Ao chegarmos no prédio, o Felipe subiu direto e nem fez questão de me esperar. Estranhei, porque ele nunca faz isso.
Peguei a bolsa da Marina e arrumei ela no meu colo. Se ele pensa que eu dependo dele, está super enganado. Passei pela entrada, dei boa noite ao porteiro que me ofereceu ajuda, neguei educadamente e subi.
Como já havia deixado o berço/chiqueirinho da Marina pronto, a deitei lá e fui tomar um banho. Entrei no banheiro e deixei a porta aberta, porque o Felipe estava lá pra área de serviço e caso acontecesse algo com ela, eu escutaria.
Sai do banho, vesti meu pijama e dei uma conferida nela que dormia feito um anjo. Me puxou muito, ê ê. Já ia deitando na cama, quando escutei o barulho da televisão na sala e fui lá.
Felipe estava sentado no sofá, sem camisa e com uma longneck na mão. Sentei ao lado dele.
Malu: O que foi?
Ele se manteve em silêncio.
Malu: Felipe. O que tá acontecendo?
Ele continuou olhando pra TV e deu um gole na cerveja. Levantei e tirei tudo da tomada, ficando em pé e de braços cruzados.
Felipe: Liga isso ai, cara.
Malu: Não vou ligar, me fala o que aconteceu?
Felipe: Preciso mesmo falar? Aquele cara te olhando a noite toda, você tirando foto com ele, trocando olhares, ele olhando pra nossa filha. - ele apoiou a garrafa no chão e passou a olhar pra mim.
Malu: Trocando o quê, Felipe? - disse incrédula - Você só pode estar maluco.
Felipe: Agora eu sou criança, então? Acha que não percebi seu jeito?
Malu: Felipe, se você é maduro o suficiente pra lidar com a sua ex no mesmo ambiente que você, ok. Parabéns. Eu não sou. Sobre ele olhar pra mim ou pra nossa filha, eu controlo as pessoas? Eu ia levantar e falar pra ele: "Wesley para de olhar aí, por favorzão."? Porra, vê se pensa nas coisas que você fala.
Felipe: Você deu mole pra ele, Maria Luiza. Amanhã to dando entrada no divórcio.
Malu: Felipe, você deve estar de brincadeira com a minha cara, né? Só pode. Vai fazer como na vez que você acreditou no Renato e vai jogar tudo pro alto? Vai lá, então. Vai. Mas dessa vez, lembra que tem a Marina ali e lembra que eu não vou atrás de você e nem vou voltar.
Felipe: Claro, você tá doida pra voltar pro Wesley.
Malu: Você não viu que ele tem uma namorada? Você não viu que ele tava acompanhado? Você só fala merda, cara. Só merda! Eu vou dormir e faz o que você quiser. Se eu tivesse que ficar com o Wesley, eu não tinha nem casado. - virei as costas e saí. - Ah, e não quero você na mesma cama que eu.
Fui pro quarto e fechei a porta. Passei a Marina pra minha cama e chorei baixinho, agarrada na mãozinha dela. Respirei fundo, fiz minha orações, pedi proteção aos meus pais e dormi.
(...)
No meio da noite, senti alguém me cutucar, achei que fosse sonho e só me ajeitei. Mas insistiram. Era o Felipe.
Felipe: Acorda, quero falar com você. - ele sussurrou.
Malu: Fala depois.
Felipe: Por favor, vamos ali na sala. - ele saiu.
Dei uma olhada na Marina, e ela até ressonava.
Malu: Hum? - disse eu ao chegar na sala.
Felipe: Me desculpa?
Malu: Felipe, isso é hora? Fala sério, né? - eu virei as costas e fui na cozinha pegar água pra mim. Quando olhei pra bancada, tinham mais ou menos 12 longnecks de cerveja nela. Balancei a cabeça negativamente e voltei, indo direto pro quarto.
Deitei na cama e quando eu estava quase cochilando, Marina acordou pra mamar. Ficamos eu e ela nos olhando lá no quarto.
Enquanto ela mamava e me olhava, eu me sentia o ser humano mais privilegiado do mundo. Parecia que todas as palavras de conforto do mundo, estavam naquele olhar.
Acabou que ela demorou um pouquinho pra dormir, mas liguei a tv em um desenho e fiquei lá com ela, até que dormimos.
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VAMOS FUGIR!
Non-Fiction{2016} FINALIZADA! O que é seu, sempre vai ser seu, não importa quantas voltas o mude dê. Se é teu por direito, volta pro lugar. Depois de perder sua mãe, Maria Luiza precisa morar com o seu pai em um lugar novo, no meio disso tudo, conhece o amor d...