Guia

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Nossos olhos foram agredidos por um forte clarão, oriundo de uma luminária  conduzida por um estranho vulto surgido por detrás da porta semi aberta.
Percebendo o grande desconforto que a luz intensa nos ocasionava, o foco fora reduzido e minha visão voltava gradualmente, pude então observar melhor as feições do enigmático ser que nos olhava fixamente  e confesso que fui inundado por um ímpeto de horror.          Aquele homem parecia ter saído das profundezas do inferno, sua fisionomia era pavorosa, constituída de uma cabeça ovalada e um rosto deformado por cicatrizes, o nariz enorme e ossudo, aliado a olhos pequenos e cruéis eram sustentando por  sombrancelhas peludas, que lhe davam um aspecto repugnante e demoníaco.
- Buona sera, sinhori
Il mio capo, ti espetta ardentemente.. - nos saudava com uma  voz anasalada.
- Grazie mille, mio nobile amico.
Doutor Andrei, sorria educadamente enquanto lhe respondia. Mesmo sendo um orgulhoso cidadão russo, o médico havia morado por alguns anos no sul da Itália, portanto, sua comunicação não encontrou obstáculos.
Encaminhámos para o interior do sombrio  castelo, enquanto ouvíamos às nossas costas, os pesados trincos e travas sendo fechados pelo pavoroso mordomo, a seguir, seus passos cadenciados tomaram  nossa dianteira, nos conduzindo por um verdadeiro labirinto.
As enormes paredes úmidas eram melancolicamente enegrecida, mais ao alto, em seu teto, era possível observar uma concentração inacreditável de morcegos e aranhas com patas enormes e avermelhadas, que se movimentavam  rapidamente atrás de abrigo na penumbra.
Nosso hediondo cicerone nos guiava a passos lentos, transformando nossas sombras em gigantescos monstrengos refletidos nos  tapumes. Um pouco mais circunspecto, o doutor Andrei  parecia tenso e enxugava o suor de sua testa com o auxílio de um pequeno lenço, enquanto me dirigia um olhar assustado.
Uma particularidade que despertou em mim uma intrigante  dúvida, foi o fato do serviçal dizer que o seu patrão nos aguardava. Como isso era possível se não o comunicamos nada a respeito de nossa visita?                              Um espaçoso e comprido corredor surgiu, iluminado por  uma curiosa luz avermelhada que vinha do alto, nesse espaço surpreendente do castelo era possível  contemplar inúmeras  obras de arte traduzidas em descomunais quadros dispostos em sequência, onde eram exibidas pinturas dos mais variados temas, desde desconhecidos momentos religiosos a outros relacionados à criação do mundo e sangrentas batalhas.
Doutor Skibina parecia maravilhado com tamanhas revelações vindas daquelas telas, que certamente deveriam valer verdadeiras fortunas, o velho imergia em uma espécie de transe em face a tanta beleza e impressionantes  detalhes, tive que puxa-lo várias vezes para que prosseguissemos em nosso destino.
Finalmente nos deparamos com uma colossal sala de visitas, o desagradável  guia nos encaminhara até nossos assentos e se despedindo educadamente, sumia na trevas, deixando-nos a sós naquele lugar sinistro.

Vampiros: Sangue & SexoOnde histórias criam vida. Descubra agora