A gruta

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Encontrei uma espécie de trilha que levava a uma grande elevação de terra coberta pela vegetação. Não tinha a menor idéia de onde aquele percurso iria, mas estava decidido a seguir em frente sem pensar muito nas possíveis consequências.
A fome era latente e o cansaço me roubava as últimas cargas de energia.
De repente, pude observar o que parecia ser uma gruta que surgia diante de mim, o medo e a apreensão me fizeram parar por alguns instantes, mas ao mesmo tempo, fui impelido por um irresistível desejo de explorar aquele lugar...  necessitava descansar, dormir um pouco e me alimentar o mais rápido possível.
Os minutos estavam contra mim e não poderia perder tempo com suposições infundadas, tinha que me fixar ali nem que fosse por algumas horas.
Foi o que decidi !
Aquela caverna era realmente assustadora,  sua fachada estava  tomada pela densa vegetação e cobria sua parte externa praticamente toda, iniciei minha caminhada rumo ao interior.. o chão era de terra ressecada e com um forte cheiro de morte, que impestiava o ambiente dando-lhe um aspecto sepucral.
Cobri meu rosto não suportando o odor terrível, procurando a sua origem me deparei com um animal caído em um canto, deveria ter sucumbido há dias.
Sua carcaça apodrecida e com as vísceras à mostra, estava crivada de vermes que se movimentavam freneticamente em meio a um líquido escuro que escorria do corpo sem vida.
Rapidamente peguei-o pelas patas úmidas e o coloquei do lado de fora..
A noite começava a se aproximar e um leve desespero me possuiu, observava a escuridão avançar rapidamente e  com os olhos arregalados sentia muito medo, era apenas um garoto de oito anos embrenhado no meio de uma floresta desconhecida e ameaçadora, mas não havia outra alternativa senão pernoitar ali mesmo contra minha vontade.
Arranjei um modo de limpar na medida do possível meu novo lar, quebrei alguns galhos de um arbusto e improvisei uma vassoura amarrando os  galhos em um pedaço de madeira que consegui, amarrei as folhagens com fino cipó e iniciei uma faxina..
Terminada a parte da limpeza, providenciei uma cama ou algo parecido, o que me veio a mente foram algumas folhas de palmeiras, consegui afiar toscamente alguns pedaços de pedras que me valeram no corte das  folhas e ramagens, fiquei surpreendido pela sua razoável eficiência tanto que conservei minha "faca" sempre comigo.
Arrastando com dificuldade todo o emaranhado de folhas para o interior da gruta, escolhi um lugar mais próximo do fundo e esparramei cuidadosamente as folhas cortadas de modo que tornaram minha cama bem macia e confortável.
Foram camadas e mais camadas sobrepostas, que me dariam uma noite de sono restauradora.
A noite se aproximava implacável, percebia os pássaros em sua trajetória desesperada em busca de abrigo e os sapos e rãs a iniciarem seu diálogo noturno.
A fome era monstruosa e me exauria as últimas forças .. tinha que me alimentar. . Mas onde encontrar comida?
Não poderia caçar naquele momento pela falta de luminosidade suficiente e a única alternativa para mim seria o cadáver daquele repugnante animal apodrecido, se não o fizesse, certamente não suportaria a longa noite que me aguardava e precisava reunir forças para a longa jornada do dia seguinte.
Não havia escolha, sai da caverna com minhas pernas trêmulas e passos vacilantes em direção a desprezível carcaça fétida.
Levava comigo minha faça de pedra improvisada, olhava aquele defunto com as carnes moles, cheias de vermes e rodeado de moscas. Meu estômago revirava em minhas entranhas, mas precisava comer. . Tinha que me alimentar!
Decididamente me agachei e não tive dificuldades em cortar um naco da carne  nojenta e pútrida, fechei meus olhos e pus um pedaço em minha boca, mastigava a massa amarga e gelatinosa que desmanchava sobre minha língua... Meu estômago revirava em desespero, no entanto, continuava mastigando desesperadamente o infeliz banquete enquanto as lágrimas banhavam meu rosto

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