Um fim trágico!

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Uma sensação de alívio tomou conta de mim ao ver que metade dos nossos problemas tinham sidos resolvidos com a morte daquele ser desprezível.
Meu corpo estava em frangalhos e repleto  de hematomas, fiquei ainda por um tempo a contemplar o cadáver  destroçado de Benetto  do alto da janela,  quando uma voz me trouxe novamente à realidade.
- Santo deus! Você está com uma aparência péssima, meu rapaz! Venha! Me ajude nos últimos preparativos!  Me deparei com a silhueta robusta de Andrei na porta do quarto, o que me fez sorrir e ir ao seu encontro, adentramos pelo sombrio cômodo da besta que mantinha seu repouso na cripta.
O enorme caixão estava envolvido em grossas cordas, tendo o velho doutor a dar os derradeiros nós em suas extremidades.
- Meu rapaz espalhe o líquido no quarto todo também! Molhe o quanto puder todos os cantos! Chegou a hora de acabarmos com esse demônio de uma vez por todas! - a voz do médico soava como um sentença de morte...
Derramei o restante da substância  inflamável pelo cômodo, em seguida, banhados em suor e exaustos, nos posicionamos a poucos metros da sua entrada e ficamos a contemplar todo aquele cenário  insólito.
O médico se aproximou de mim e me olhando no fundo dos olhos, disse:
- Você foi muito valente, meu rapaz, estou muito orgulhoso da sua bravura e determinação em aniquilar o maldito servo, se não o destruísse ele certamente seria um grande obstáculo à realizações do nosso intento.
Fitava o rosto envelhecido de Andrei Skibina e as lágrimas rolaram de minha face abatida diante de suas doces palavras, nos abraçamos longamente como em uma difícil despedida, em seguida, o velho acendeu uma tocha que instantemente ganhara uma luminescência brilhante e morna.
- Se afaste! - disse, enxugando as lágrimas dos olhos.
O grande salão principal  já se encontrava  completamente tomado pelo rompante de um novo dia que penetrava  pelas janelas quebradas,  quando as primeiras chamas alaranjadas começaram a arder no interior do aposento do vampiro. Rapidamente o fogo e a fumaça escura se espalharam por todos os lados... o quarto se transformara em uma fornalha, exalando um calor insuportável.
Nós preparávamos para deixar o castelo quando surpreendentemente, começamos a ouvir fortes pancadas acompanhadas de gritos horripilantes vindos do quarto em chamas.
- O demônio! Está  tentando escapar! Mas não com conseguirá! Não conseguirá! - o velho dizia, enquanto se encaminhava para a entrada do recinto esfumaçado.
Segui em seu encalço e em meio a densa névoa presencie uma cena que me encheu de pavor! 
O caixão estava revirado e caído no chão, em seu interior lacrado ouvia-se súplicas desesperadas e berros de horror vindas do vampiro em sua lenta agonia de morte em meio às chamas que o cozinhavam vivo, seu braço esquelético e com as carnes queimadas estava para fora do ataúde em uma tentativa louca em fugir daquele tormento que o castigava impiedosamente.
O castelo crepitava em línguas de fogo  escarlates cada vez maiores, se espalhando por todas  as dependências e consumindo tudo pela frente, o velho médico se mantinha a alguns passos adiante de mim e carregava uma fisionomia que expressava angústia e preocupação com a real possibilidade de fuga do vampiro, que forçava a tampa do caixão cada vez mais...
Se aproveitando de um momento de distração minha, o velho optara  por uma empreitada de extrema loucura e insensatez  mergulhando em meio ao inferno em chamas em que se transformara o quarto,  tentei impedi-lo mas era tarde demais... vi seu vulto desaparecer em meio ao caos e a sufocante fumaça enegrecida que envolvia o ambiente, se atirando sobre o esquife em chamas, o velho tentava  pressionar sua tampa que ameaçava se abrir..
- Fuja, meu rapaz! Fuja! Fuja! Vou segurar esse demônio com minhas próprias mãos enquanto tiver forças! Sacrificarei minha própria vida para que esse ser maligno não  faça novas vítimas inocentes! 
Fuja pelo amor de Deus! Fuja! Não se preocupe comigo, já me encontro no final da estrada da vida! - a voz de Andrei  sumia em meio ao fogo e a fumaça....
Me encontrava  paralisado de horror e em minha volta o cenário era de destruição total... não poderia permanecer por mais tempo naquele lugar ou iria sucumbir também... com os olhos banhados em lágrimas abandonei o salão às pressas, ouvindo os berros de sofrimento do meu velho amigo que ecoavam em meio aos ruídos das labaredas.

Vampiros: Sangue & SexoOnde histórias criam vida. Descubra agora