Depois do banho, fui pra cozinha e fiquei lembrando da cena e do que a vó Célia tinha falado. Fiz um café fresquinho e logo a Tia Janaína apareceu com uma saca de pães, mortadela, queijo e presunto.
Tia Janaína: Ué, já ia fazer isso. - ela riu e deixou as coisas em cima da mesa. - Fui rapidinho na padaria do seu Zé, ele me contou que o tiroteio foi porque a polícia chegou no baile.
Malu: Quis te ajudar, tia. - eu ri e me sentei na mesa, com um copo cheio de café.
Tia Janaína e eu ficamos conversando na cozinha, falando sobre o Wesley, sobre mim, sobre a Talia e sobre como ela queria que a Talia também fosse pro interior.
Tia Janaína: O Wesley não tem mais jeito. Ele se envolveu mesmo, e agora que vai ter outro filho, eu fico mais preocupada ainda. Ele é como um filho pra mim, né. Você sabe.
Malu: Sei sim, tia. Imagino o quanto deve ser difícil. - tentei mostrar indiferença quanto ao assunto. E vó Célia ainda me ajudou, chegando na cozinha.
O dia já estava amanhecendo, e eu nem tinha percebido. Como combinei de montar a festa com a Talia, aproveitei o embalo e comecei a arrumar as coisas com a ajuda da tia Janaína, enquanto a vó Célia fazia os acompanhamentos do churrasco, umas 7h chegaram mais umas primas delas, que me ajudaram também com as coisas. Como a maioria das coisas eram simples, deixei pra fazer só o arranjo de bolas quando voltasse da missa. E mesmo sem eles, ficou tudo tão lindo.
Fizemos na parte de dentro da sala, porque lá fora ia ter o churrasco, um monte de gente, o vento, então... Não podia correr o risco de estragar meu lindo trabalho.
Fui até meu quarto separar a roupa, a missa começava 9h30. E como eram 7h40, eu fui acordar o Wesley. Cheguei no quarto e ele estava na mesma posição que o deixamos. Sacudi e ele levou um susto.
WL: Qual foi? - ele disse tentando se levantar e fez uma cara feia, provavelmente de dor.
Malu: Vim dar o seu remédio pra dor e avisar que você tem que se arrumar pro batizado do seu afilhado. - eu disse, sem emoção, em pé a lado da cama dele.
WL: Caralho, a Talia vai ficar muito puta. - ele disse, tomando o remédio com a água.
Malu: Vai mesmo. - eu disse virando as costas.
WL: Malu? - ele disse e eu virei. - Valeu aí.
Malu: Por nada, não demora. E não chega atrasado. - saí do quarto.
(...)
9h30 eu estava prontinha, linda na porta da igreja com meu afilhado mais lindo ainda no colo.
A missa foi tranquila, Wesley chegou mancando com a ajuda do Douglas, mas chegou e cumpriu a missão dele. Meu coração até palpitou quando eu o vi naquela roupa social, todo bonitinho com o Murilo no colo.
Na saída, tiramos algumas fotos. E na hora de tirar com os padrinhos, foi aquilo. Fiquei meio sem jeito, quando escutei a vó Célia dizer: "queria que esse fosse o próximo casal da família". Fingi demência, tirei a foto e saí, pegando o Murilo no colo e indo um pouco pra longe, passeando com ele.
Olhei de canto e vi que o Wesley foi pra perto de uma mulher grávida, que dava a mão pro Júnior. Talia me chamou pra irmos e eu estava indo pro carro.
Junior: Solta, mãe. Tia! - ouvi quando estava entrando no carro, e olhei. Ele tentava se soltar da mão da mãe, que o segurava com força. Eu sorri pra ele e mandei um beijinho. - Solta mão, mãe. Tia.
Ela não o soltava por nada e me fuzilava com os olhos. Entrei no carro com o coração em pedaços, porque ele não entendia, né? A Talia percebeu. E vi quando o Wesley pegou o Junior no colo, que parecia chorar.
Talia: Que situação merda, amiga. - ela disse sentada no carona.
Malu: Nem me fala. Mas não posso fazer nada. - eu falei e fiquei olhando pro Murilo, que parecia estar atento a tudo, com aqueles olhões me encarando. Brinquei com ele e ele sorriu.

VOCÊ ESTÁ LENDO
VAMOS FUGIR!
Non-Fiction{2016} FINALIZADA! O que é seu, sempre vai ser seu, não importa quantas voltas o mude dê. Se é teu por direito, volta pro lugar. Depois de perder sua mãe, Maria Luiza precisa morar com o seu pai em um lugar novo, no meio disso tudo, conhece o amor d...