Invasores

60 2 0
                                    

Nos posicionamos bem em frente aos gigantescos portões que davam acesso a vila e  se fosse necessário o derramamento de sangue, este seria, indubitavelmente, em honra dessa terra abençoada que nos  proporciou tantas alegrias.
No rosto abatido de cada um dos integrantes do nosso pequeno exército  havia, obviamente, muitas  dúvidas e inquietações, mas também um grande orgulho que pulsava em nossos valentes corações.
O sol começava a se despedir no horizonte e o céu ganhava fortes  tons avermelhados que davam ao crepúsculo aspectos incomuns de sangue.
Segurávamos nossas  improvisadas armas com entusiamo e um desejo no fundo de nossas almas de que não fosse necessário usa-las.
" Deus... faça com que tudo isso seja apenas um alarme falso!" - fazia uma breve oração enquanto permanecia sentado em um tortuoso galho localizado a alguns metros adiante do  grupo.
Os homens, apesar da grande expectativa  experimentavam em alguns instantes, raros períodos de descontração, o que era patente observar devido às constantes brincadeiras que  realizavam entre si, com gargalhadas e palavrões constantes, tudo acompanhado de um clima de cordialidade.
Eu acompanhava suas pilhérias me divertindo muito... do local estratégico onde me encontrava, conseguia ver com facilidade o vasto horizonte que se abria diante de mim e uma possível ameaça real.
A noite já havia caído e meu pai convocara uma pequena reunião,  ficando decidido que haveria duas turmas de revezamentos pra que todos pudessem descansar um pouco e  não sentissem tanto o cansaço físico e emocional daquela jornada que poderia ser longa a alguns outros  indivíduos ficariam responsáveis pela preparação do jantar.
O tempo avançava e fui  envolvido por um leve cochilo... de repente, fui acometido por um terrível sobresalto, que me despertou violentamente no alto da árvore, ergui minha cabeça de modo aflito em direção ao horizonte e o que vi fez meu coração acelerar.
Uma gigantesca nuvem de poeira se levantava ao longe e vinha em nossa direção, meu olhos se arregalaram na escuridão, deixei escapar um grito que  rompeu o silêncio da madrugada:
- Lá no horizonte!  Olhem !!! Um grande exército se aproxima em nossa direção!
Os homens me encararam incrédulos, mas puderam ver com seus próprios olhos a mancha branca que se aproximava velozmente.
Mais gritos ecoaram, desta vez com desespero pelo camping e todos se levantaram ainda cambaleantes pelo sono, enfregando os olhos e maldizendo palavras de ódio.
Pegamos nossas rústicas armas, meu pai como sempre se preocupando com o bem estar de seus filhos, meras crianças, aconselhou-nos a  abrigar debaixo de uma velha carroça que se localizava à alguns metros atrás dos grandes portões.
Dylan e eu mesmo contrariados o obedecemos e passamos a aguardar com muito temor o desenrolar daqueles momentos de angústia que se despontavam.
Os invasores se encontravam já bem próximos à entrada e eram visíveis seus rostos, indumentárias e seus monstruosos animais.

Vampiros: Sangue & SexoOnde histórias criam vida. Descubra agora