O ritual

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Dylan se aproximava cada vez mais do leito onde me encontrava e com um gesto inesperado arregaçou a manga da sua camisa preta de cetim puxando-a bruscamente para cima.
Sentia meu corpo desfalecer rapidamente,  uma sensação de fome por algo indefinido me dilacerada as estranhas...    O rosto de meu irmão começou a apresentar uma horripilante mutação diante dos meus olhos petrificados de horror...                        Se revelara na própria face do demônio, seus olhos adquiriram uma tonalidade embraseada e da boca retorcida surgiram dois dentes enormes e pontiagudos.
Não poderia acreditar no que presenciava, queria  fugir daquele lugar amaldiçoado mas não tinha forças..
Dylan aproximou seu pulso da boca,  provocando em si um grave ferimento, os sangue começou a espirrar em jatos de  forma abundante, molhando os lençóis da cama.
Oferecendo o membro ensanguentado em minha direção, disse:
- Beba! Beba logo!               Fui surpreendido pelo seu punho em minha boca, passei então a sorver cada gota do sangue viscoso que aos poucos ia me inundando de sensações indescritíveis e me devolvendo um novo vigor.
A cada gole que escorria pela minha garganta ressecada, queria mais... me embriagava naquele líquido maravilhoso como se o mundo somente se traduzisse por aqueles momentos, esqueci minha convalescença e todas os episódios amargos de minha vida até então.
Agarrava com minhas mãos trêmulas o braço forte do meu irmão,  como se aquele gesto  representasse uma tábua de salvação em meio a um oceano revolto, o líquido me proporcionava delícias e texturas infinitamente  superiores ao êxtase sexual, me tornei refém daquele turbilhão de prazeres e sensações divinas.
- Já chega, Gusthafson!  Recebeu o suficiente para que não pereça, agora durma!  Amanhã se sentirá melhor!  Te garanto! 
Limpando o pulso com um lenço, prosseguiu :
- Temos muito o que conversar, você de hoje em diante terá uma nova vida! Uma vida digamos ... mais excitante! 
Uma gargalhada macabra ecoou pelo quarto, enquanto seus passos retumbavam rumo a porta.
Sem comprender o significado daquele estranho ritual, sentia meu corpo mergulhar em um tsunami de novas sensações que iam ganhando intensidade gradativamente.
Dylan colocou um pesado casaco couro,  fechando a porta atrás de si e me deixavando a sós com minhas dúvidas e inquietações.
Meu corpo começou então a explodir em convulsões terríveis que se prolongaram pela noite, minha mente era bombardeada com inúmeras imagens de distintos momentos da minha vida, tudo se sucedia em uma velocidade absurda e confusa, a cenas eram recriadas em branco e preto e logo migrando para um jogo de cores difusas e impressionantes, comecei então a vomitar um líquido grosso e esverdeado que encheu o quarto com um odor pútrido com uma velha  catacumba. Meu desespero era enorme e tinha a absoluta convicção que dessa vez meu fim havia chegado de fato.

Vampiros: Sangue & SexoOnde histórias criam vida. Descubra agora