15

6.3K 408 38
                                    

3 MESES DEPOIS

MARIA LUIZA

Depois daquele dia com o WL, a Talia ficou puta comigo, porque ele ficou sumido dois dias, sem dar as caras em casa, nem atender ao telefone. Me chamou de maluca, disse que eu não sabia o que tava fazendo e que eu não podia brincar assim com as pessoas. Brincar? Eu não brinquei com ninguém. Foi coisa do álcool, do momento. E aquele clichê se faz presente: você erra uma vez e as pessoas te julgam como se você nunca tivesse acertado. Não estamos como antes, mas a gente se fala e acho que esse estresse passou.

Esse feriadão não poderia ter vindo em uma época melhor, eu precisava distrair. Viemos todos pra Arraial. Eu, Renato, meu pai, minha madrasta, meus irmãos e uns amigos.

Eu amo esse lugar, gente. E ainda ficamos numa casa maravilhosa, que dá direto na praia. Agua cristalina, paz, sossego, celulares desligados, cervejinha, churrasco, minha família. Deus é muito bom. Só faltou a minha preta. Saudades eternas, dona Márcia.

Meu pai tem ficado cada dia melhor, e a nossa relação tem melhorado gradativamente. Estou trabalhando com ele na clínica, fiz o favor de demitir a bonitona do restaurante. Ele me deu um Jeep Renegade preto, meu sonho. As coisas lá em casa estão maravilhosas. Ele só ta emagrecendo muito e eu estou desconfiada de que esteja acontecendo alguma coisa. Conversei com ele esses dias, mas ele não me disse nada. Porém, eu só paro quando descobrir.

Decidi dar uma chance pra mim e pro Renato, somos namorados de verdade agora Oficiais, usamos aliança e tudo.
Amanhã voltamos pra casa, com a graça de Deus. Esse feriadão foi maravilhoso.

(...)

Acordei hoje com a notícia de que a Talia tinha sofrido uma acidente de moto, mas já estava bem e estava em casa. Assim que saí da faculdade, fui direto pra lá, pedi uma folga pro meu pai, disse o motivo e ele deu.

Cheguei na Dona Célia e ela me recebeu como sempre, disse que a Talia tava no quarto e eu subi pra vê-la. Sentei no pé da cama e a comi no esporro, a safada só riu, cara. Disse que foi falta de atenção dela mesmo, mas graças a Deus, estava toda protegida e só machucou a perna um pouco.

Passei a tarde toda lá com ela, comendo as comidas maravilhosas da Dona Célia e fofocando. Estávamos distraídas, falando da Joana e do sumiço dela. Lembramos de quando nós três éramos um grude só, que época boa. Ouvi uma voz conhecida vir lá da sala, respirei fundo e sim, era ele.

WL: Barbeira pra caralho, anda a pé, mandada. – ele disse zoando a Talia e ao me olhar, fechou a cara no mesmo momento.
Talia: Cala a boca, Wesley.
WL: Dá próxima vez, eu te dou uma bicicleta de rodinha. – ele fingiu que eu não estava ali, não esboçou nenhuma reação, nem um "oi cachorra" ele falou, só saiu e foi pra cozinha falar com a avó deles. Aquilo doeu, doeu muito. Mas, eu vou fazer o quê? Tô errada com ele e sei disso.

Malu: Amiga, acho melhor eu descer, tá? Outro dia eu venho te ver. – dei um beijo na testa dela – Eu te amo, se cuida. E vê se volta a andar de ônibus.

Saí de lá e fui até onde os moto-táxi ficam. Ouvi alguém mexer comigo, mas nem olhei, continuei andando. Ouvia os passos cada vez mais próximos de mim.

Xx: Não adianta subir o morro pra vir dar pro WL não, patricinha do caralho. Ele tá comigo! Tu tem que respeitar a fiel dele.

Virei na hora e senti um socão no nariz. Cai que nem uma jaca no chão, senti o melado escorrer, tomei mais uns chutes na barriga e pela minha sorte, o cara que é meu amigo do moto-táxi chegou.

Wagner: Sai dai, doida. Deixa a mina em paz, se a Eliza ou o Queiroz souberem que tu fez isso, tá fodida.

Ele me ajudou a levantar, me pôs na moto e fez questão de me levar até em casa, nem cobrou a corrida.
Cheguei em casa um pouco atordoada, meu pai me encontrou nas escadas e ficou desesperado.

Pedro: O que aconteceu, filha?
Malu: Fui visitar a Talia, me confundiram com alguém e eu tomei um soco. – meu pai não disse mais nada, me ajudou a subir e eu fui tomar banho. Quando voltei, ele tinha trazido algo pra eu comer e ficou lá, fazendo carinho no meu pé.
Pedro: Filha, não queria te falar isso, mas não quero mais você subindo o morro. Pode ser pra visitar até o papa, eu não quero.
Malu: Pai, eu fui ver a Talia.
Pedro: Maria Luiza, hoje você foi confundida e tomou um soco. Amanhã, você pode ser confundida e tomar um tiro. Não quero!

Fechei o tempo com ele, mas como não queria brigar, eu não estendi a nossa discussão. Mandei mensagem pra Talia, explicando o que tinha acontecido, ela ficou desesperada, me mandou áudio e tudo. Pedi a ela pra não contar nada para o Wesley, porque essa era a confirmação de que a gente não podia ter mais nada mesmo.

(...)

Os dias passaram e eu fiquei em casa, peguei atestado pra faculdade e meu pai me deu um tempo de recuperação. Renato, foi lá em casa duas vezes essa semana, disse que estava muito ocupado, porque se forma daqui a 2 meses e precisava resolver as coisas. A Talia me mandava mensagem todo dia. Ela já estava indo a faculdade, mas não queria que ela fosse lá em casa, porque é muito incomodo pra uma pessoa que acabou de sofrer um acidente, né?

VAMOS FUGIR!Onde histórias criam vida. Descubra agora