A cripta

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Começamos a rastejar de forma desajeitada pelo percurso de péssimo aspecto, de início, fomos surpreendidos por uma espessa malha de teias de aranhas que  bloqueavam nossa passagem, Andrei, perspicazmente, se utilizou do fogo de seu lampião para abrir um  caminho improvisado, alguns metros mais adiante, não pude conter um grito abafado de horror ao observar uma coleção de ossos humanos amontoados, o velho médico me acalmara explicando que  provavelmente eram pertencentes a pessoas que sucumbiram antes de conseguirem sua almejada liberdade, talvez vítimas de graves agressões ou moribundas, alguns  crânios exibiam enormes cortes na parte superior ou estavam totalmente despedaçados.
Estávamos há algumas horas em um posição extremamente  desconfortável e meu corpo todo doía,  apalpava minhas vestes encharcadas de suor quando fui surpreendido:
- Lá meu rapaz, olhe em sua frente ! - o rosto de Andrei se iluminara de repente...
Me virei rapidamente e observei uma fraca luz que penetrava por uma pequena abertura na parede, nos pusemos a acelerar nossos movimentos até que fomos atingidos por um cheiro terrível de carne em decomposição, colocamos um pano no nossos rostos na tentativa de amenizar seus efeitos nauseantes e  deixamos rapidamente o corredor. Um grande salão surgiu em nossa frente, o cômodo possuía uma atmosfera pesada e macabra, permaneciamos estáticos a observar aquele cenário tétrico repleto de máquinas estranhas  e equipamentos de tortura desumanos.     De uma forma inesperada a origem daquele desagradável odor se revelara, vinha de uma imensa cela, em seu interior jazia uma pilha  impressionante de cadáveres apodrecidos de todos os gêneros, alguns exibiam um estado caveiral e outros se assemelhavam a uma geléia, com suas carne enegrecidas, aguadas e infestadas de vermes. Aquela visão me causou um grande pavor e enjôo, me virei vomitando compulsivamente  enquanto buscava com os olhos aflitos uma saída daquele inferno, o velho médico sinalizou  apontando para uma escadaria, rumamos imediatamente por sua extensão deixando para trás aquele sepulcro asqueroso.
Ao final da escada nos deparamos com uma grande porta de maderia envelhecida e de estrutura frágil, a entrada fora relativamente fácil ao novo aposento que continha um outro lance de escadarias... Nos pusemos em disparada, olhava ao meu lado o valente amigo me acompanhando obstinado e em seus olhos a faísca do anseio por vingança ardia, sentia meu peito se inflar impulsionado por um enorme orgulho e admiração por aquele bravo pequeno homem:
- Doutor, não acha que deveria descansar pouco ? Vejo que está bastante molhado em suor. .. - lhe indaguei.
- Nada disso, meu rapaz! O demônio pode retornar à qualquer momento e queremos pega- lo! vamos! vamos !
Nao tive mais dúvidas sobre seu desejo implacável em destruir o vampiro que dilacerara nossas  almas.                  Chegamos em um belíssimo e luxuoso salão, dotado de uma impressionante ornamentação composta de belas e raríssimas obras de arte, seu piso era forrado com tapetes de uma espessura descomunal e por todo o amplo espaço  havia várias portas que se mantinham curiosamente fechadas..                      O doutor analisava todo o ambiente de forma cautelosa:
- Vamos vasculhar todos  esses quartos, alguma coisa me diz que estamos próximos de encontrar a cripta do maldito! Meu rapaz, façamos o seguinte, você realiza investigação nesses dois recintos  e eu cuido dos restantes, tudo bem?                
Imediatamente pusemos em  prática nossa estratégia, abri lentamente a primeira porta, em seu interior havia somente uma espaçosa cama de casal cercada por um véu claro e na parede uma grande janela que se mantinha trancada, parecia um ambiente perfeitamente normal, deixei-o e me pus-me a averiguar o próximo, me preparava para adentra-lo quando um grito retumbou vindo do quarto ao lado.
Corri imediatamente ao seu encontro e  empurrei a porta, Andrei estava estático no centro, segurava a pequena lamparina com as mãos trêmulas e bem à sua frente, surgia um enorme e horripilante caixão negro, talhado com figuras incompreensíveis em sua superfície, me encontrava atônito na presença de tão assustadora descoberta, a fraca luz que alumiava o pavoroso esquife o tornava ainda mais intimidador, a seguir, o médico me fitou unindo as sobrancelhas e começou a abri-lo vagarosamente, erguendo sua tampa larga e curva que  ressoava um gemido ressecado, me aproximei um pouco mais e pude contemplar seu interior que era de uma beleza surpreendente, onde um delicado tecido em tom vermelho sangue e bordado em fios de ouro servia de abrigo a quem o usasse...

Vampiros: Sangue & SexoOnde histórias criam vida. Descubra agora