Encostei na cama e fiquei admirando a Malu e todo o cuidado que ele tem com um filho que nem é dela, sabe? E que ela nem tem obrigação de nada.
WL: Quero falar contigo! - eu disse depois que ela deixou o Junior na cama e estava saindo do quarto.
Malu: Pode falar. - ela falou, sem se virar pra trás, indo pro corredor.
Levantei com dificuldade, pois a minha perna doía bastante, e fui atrás dela.
WL: Pô, a gente nunca teve oportunidade de falar sobre tudo.
Malu: Ainda isso? - ela revirou os olhos - Você acha que a gente ainda tem algo pra conversar? Você me enganou, Wesley. Você não precisava ter omitido e depois mentido pra mim.
WL: Malu, tu vai me deixar falar ou só vai me apontar? - eu respirei fundo e dei uma mexida na perna. Ela olhou pra mim com cara de reprovação.
Malu: Vamos voltar pro quarto, você tem que botar essa perna pra cima. - ela entrou no quarto e eu a acompanhei.
WL: Senta aqui perto de mim. - Eu disse, ao botar minha perna pra cima da cama.
Malu: Para, cara. Fala logo o que você tem pra me dizer. - ela sentou na ponta da cama e ficou me olhando séria. Porra, sem caô nenhum, ela séria me dava muito tesão, vai se foder.
WL: Eu não era nada da Jamily, pegava ela por pegar, e aconteceu o Junior, po. Eu não me cuidei, ela não comprou o remédio e foi isso. - minha perna estava me incomodando muito, e eu me ajeitei de novo. Ela se levantou, foi até a bolsa dela e me trouxe um remédio. Pegou o resto da água e me deu.
Malu: Falei pra sua tia e pra sua avó que se você bebesse, ia cortar o efeito do remédio. Você é uma porta! - balançou a cabeça negativamente.
WL: Eu não quis te enganar, te magoar, não quis nada, papo reto. Eu não tenho porque mentir pra tu, po. Geral sabe que eu sou todo teu, que não tem jeito. Se a gente tá nessa situação hoje é porque você não quis me ouvir, tá ligado? Tu vai achar que eu falo isso pra todas, mas você é a única que eu tive vontade de falar que amo, tu é a única que consegue me tirar desse inferno que eu vivo.
Malu: Wesley, eu não tentei te tirar? Eu não tentei te levar comigo pro interior? Eu não fiz nada? Fiquei de braços cruzados vendo tudo acontecer?
WL: Não, po. Não é isso. Mas tu não tentou com o coração aberto, porque tu não confia em mim. Tá na sua cara, estampadão.
Malu: Wesley, eu sou assim, ou era. Sei lá. Eu não podia deixar o Junior crescer sem a presença do pai, como eu cresci. Eu não podia deixar você trair a mãe do seu filho comigo, como meu pai traiu a minha mãe. Depois que tudo aconteceu comigo e com meu pai, eu reaprendi certas coisas. Mas eu ainda não consigo acreditar, sabe? Porque se você não gostasse dessa mulher, não quisesse ficar com ela, não tinha feito mais um filho.
WL: Esse filho não é meu. E eu não ia deixar o Junior crescer sem pai. Eu não ia trair ninguém, Malu. Eu não namorava, não tinha nada com ela. - falei em tom mais alto e ela me repreendeu. - Eu fiquei com ela porque sou burro memo, porque eu tava carente e ela me ofereceu os bagulho que eu queria, po. Vou fazer o quê? - fiz cara de dor, minha perna realmente tava foda, e me ajeitei de novo na cama.
Malu: Pensar com a cabeça de cima, ao invés de pensar com o piru. Como não é seu? - ela se assustou, levantou de onde estava e veio sentar perto de mim. - Você faz umas coisas e parece que você tem 13 anos, Wesley. Deita aqui.
WL: Pô, tu só me esculacha. - eu disse e mais que rápido, me ajeitei deitando na perna dela, ela pôs a mão em minha cabeça e começou a fazer cafuné em mim.
Há muito tempo eu não me sentia assim, tá ligado? Sendo cuidado por alguém, acolhido de verdade. E com ela, eu me sentia o homem mais feliz do mundo.
Malu: Você quer que eu faça o quê? Bata palma pra você dançar? Nunca. Você precisa aprender. - ela disse dura.
WL: E se eu te prometesse que vou mudar?
Malu: Eu não acredito em palavras não, você sabe.
WL: Caralho, Malu. Se tu não acreditar em mim, vai ficar foda. Como vou te provar as paradas?
Malu: Muda, se você estiver disposto de verdade, e depois eu vou perceber. - ela respirou fundo e continuou o carinho.
Não disse mais nada e ela também não. Aproveitei pra chorar quieto, sem que ela percebesse e acabei dormindo.
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VAMOS FUGIR!
Non-Fiction{2016} FINALIZADA! O que é seu, sempre vai ser seu, não importa quantas voltas o mude dê. Se é teu por direito, volta pro lugar. Depois de perder sua mãe, Maria Luiza precisa morar com o seu pai em um lugar novo, no meio disso tudo, conhece o amor d...