A preparação

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O que se observou após recebermos essa verdadeira sentença de morte foi toda uma região submersa  em absoluto pânico, caravanas com milhares de pessoas cortavam os arredores de nossa vila noite e dia, fugindo das tropas do cruel e sanguinário Gengis Khan.
Eram comboios gigantescos formados por inúmeros animais puxando pesadas
carroças de madeira que rangiam com o peso quase insuportável que eram obrigados a transportar. Em seu interior levavam tudo o que  poderia ser útil para um recomeço de vida bem longe dali, pessoas se apilhavam umas sobre as outras dominadas pelo medo, crianças, mulheres grávidas, velhos desdentados e doentes, pessoas acamadas, deficientes físicos e toda a sorte de gente, disputam espaço ferozmente sobre as enormes caravanas que rasgavam a noite em busca de salvação.
Rapidamente tudo ao nosso redor ia ficando mais triste e solitário, nossa vizinhança no qual sempre tivemos um alegre e cordial relacionamento se tornara deserta, com apenas raros transeuntes que haviam decidido  permanecer e se juntariam à nossa resistência.
Meu pai estava absolutamente convicto de sua decisão ousada e que era encarada por muitos como tresloucada, sua brava e nobre atitude nos enchia de orgulho tanto eu como Dylan, que estávamos sempre a acompanha-lo em suas reuniões com os outros líderes da nossa localidade.
Ficou decidido entre outras coisas, que separaríamos as crianças, idosos e mulheres, colocando- os em um grande bosque anexo, iríamos construir várias tendas com folhas de palmeiras e bambu, que os protegeria contra as intempéries do clima, teríamos também que deslocar suprimentos em abundância para esse campo de refúgio secreto, pois não saberíamos ao certo nada sobre o desenrolar dos acontecimentos de agora em diante e muito menos em relação ao futuro. .
Nossa região sempre foi pacífica e nunca havíamos nos preocupado com a aquisição de armas para no caso de uma eventual necessidade de nós defendermos.
Teríamos de nos valer, se necessário, dos nossos instrumentos e ferramentas usadas em nosso trabalho cotidiano: enchadas, garfos para se trabalhar o feno, foices, facões, pedaços de pau e barras de ferro, facas , etc...
Parecia irreal mas não tínhamos alternativa melhor, a não ser rezar para que o mensageiro estivesse com seus prognósticos equivocados.
Iniciamos a nossa jornada cumprindo os objetivos traçados em nossas longas e contínuas reuniões.
Colocamos mãos à massa e o acampamento onde ficariam protegidas os outros já estava praticamente pronto.
Deslocamos dezenas de carroças com provisões variadas para que a fome de forma alguma os assolace.
Amolamos e fizemos reparos em nossas ferramentas e utensílios que nos serviriam de armas, em seguida, nos despedimos dos nossos amigos que ficariam abrigados no bosque, o que se revelou uma experiência por demais dolorosa para nós todos.
Lágrimas e abraços envolventes eram dados como se fossem um ritual de despedida eterna.
Choros convulsivos, lamentações e súplicas, encheram o lugar de muita tristeza e dor.
As crianças gritavam alto não querendo se separar de seus pais e mulheres grávidas se sentiam despojadas de seus homens que poderiam jamais rever.
Apesar de todas as dificuldades e sofrimentos vividos naqueles momentos amargos de despedida, iniciamos uma lenta e silenciosa caminhada para a entrada de nossa vila e começamos uma longa vigília.
Apesar da enorme oposição de meu pai e dos demais, Dylan e eu, fomos integrados ao nosso pequeno exército, nosso pai nos olhava com lágrimas nos olhos e uma imenso sentimento de orgulho estampado em seu envelhecido rosto.

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