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MARIA LUIZA

Já chegamos em casa e o clima continua estranho. Minha sogra percebeu e isso é evidente, mas não sou eu quem vai explicar. Não bati neurose com ninguém.

Depois de dormir na minha cama, maravilhosamente bem. Tomei um banho, dei banho na Marina, amamentei, comi e saímos pra passear.

Ficar em casa ia me deixar mais estressada, então, fui pra loja me distrair. As meninas adoram a Marina, e essa minha filha é muito dada, vai com todo mundo. Um perigo! Parece até alguém que eu conheço, risos.

Estava arrumando uns papéis por lá, com a Leandra, minha gerente e meu telefone tocou.

-homem da minha vida 💍-
Por que você não tá em casa?
Quero falar com você.

Malu✨: Porque eu estou na loja. Conversamos quando eu chegar em casa.

Vem que horas?

Malu✨: Não tenho previsão.

Marina tá bem?

Malu✨: Ótima.

-fim da conversa-

Eu amo o Felipe, tenho certeza disso. Mas ele tem umas crises surreais, porém, eu escolhi isso pra mim, eu sabia que ele era assim. Só que, se toda vez que brigarmos, ele quiser terminar e dar entrada no divórcio, vai ficar difícil.

Passei o dia na loja com a Marina, e depois ainda fui na Edna. Umas 20h30, cheguei em casa. Felipe estava com uma tromba enorme na sala, dei um boa noite, um beijinho na minha sogra e subi pra dar outro banho na Marina e arrumar ela pra dormir.

(...)

Felipe: Posso ficar com a Marina um pouco?

Malu: Mas é claro. - aproveitei que ela estava acordada e a entreguei pra ele por pra arrotar.

Aproveitei esse momento pra tomar meu banho, botei qualquer pijama, desci pra comer alguma coisa e voltei pro quarto.

Felipe: Vai ficar me evitando?

Malu: Não estou te evitando. - eu disse, me arrumando na cama.

Felipe: Claro que está, Maria Luiza. Desde anteontem.

Malu: Ah, então eu tô. - liguei a tv e fiquei assistindo.

Felipe: Voce tá triste comigo, né?

Malu: O que você acha? Você me acusa de algo que eu não fiz, faz a infantilidade que fez e eu vou ficar satisfeita?

Felipe: Desculpa, po. É que eu morro de ciúmes de você.

Malu: Você sempre me pede desculpas e sempre faz a mesma coisa. Até quando vou ficar te desculpando? Se toda vez que a gente brigar, você quiser dar entrada em divórcio, vai ficar difícil. Era melhor nem ter casado.

Felipe: É sério que você pensa isso? - ele falou mais alto.

Malu: Não grita na cabeça da Marina. Você ouviu tudo que eu disse? Ou só a última frase?

Felipe: Ouvi tudo.

Malu: Então...

Felipe: Vou tentar melhorar.

Malu: Tenta se for da sua vontade, não porque você se sente pressionado, senão, nem adianta. Vai fazer Marina dormir?

Felipe: Vou. - assim que ele disse, me ajeitei na cama e acabei dormindo.

(...)

É difícil conviver com alguém, né gente? Aceitar as diferenças, saber que cada um de nós teve uma criação totalmente diferente. E a partir do momento em que você diz sim à uma união estável, você aceita também todos os ônus de viver a dois. E nisso, está incluindo dormir de bunda pro marido, não tomar aquele café em família e se tomar, ficar aquele silêncio escroto.

Hoje a Marina passou a noite tranquila, dormiu direitinho e acordamos juntas umas 8h da manhã. O Felipe já tinha ido trabalhar, então fiz minhas higienes e as dela, descemos, tomei meu café e voltei pro quarto.

Troquei uma roupa nela e em mim, passei na minha sogra que estava molhando as plantas e me despedi.

Margarida: Vai na loja, filha?

Malu: Vou sim, sogra. A coleção nova chega hoje, preciso conferir.

Margarida: Ah, tem certeza? To sentindo uma coisa estranha aqui. Não dá pra ir amanhã?

Malu: Amanhã as coisas precisam estar prontas já. Faz uma oração, não vai acontecer nada não. - eu disse dando dois beijos em sua bochecha, e logo depois ela deu um beijo na Marina. Fez um sinal da cruz nela e saímos.

Arrumei a Marina direitinho na cadeirinha, e saí do condomínio. Incrível como ela fica quietinha lá, adora uma rua.

A rua do condomínio é um pouco deserta e meio longe do centro, então ter outro carro na pista é bem raro. Vi pelo retrovisor que tinha um carro bem encostado no meu, quase colado. Dei seta e diminuí pra ele ultrapassar, assim o fez.

Achei que o carro fosse sumir na estrada, pela pressa que ele estava. Dirigi por mais alguns metros, faltava só mais uma curva até chegar na rua mais movimentada e p carro me fechou, ficando atravessado na rua.

Naquele momento, eu só conseguia pensar na Marina e num modo de sair dali. Não fazia ideia de quem era e nem o que queria. Olhei pra um espaço entre uma calçada e rua, e enquanto a pessoa abria a porta, dei ré e me virei como pude, passando naquele espaço. Acelerei e sumi na estrada.

Logo cheguei na loja, e dei sorte de ter uma vaga bem em frente. Fiz sinal pra uma das meninas me ajudar, eu estava tremendo, não conseguia falar, a voz não saía de jeito nenhum. Peguei a Marina em meus braços e entrei meu rápido na loja. Leandra me seguiu e me deu um copo d'água enquanto a outra menina fechava o carro e trazia as coisas. Tentei agradecê-la, mas a voz não saia. Porém, ela me entendeu. Mais calma, tentei explicar o que houve e a Leandra também ficou apavorada.

(...)

Leandra: Malu? - disse ela voltando lá da frente.

Malu: Oi. - eu estava terminando de amamentar a Marina.

Leandra: Tem um moço lá na frente querendo falar com você. Disse que é urgente.

Malu: Já vou. - disse eu, sem entender nada. - Põe a Marina pra arrotar, por favor?

Leandra: Boto sim!

Fui meio receosa, deixei a Marina com ela pra não correr o risco. Quando fui até o balcão, vi o Renato, em pé olhando a vitrine.

VAMOS FUGIR!Onde histórias criam vida. Descubra agora