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WESLEY

Como pode uma mulher ficar mais linda ainda assim? A Malu se supera a cada dia que passa, na moral.

To aqui, boladão sem beber, porque to tomando essa porra de remédio. Nem era pra ter ido pra esse baile ontem, to fodido e essa doida ainda tá me enchendo o saco. Pra qualquer lugar que eu olhe, to olhando pra Malu, procurando por ela. Sai do meu colo.

(...)

WL: Ela é madrinha do Murilo, cara.

Jamily: Mas não é só por isso que ela tá aqui. Você dormiu com ela ontem.

WL: Na moral, tu quer morar na mente, vai se foder. Não dormi. A gente só se fala por educação, mano. E outra, quer acreditar, acredita não quer, foda-se.

Jamily: Você não faz questão de se explicar, porque sabe que tá errado.

WL: Jamily, tu quer ir pra casa? Por isso que ninguém gosta de tu aqui, po. Chata pra caralho, tá falando do mesmo assunto desde de manhã.

Jamily: Olha lá, como o Junior conhece ela? Cheio de amorzinho. Ele não é assim nem com você.

WL: Faz assim, quando ele estiver chegando perto dela, tu tira ele. A mina é gente boa, cuidou dele ontem, enquanto tu tava no salão. Só por isso.

Jamily: Era pra você estar com ele.

WL: Tenho meus corres pra fazer também, cara. E cala a boca, já deu! - bati na mesa e me levantei.

Saí arrastando a perna com a ajuda dessa bengala do meu falecido avô e fui dar uma refrescada na mente. Mulher chata do caralho! Fui até a cozinha e minha avó tava lá. Ela nem tá falando direito comigo, dei um beijo no alto da cabeça dela e encostei na pia.

Vó Célia: Você tá todo errado, Wesley. Quase me matou ontem! Se a Malu não tá aqui, a gente ia fazer o quê?

WL: Pô vó... - abaixei a cabeça.

Vó Célia: Pô vó? Wesley. Vocês são a minha vida, sabe disso. Eu não tenho mais saúde pra isso. Não conseguir dormir porque to preocupada com operação em Morro, porque to com medo de você ou o Douglas tomarem um tiro. - rolou uma lágrima dos olhos dela. - Você não precisa mais disso, a nossa casa tem tudo, você pode arrumar outro emprego e viver bem.

WL: Vó, eu não consigo. - não saiu mais nada da minha boca, se saísse, eu ia chorar e eu odeio isso. Saí da cozinha, e voltei lá pra varanda.

Era muito estranho, olhar pra Malu sentada na mesa da família, como se fosse parte de verdade. E a Jamily, sentada na outra mesa, sozinha, mexendo no celular. Eu tenho pena dela, tá ligado? Mas ela viaja e nem faz questão de se enturmar com a galera, não faz questão de ser agradável. Vou fazer o quer? Enfiar ela na garganta do pessoal? Nem vou.

Fico olhando pro meu filho e me dá uma vontade de chorar, cara. O moleque tá crescendo muito rápido, e não quero que ele tenha a mesma vida que eu. Hoje, tudo que eu faço na vida é pra ele, pra minha princesa que tá vindo e pra minha avó. Se eu morrer, quero deixar todo mundo bem, com condição de não ter que se submeter ao que me submeti.

VAMOS FUGIR!Onde histórias criam vida. Descubra agora