei meus olhos nela, tão simples, comum aos olhos de todos, mas para mim não, ela era a mais bela de todas, magrinha, cabelos compridos até a cintura, olhos verdes marcantes, boca bem delineada, haviam garotas mais bonitas no churrasco de casa, era um sábado, ano de 1999, estava perto de me formar, faltavam apenas quatro meses, e esses quatro meses foram minha melhor despedida de todas.

Senti uma mãozinha quente segurar a minha, Adam sorriu amável, ele era a cara de sua mãe, com seus quatro anos de vida, sorri de volta e uma lágrima escorreu dos meus olhos e me levantei, pegando Adam no colo, me aproximei do caixão, passei a mão e depositei um beijo carinhoso, era meu ultimo Adeus, demos as costas e seguimos para o carro, um novo mundo para Adam iria começar e para mim também.

O enterro aconteceu no dia 25 de Dezembro as 10 horas da manhã, eu e Adam não tivemos uma véspera de natal alegre, mas a família e amigos próximos estavam conosco.


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