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Parece que quanto mais eu dirigia, mais longe ficava. Meu corpo suava frio, minhas mãos estavam encharcadas no volante, e nada de chegar. Depois de muito custo e passando um mal do caralho, eu cheguei. Estacionei na frente do carro dele e fui entrando na casa da Vó Célia. Ouvi um chororô danado, uma gritaria, fiquei tonta, tentei segurar na porta e caí no chão.

Acordei com um monte de gente me abanando, não conseguia ver nada, enxerguei a vó Célia um pouco turva, e a tia Janaína segurava um copo de água pra mim. Respirei fundo, tomei a água e aos poucos fui melhorando.

Tia Janaína: Você comeu alguma coisa? – fiz que não com a cabeça e ela pediu alguém pra pegar ao pra eu comer.

Malu: Tia, o que houve? – lembrei que caí e botei logo a mão na barriga.

xx: Armaram pro Queiroz e o Wesley estava junto. – não conseguia assimilar, fiquei quieta olhando para um ponto fixo e as lágrimas começaram a rolar.

Malu: Aonde ele tá? Ele tá aonde? – eu tentei levantar, mas as minhas pernas não me obedeciam.

Tia Janaína: Ainda não sabemos, mas parece que vai ser transferido pra Bangu. – alguém chegou com um prato de comida pra mim. – Come um pouco. - peguei o prato, mas eu tremia tanto que ela pegou de volta.

Malu: Eu quero vê-lo, eu preciso falar com ele. – botei a mão na barriga de novo.

Tia Janaína: Vamos arrumar tudo, resolver tudo.

Malu: Tia, ele precisa saber que eu o amo, que eu nunca quis que ele viesse embora, que o nosso filho tá aqui dentro, se ele foi preso, a culpa foi minha, ele só veio embora porque eu gritei, porque brigamos, eu sou culpada de tudo. Eu preciso tirá-lo de lá. – falava desesperada, em meio a lágrimas e soluços.

(...)

Depois de comer e passar muito mal, entreguei a chave do carro para um tio do Wesley e ele me levou na delegacia onde eles estavam para serem transferidos, o carro nem parou e eu já saí correndo, indo abraçar a Eliza.

Eliza: Amiga, tá com os documentos dele ai?

Malu: Tô sim. Trouxe tudo. – eu não conseguia parar de chorar e nem de tremer.

Eliza: Eu consegui entrar mais cedo, pra levar comida pra eles. – ela respirou fundo, porque também não conseguia falar. – E ele só pedia pra eu te pedir desculpas, pedir desculpas pro Junior e pra Marina. Dizia que vocês não mereciam passar por isso e que ele era o culpado disso tudo.

Malu: Eu preciso vê-lo. – eu saí andando em direção a porta da delegacia.

Tia Janaína: Eliza, essa menina não pode entrar aí, ela tá grávida de poucos meses, não pode com emoções fortes. – ela veio logo atrás de mim.

Como eu não podia entrar, sentei na escada enquanto as pessoas me davam água e tentavam me acalmar, eu tinha pego os documentos dele que estavam no carro, o celular e tinha botado algumas roupas no meu, porque na hora do desespero, pensei que ia conseguir resolver algo de cara.

Eu chorava muito, meu desespero era nítido, eu não conseguia parar, de forma alguma. Até que um policial se aproximou da Eliza, falou alguma coisa com ela e ela fez um sinal pra mim. Levantei mais que rápido e fui pra perto dela.

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