O massacre

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O veículo seguiu  rasgando os caminhos obscuros e tortuosos que nos levariam de volta à propriedade.
Doutor Andrei se mantinha terrivelmente calado e as lágrimas banhavam sua face desbotada, seus soluços eram ininterruptos, o que me enchia de angústia e incompreensão.
Nunca esperaria ve-lo daquela forma, pois   sempre fora um homem da ciência e portanto, alheio a quaisquer demonstrações de descontrole emocional, mesmo confrontando  diariamente com os sofrimentos de seus pacientes e familiares.                    A intrépida carruagem se precipitava por uma subida acentuada, era  possível ouvir os estrondos secos vindos dos eixos robustos que sustentavam as rodas, uma reação brutal a grande velocidade que o cocheiro obstinadamente a impunha.                    Ao avistar nossa residência percebi uma aglomeração anormal em sua entrada, saltei do veículo ainda em movimento, atravessei correndo por entre os pequenos grupos de  empregados que choravam abraçados uns aos outros na varanda, sem olhar em seus rostos segui meu trajeto alucinado rumo ao interior. Uma grande amargura me dominou quando meus pés pousaram na sala e um cenário odioso se revelou para mim... as marcas de sangue estavam  espalhadas por todas as direções, as  paredes exibiam marcas de mãos  ensanguentadas em aflição, denunciando uma alucinante tentativa em escapar do inferno onde se encontravam... os móveis estavam todos  revirados. Meus olhos foram inundados por uma torrente de lágrimas, doutor Andrei se mantinha atrás de mim emudecido, se movia com dificuldades e chorava de uma forma comovente se apoiando em meus ombros.
Mais adiante, me deparei com o primeiro corpo... pertencia a uma mulher, estava caído de bruços na cozinha e lambuzado de sangue, me aproximei e agachei, com as mãos trêmulas a virei delicadamente... era senhora Alesha! Estava irreconhecível,  com o pescoço quebrado, a boca estourada e os dentes quase todos quebrados, me ergui aos prantos, mas precisava seguir com minha busca, alguns passos adiante  encontrei senhor Gorudin estirado nu no chão frio, em seu tórax volumoso via-se uma abertura que se iniciava no pescoço e descia impiedosamente até os órgãos genitais, se assemelhando à carcaça de um bovino, onde toda a  barrigada fora retirada de suas entranhas, exibia marcas terríveis de queimaduras nas solas dos pés indicando que sofrera terríveis torturas antes de ser  despedaçado. Parecia que o próprio demônio havia visitado aquela casa, me apoiava nas paredes do corredor sujas de sangue  caminhando de forma embriagada em direção ao quarto de Khristina, meu coração palpitava alucinadamente, não demostrava vontade alguma em prosseguir, mas necessitava.                Me detive por um breve instante junto á porta encostada, a empurrei levemente e um cheiro forte de sangue e fezes invadiu minhas narinas me causando enjôo, vasculhei com os olhos o interior  ensanguentado em busca de algum sinal da minha amada... até que a vi... nua e crucificada no alto da parede do quarto, os frágeis pulsos e pés estavam  transpassados por pregos enormes e enferrujados, de onde escorria um estreito  filete escarlate, um fio de arame fora enrolado em seu delicado pescoço que o apertava cruelmente mantendo sua cabeça caída para frente, a cor desaparecera do seu  corpo, que se tornara branco como a neve, em sua jugular as marcas de uma feroz mordida...
Uma dor me corroia a alma e não conseguia  suportar mais aquela cena maldita. Minha família havia sido dizimada impiedosamente por pessoas desalmados e cruéis, minha família que mais amava nessa vida não existia mais, minha amada a quem  jurei amor eterno fora arrancada de mim.

Vampiros: Sangue & SexoOnde histórias criam vida. Descubra agora