Na hora que eu entrei na sala todos os olhares foram diretos a mim, o pior foi do Alemão, ele me olhou de uma forma que me fez ter a certeza que se ele tivesse uma arma naquela hora, teria me matado.
Quanto ao Dimme? Parecia não acreditar no que via. A Lett ? Coitada, assim que me viu, correu na minha direção igual uma criança perdida.
Abracei ela forte, e a mesma desandou a chorar. O Alemão saiu de casa muito, muito, muito bravo mesmo.
Encostei o queixo na cabeça da lett e deixei a mesma aliviar um pouco, pelo jeito a situação já tava insuportável ali, depois de alguns minutos eu levei ela no sofá e sentei do lado do Dimme.
Claro que em primeiro lugar eu queria o bem da Leticia, mas estar a centímetros dele novamente fez meu coração palpitar, tentei fingir que ele não estava ali, mais era impossível.
Deitei a cabeça da Lett no meu colo e sussurrei.
Mannu: eu tava tão preocupada com você nega. - Fiquei fazendo carinho no rosto da mesma por longos minutos.
Eu podia ver o Dimme me olhar, eu não queria olhar de volta, queria ignorar ele, ou melhor queria que ele não tivesse aqui.
Aos poucos a lett foi melhorando daquele choque que ela estava.
Lett: vamos lá pro quintal.
Mannu: vamos. - Levantei com ela e fomos pro quintal, ela sentou numa cadeira de sol e eu sentei na outra.
Lett: tu deve estar muito preocupada mesmo pra ter que vim aqui no campinho.
Mannu: Leh, porque tu continua aqui meu, olha o seu estado. Não tem mais condições de você continuar aqui.
Lett: Nossa, eu te falava a mesma coisa quando o mostro te batia. Irônia do destino sim ou claro?
Mannu: É, só que diferente de você, eu criei vergonha na cara e parei de apanhar.
Lett: Parou de apanhar e virou a bandida mais perigosa da capital. Só um minuto que eu vou ali arrumar minhas malas e comprar uma biqueira!
Mannu: Sem deboche Leticia! Isso é a minha cara e não a sua!
Lett: Mannu, eu não tenho como sair daqui, entende!
Mannu: Lógico que tem, você vai la pra casa!
Lett: O problema não é pra onde ir, o problema é que se eu sair daqui o alemão mata o Chiclete.
Mannu: Pera ae, Chiclete não é seu ex? Amiga me conta a historia do começo porra.
Lett: Tá, olha, desde quando eu terminei com o chiclete, não sei se por carência ou outras fita eu comecei a gostar do alemão, muito sabe, ae um certo dia eu resolvi contar isso pra ele e a gente acabou ficando.
Mannu: Até ae eu sei mais eai?
Lett: ficamos ficando um bom tempo, mas meu coração batia forte pelo chiclete ainda, mesmo gostando do alemão eu tinha uma queda por ele.
Mannu: Sei bem como é. - virei os olhos.
Lett:Dai eu vi que eu só tava me enganando com o alemão e resolvi por um fim, só que ele ficou o ódio e desde então minha vida tem sido o inferno. Eu sou obrigada a ouvir ele transando todos os dias com varias mulheres e não posso falar nada, não posso mais nem sair na rua que já é motivo pra mim apanhar.
Mannu: E como ele descolou do chiclete?
Lett: Um dia ele tava me batendo, batendo muito e ele me perguntou o porque eu queria terminar com ele. Acabei gritando que eu amava o chiclete e desde então é só ameaça.
Mannu: Meu, porque você não mata logo esse desgraçado?
Lett: Como Mannu? Ele é filho de sangue da minha mãe e do meu pai, eu só sou uma bastarda adotada, minha mãe nunca ia me perdoar e meu pai onde quer que ele esteja ia me odiar.
Mannu: E tu vai ficar ae sofrendo sem fazer nada.
Lett: Quando o dimme ta em casa ele não deixa o alemão me bater, o problema é que agora ele vive pra favela, mal coloca os pés aqui e quando pisa é assim. - Nessa hora o desespero voltou na lett e novamente ela chorou como criança, soluçava e tudo.
Mannu: Se acalma lett, a gente vai resolver isso. Espera ae, eu vou pegar uma água com açucar pra você.
Entrei na cozinha, peguei um copo no armário e quando eu virei chuta quem tava na minha frente?
Ele mesmo, o susto foi tão grande que eu soltei o copo mais ele foi mais rápido e segurou. Minha garganta travou, a gente estava perto demais.
Eu mal tinha ar pra respirar, ele me olhava nos olhos até que finalmente ele quebrou o silêncio.
Dimme: Como a Lett ta?
Mannu: Péssima né, tem como estar de outra forma? - ele ficou calado só me olhando.
Mannu: não sei como você vê essa barbaridade todos os dias e não faz nada.
Peguei o copo da mão dele e tentei recuperar o fôlego enquanto colocava água.
Dimme: Entende Emannuelle, ela é mulher dele, eu não posso me meter, não mais do que eu já me meto!
Mannu: tá dimmenor, então não faz nada, deixa a Lett se foder sozinha, é bem sua cara!Alias sozinha não né? Comigo! Agora que eu sei o que ela ta passando eu vou tirar ela dessa. Nem que pra isso ela tenha que sair dessa favela! - Ele ficou em silêncio.
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Realidade Cruel
General FictionEmanuelle tem 17 anos e mora em um bairro de classe média a alta na zona sul, a vida dela tinha tudo pra ser perfeita se seu pai não fosse um monstro viciado, sua vontade é fugir de casa, mas ela não teria pra onde ir. A única que pode me ajudar é...