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MARIA LUIZA


Saí de casa, fui à clínica, pedi uns exames e passei na loja, resolvi as coisas, e continuava enjoada. Consegui comer uma banana e tomar um café, nada mais. Uma cliente entrou com um perfume forte na loja e eu corri pro banheiro. Ê merda, lá se foi a minha única comida.

Antes de ir encontrar o Felipe, passei na clínica, busquei meus resultados e nem abri. Eu tava morrendo de fome, mas com medo de comer qualquer coisa. Estacionei o carro na frente da lanchonete, e fui direto à mesa deles, dei um beijo na cabeça da Marina e cumprimentei o Felipe com dois beijos.

Felipe: Acabamos de pedir o nosso, vou pedir o seu pra vir junto. Quer o quê?

Malu: Quero um suco de laranja duplo, com gelo. E um natural de peito de peru, no pão sírio.

Marina: Pedi um x tudo, mãe. - ela riu.

Malu: Eita, filha. Vai aguentar?

Marina: Claro.

Felipe: Não sei com quem ela aprendeu a comer assim. - voltou pra mesa.

Malu: Com você, né? - ri descontraindo.

Felipe: Ou com você. Difícil saber.

Ficamos conversando em paz, graças a Deus. E eu consegui comer sem nenhum acidente de percurso. Marina estava muito feliz, e eu sabia o quanto aquilo fazia bem à ela. Terminamos de comer, e ela quis um sorvete, eu não queria deixar, porque já tinha comido um x-tudo inteiro, daqui a pouco explode ai. Mas, deixei o Felipe fazer esse agrado à ela.

Felipe: Vou ficar aqui tá sexta, posso buscar a Marina amanhã pra passear? – disse enquanto saíamos da lanchonete.

Malu: Pode sim, você é pai dela, né Felipe? Eu hein.

Felipe: Não sei, né. – ele abriu a porta do meu carro pra ela entrar, botou umas bolsas que estavam com ele e fechou. – Como ela não vai passar o natal comigo, vou levar pra comprar umas coisinhas amanhã, trouxe algumas, mas quero deixar escolher.

Malu: Felipe, não compra tudo não, hein. Por favor.

Felipe: Fica tranquila, vou comprar só o que o dinheiro der. – ele riu.

Malu: Difícil você. Agora vou embora, já tá tarde e eu não gosto de deixar a Fátima até tarde lá. – sorri e cheguei perto dele pra me despedir.

Felipe: Maria... – segurou no meu rosto com as duas mãos. – Eu te amo, mesmo que você não acredite, mesmo que você não queira mais viver ao meu lado. Respeito você, a nossa história e a nossa filha, sei que nada vai voltar a ser como era, porque você ama o cara que está contigo, mas fica ciente que eu sou capaz de tudo pra te ver feliz. – me deu um beijo demorado na testa.

Malu: E-e-eu também respeito muito a nossa história e tenho um carinho enorme por você. – abracei-o de volta e logo me soltei. Entrei no carro e ele ficou em pé na calçada nos olhando sair, Marina dava tchau de dentro do carro.

Quando Marina e eu saíamos no carro, ela adorava escutar meu pagodes, quando eu botava Ferrugem, então. Ela só dizia: "Aumenta, mamãe!", eu amo esses nossos momentos. Nunca pensei que podia amar assim, achava impossível. Ela me contava como tinha sido o dia na escola e saída com o pai dela, ainda falou pra mim que tinha amado tudo porque a "bruxa" não tinha ido. Ela é muito a minha cópia.

Passei pela rua do bar novo, todo mundo fala que lá está bombando, principalmente às quartas, porque tem jogo e é a noite dos petiscos. Assim que entrei na rua, vi que não era mentira, tinham muitos carros e eu precisei ir até devagar.

Marina: Mãe, olha meu pai Wesley ali. Para! – ela disse batendo na janela. Virei o rosto pra ver e era ele mesmo. Estava entrando no bar, todo arrumadinho, parecendo até gente.

Malu: Ih filha, não é ele não. – eu disse tentando disfarçar.

Marina: É sim, mãe! É sim. – ela falava mais alto. – Quero ir lá nele.

Malu: Filha, senta direito. – ela sentou e ficou com a cara emburrada até chegarmos em casa.

VAMOS FUGIR!Onde histórias criam vida. Descubra agora