Escravos

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" No século XIII, o império Mongol tornou-se o mais poderoso reino de toda a Ásia, dominando um extenso território que ia do mar negro ao mar na China." 
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Prosseguiamos em uma  exaustiva marcha, acorrentados uns aos outros como desafortunados animais sob um sol impiedoso.
A gigantesca caravana cortava vales, desertos e aldeias, causando pavor e apreensão nas pessoas que assistiam ao longe o dantesco  cortejo que era acompanhado do barulho ensurdecedor de vozes e animais.
De tão extensa que eram as colunas humanas,  compostas de soldados, prisioneiros, animais e cargas, que era quase impossível identificar entre aquele vasto contingente humano o seu líder, Gengis Khan.
Alguns encarcerados que não suportavam a fome e sede que os aniquilavam por completo sucumbiam pelo caminho.
A noite finalmente havia chegado e isso nos proporcionava um pouco de alívio, talvez por ser um pouco mais velho do que eu, Dylan aparentava estar mais resignado e  suportava melhor todo o martírio com resignação.
Obviamente que sentia os sofrimentos da longa caminhada como todos os demais, mas se mantinha calado e circunspecto, o que me causava estranhamento, não dissera uma só  palavra desde que caímos nas mãos dos inimigos.
De repente, caravana se detém próxima a uma pequena cidade bastante movimentada.
Alguns soldados mongóis nos serviram pedaços de pães duros e uma  suja caneca de barro contendo uma água  amarga e de aspecto terrível.
Apesar da repugnância  daquela comida, fechei meus olhos e a devorei como se fosse um banquete dos deuses, estava faminto e muito  fraco para escolher entre o que comer ou não, dava grandes mordidas entre lágrimas que rolavam do meu rosto.
Lembrava de nossa família, amigos e de tudo que nos foi retirado de uma forma instantânea e brutal. Dylan, juntamente com os demais, apenas mastigava seu pedaço e sorvia da água salobra  cabisbaixo.
A cidade estava muito agitada e se ouviam muitas vozes e gritarias vindos do centro.
Após aliviar um pouco a fome, me sentei e passei  a observar dois homens de Khan que se aproximavam do nosso grupo rapidamente.
Uma crescente apreensão nos dominou...
Os guardas conversavam muito e gesticulavam de forma nervosa... nos entreolhávamos e várias suposições nos ocuparam a mente.
Finalmente os dois mongóis se aproximaram e ficaram a nos observar com detalhes, ouve uma extenso diálogo entre eles e parecia que discutiam...
Seu idioma era estranho para nós, sendo impossível qualquer compreensão do que se passava.
O diálogo teve fim de forma truculenta, um grupo pequeno de prisioneiros fora selecionado e retirado dos demais com  violência, eu e Dylan  estávamos entre os escolhidos...
O pânico tomou conta de todos nós, éramos arrastados feitos porcos pelas estradas arenosas  rumo à cidade que fervilhava de gente.
Podia observar os detalhes daquele ambiente degradante, as pessoas se vestiam com uma espécie de túnica que lhes cobriam o corpo todo, existiam também grandes tendas onde eram vendido todo o tipo de mercadorias, desde alimentos estranhos e de cheiro horrível até animais, mais à frente grotescos homens se reuniam em torno de uma mesa e jogavam um jogo de cartas com enorme gritaria e risadas altas, que exibiam seus dentes amarelados e apodrecidos como os de uma velha caveira.

Vampiros: Sangue & SexoOnde histórias criam vida. Descubra agora