7

7.8K 446 2
                                    

Quando a Eliza cansou de bater, voltou se arrumando pro nosso lado, como se nada tivesse acontecido, ela deve ter visto que meus olhos estavam arregalados.

Eliza: Aqui, não tem jeito, Malu. Lei da selva, se amante fizer graça, só resolve assim. Vai aprendendo!

Voltamos e continuamos a beber, Queiroz e ela saíram e começaram uma DR. Coisa de doido. Continuei a beber, e o show do Vitinho começou e esse eu sabia cantar. Fiquei distraída olhando o show, e senti uma mão na minha cintura, em seguida um beijo no pescoço. Virei rápido e era o Wesley, ele nem me deu chance de respirar e já me roubou um beijão. Passei o show agarradinho.

Quando acabou, a Talia apareceu me chamando pra ir no banheiro, sai andando com ela e a fila tava enorme, demos a volta e ela foi no beco mesmo. Aproveitei e fui também. Quando estávamos voltando, duas meninas pararam a gente.

Xx: Aqui, sai do WL porque ele tem mulher, e ela tá grávida em casa, doente e ele aqui. Se adianta pra não dar merda pra você. Abraça o papo.

Elas saíram logo e Talia que já tava mais do que bêbada me olhou com aquela cara de "o que ela falou?". Eu segurei o nervosismo e a vontade de chorar e voltei. WL tava um pouco mais afastado com os caras, eu nem fui atrás. Comecei a beber com raiva, sabia que ia dar merda, mas continuei.

O Dj Rennan começou e eu dei a vida, não demorou muito, ele segurou o meu braço.

WL: Tá fazendo o que, garota?
Malu: Dançando, ué.
WL: Tu não é assim, o que que te deu?
Malu: Tô dançando, me solta. – eu já tava falando meio arrastado.
WL: Tá bêbada pra caralho, geral te olhando.
Malu: Vai tomar conta da tua mulher que tá em casa, me solta. – falei balançando o braço pra ele me soltar. E deixei uma lágrima cair. Ele tentou me abraçar e eu o empurrei.
Malu: NÃO ME ENCOSTA.

Saí, peguei a Talia pelo braço, chamei a Joana e fomos embora. O caminho todo a Jo me perguntava o que tava acontecendo e eu só chorava, a Talia não conseguia andar direito, estávamos carregando ela, literalmente.

Cheguei na dona Célia e só queria ir embora pra casa. Joana não deixou, demos um banho na Talia, a fizemos a vomitar, Joana tomou o dela, perguntou se eu queria conversar, disse que não e fui tomar o meu. Isso cortou minha onda toda, passei a noite em claro, qualquer barulho, eu achava que era ele.

A hora não passava por nada, levantei e fui até a cozinha, peguei um copão de água gelada e tomei. Voltei pro quarto e consegui dormir.

(...)

Acordei no susto, porque Talia pisou em mim, quando correu pro banheiro. Peguei meu celular e tinham algumas mensagens do Wesley, li todas, fiz questão, mas não as respondi. Joana acordou também, Talia voltou e eu expliquei o que tinha acontecido pra elas.

Hoje tem churrasco lá no Queiroz, mas eu não vou. Não vejo problemas das meninas irem, elas não tem nada a ver com isso.

Arrumei minhas coisas, me arrumei, e me despedi da dona Célia.

D Célia: Já vai, minha filha?
Malu: Vou sim. Obrigada por tudo, tá?
D Célia: Volte sempre que quiser, adorei te conhecer. E vê se põe um pouco de juízo na cabeça do Wesley.

Respirei fundo e sorri amarelo, dei um beijo nela e desci. Peguei um mototáxi, e pedi um uber, não demorou muito, e eu já estava em casa.

(...)

O tempo tem passado e cada vez eu penso menos no Wesley, as vezes ele me manda umas mensagens e eu só o ignoro, isso já não dói mais. Eu tava curtindo ficar com ele, sabe? Era uma coisa forte, mas odeio mentira. Vai ser muito difícil eu pensar em perdoá-lo.

A Talia, coitada, vive me pedindo pra pensar de novo e de novo, sobre a minha história com ele, mas, eu não consigo.

Acho que ter vivido tudo que eu vivi em relação ao meu pai, me deixa assim. Sou muito rancorosa, é muito difícil eu perdoar as pessoas e depois viver feliz com elas.

Essa é minha última semana de férias, estou pensando em dar uma volta com as meninas, mas ainda não sei. Depois daquele baile, eu só sai uma vez e foi pra ver o Renato.

O tempo que tenho passado em casa, tem sido dedicado aos estudos e a minha madrasta, fico a maioria do tempo com ela, conversamos sobre tudo e ela consegue fazer com que eu me sinta amada. Meu pai quase não para aqui, graças a Deus, pra mim. Mas a Edna sente muito isso, ele quase não a acompanha nas coisas.

Hoje, vou acompanhá-la ao médico, saber como estão meus irmãos. Sempre odiei ser filha única, pelo menos isso o meu pai tem que me dar, né?!

(...)

Dirigir no Rio de Janeiro é horrível, a Edna ri muito de mim, porque eu xingo muito quando estou ao volante, não tenho paciência alguma. Como ela está impossibilitada, porque a barriga tá imensa, eu dirijo pra ela.

Chegamos na clínica e logo ela foi atendida, acompanhei até a sala, vi meus nenens na ultra e fiquei super emocionada. É uma pena que o idiota do meu pai não acompanhe isso tudo.

Voltamos pra casa tranquilas, passamos no mercado pra comprar algumas coisas que faltavam lá em casa. Estávamos quase chegando no prédio, e vimos o carro do meu estacionado, Edna me olhou e pediu pra eu parar. Algo me dizia que não era pra fazer, mas eu fiz.

Parei, e ela logo saltou do carro. Eu fui logo atrás, e ela entrou em um restaurante. Lá estava o embuste do meu pai, sentado com uma mulher e mais um casal. Tentei segurar minha madrasta, afinal, ela não pode se estressar, está com 7 meses, quase 8.

Edna gritou muito com meu pai, fez um escândalo merecido. Segurou-se em meu braço e pediu pra irmos embora. Eu olhei bem dentro dos olhos dele, balancei a cabeça negativamente e soltei um:

Malu: Você é um merda, Pedro Henrique!

Saímos de lá e fomos direto pra casa, ela não conseguia parar de chorar e eu já não sabia mais o que fazer para acalma-lá. Ela não quis ir pro quarto deles, então, falei pra ficar no meu. Consegui a acalmar um pouco e ela cochilou. Aproveitei o tempinho pra guardar as coisas do mercado.

Estava arrumando as coisas na despensa e meu pai chegou.

Pedro: Cadê a Edna? - ele falou e pra mim foi água, nem era comigo. Continuei a arrumar as coisas. Ele segurou no meu braço e gritou. Continuei sem respondê-lo e ele segurou mais firme em meu braço.

Malu: Aperta mais, já estou doida pra denunciá-lo mesmo. Isso só vai me ajudar. - ele me soltou e saiu. Não vi pra onde foi e nem quero saber.

Fiz uma comidinha rápida pra mim e pra Edna, subi, e deixei as coisas lá. Tomei um banho rápido e quando voltei ela já estava acordada, comendo.

Nessa hora, eu chorei muito. Chorei porque lembrei de quando eu cuidava da minha mãe, e chorei por saber que a Edna estava passando pelas mesmas coisas que ela passou com meu pai, ou até piores. Ela me agradeceu muito, disse que não saberia o que fazer se eu não estivesse ali.

Ficamos conversando ali no quarto e ela decidiu que dormiria por lá hoje. Arrumei uma cama no chão pra mim, e conversamos sobre tudo até tarde. Contei do Wesley e do Renato. E ela me contou que meu pai já a traiu com aquela mulher do restaurante, mas jurou pra ela que não fazia mais, etc e tal. E ela acreditou...

Ouvimos alguns barulhos de madrugada pela casa, parecia meu pai. Eu até pensei em levantar, pra ver o que tava acontecendo, mas deixei pra la.

(...)

Os dias que passaram foram tensos, meu pai jurou que era só uma reunião da clínica, mas eu nunca vi reunião de clínica o médico e patrão ficar alisando ombro e cabelo da secretária. Ele me pediu desculpas, e eu aceitei. Mas aceitei pra não render assunto, ele sabe que eu não o perdoo.

Hoje é sábado, meu último final de semana de férias e acho que vou sair com o Renato.

(...)

VAMOS FUGIR!Onde histórias criam vida. Descubra agora