Dylan

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Me mantinha com os olhos fechados, no entanto, percebia sons aos meu redor... meus outros sentidos se encontravam incrivelmente aguçados, sentia toda a textura e maciez da cama onde me encontrava, o perfume doce dos lençóis   invadiam meu olfato com uma dimensão e riqueza se detalhes  jamais experimentada antes, me deliciava com o delicado toque da brisa fresca em minha pele,  provavelmente vinda  de uma janela aberta.
Um estranho diálogo acelerou o meu monótono despertar..
- Signore, hai bisogno di qualco' altro?
- Non, Batisti, posso riposare!
-Scusami, buonanotte!
Em seguida, um barulho de passadas rápidas e uma porta sendo fechada delicadamente explodiu em minha mente com uma nitidez assombrosa.
Uma grande agitação começou a se formar dentro de mim, mas me sentia terrivelmente  fraco...
As últimas lembranças que me vinham à mente eram a aspereza e a terrível pressão que a corda exercia em meu pescoço...
Nada justificava eu estar comodamente instalado em um leito, nunca ouviram falar de pessoas que conseguiram sobreviver a um enforcamento...
Quem estaria interessado em minha recuperação? 
Em face de tantas dúvidas e apreensões decidi abrir meus olhos e encarar a realidade dos fatos sejam eles quais forem.
Fui me acostumando com a claridade do local,  que se revelou espaçoso e bem decorado, o  mobiliário era luxuoso e havia vários castiçais de prata espalhados em pequenas mesas.
- Ah! Que bom que esteja voltando a si! 
Uma voz grave me surpreendeu...
Um homem se encontrava sentado em uma cadeira de encosto alto e pela parca iluminação não conseguia distinguir suas feições.
Me sentia muito debilitado e faminto, mal conseguia manter os olhos abertos, no entanto, a visão daquele estranho me fazia ter insólitas reações de familiaridade.
Percebi que já era bem tarde da noite pela quietude que nos envolvia, os raios do luar penetravam pela janela e criava uma cascata prateada que incidia sobre o espesso tapete que forrada o piso.
Minha atenção se voltara para o misterioso anfitrião que se mantinha oculto pelas sombras.
- O. . onde estou?  Quem é você?
Uma gargalhada assustadora ecoou pelo macabro recinto.
O estranho se levantara do seu assento e  encaminhava lentamente em minha  direção.
Sua silhueta desenhada pela luzes das luminárias revelava um homem de uma forte compleição física e estatura, cujas vestimentas eram negras e de extrema elegância.
Seus passos serenos  ecoavam denunciando sua aproximação:
- Você estava mesmo decidido a se matar, não?
Finalmente pude ver seu rosto assustadoramente alvo refletido na luz do luar, e estranhas  conjecturas borbulhavam em minha mente débil, algo que denunciava uma proximidade que não sabia explicar sua origem.
- Sua vida deveria estar realmente uma lástima para engendrar tamanho disparate!  Foi a perda da sua amada que o fez desistir da vida?
Fiquei atônito! Como saberia sobre mim ?
Me esforçando para manter meus olhos abertos, lhe supliquei:
- Quem. .... quem é você? 
O estranho desviara os olhos de mim e os mergulhava na imensidão da noite emoldurada pela janela aberta:
- Ah, meu caro Gusthafson....  como esse mundo é cheio de surpresas! 
Um sorriso diabólico surgiu em seus lábios rubros, em seu olhar frio pude notar uma essência morta...
Minha aflição aumentara em proporções absurdas:
- Quem é você? Diga! Estou morrendo? Não me deixe nessa dúvida cruel! P... por que... me salvou? Quem é você!
O suor brotava em meus poros, encarava o estranho desesperado ansiando sua resposta.
- Será que mudei tanto nesses últimos anos ? Não se lembra mesmo de mim? - ele voltara seu olhar gelado grudando nos meus, enquanto deslizava seus dedos pálidos em meu rosto febril.
- Aqueles malditos mongóis! - murmurou.
- Mongóis?  - me sentia em um pesadelo...
- Sou Dylan! Dylan seu irmão, Gusthafson! 

Vampiros: Sangue & SexoOnde histórias criam vida. Descubra agora