FELIPE
Há alguns dias não vejo a minha preta, e a saudade já tá me matando. Todos os dias, antes de dormir, eu penso nela, na falta que ela me faz, lembro de como é bom ter uma parceira como ela do lado.
Eu errei em não ter conversado direito, errei em não ter mostrado que queria ouvi-la. Conheço bem a Malu e sei que ela é tão orgulhosa quanto eu, sei que ela não é de correr atrás, mas se nenhum dos dois der um passo, o que será de nós?
Procurei saber mais desse Renato, andei falando com a Edna e ela me contou uma história, sobre as traições dele, sobre o filho que ele teve com uma amiga da Malu, que frequentava a casa dela e tudo mais.
Procurei saber também sobre a história dela com o Wesley, o tal traficante que o outro falou. Não foi nada duradouro, pareceu uma história de adolescente, aquela paixão doida. Mas, nem isso eu deixei a Malu explicar.
Só hoje, já peguei no telefone umas 10 vezes pra mandar mensagem pra ela e desisti. Confesso que estou com medo da reação dela, eu fui péssimo, fui um merda como homem e ela não merece isso.
Andei conversando com a minha mãe também, já que ela é apaixonada pela Malu e ficou bem triste quando a gente separou. Ela disse que nem em sonho, eu vou conseguir arranjar uma mulher tão incrível. Dizem que mãe nunca erra, né? Então...
Hoje eu vou jogar aquela minha pelada de lei com os caras. Saí até mais cedo do escritório, vou em casa dar aquela descansada e comer qualquer coisa, porque depois da pelada sempre rola aquela cervejinha né? E os caras não perdoam.
(...)
Já tomei meu banho, botei comida pra dentro e agora vou partir.
Peguei meu celular e fiquei encarando a foto da Malu, que ainda não tive coragem de tirar do papel de parede. Tirei essa foto dela na praia, em Floripa. Ela estava distraída, olhando uma família brincar, sorria largo, e eu pude ler em seus olhos que aquela era sua maior vontade: ter uma família. Queria ser capaz de dar isso a ela, mas eu só sei agir por impulso, parece que sou um adolescente de 16 anos ainda.
Desbloqueei o celular, digitei seu número e fiquei olhando por algum tempo. Será que ela vai me atender?
(...)
Consegui ligar pra ela e parecia que já estava à espera da minha ligação, antes do primeiro toque terminar, ela me atendeu.
Malu: Estava esperando por isso.
Felipe: Preta, me desculpa. Eu sei que fui um merda, não deixei você explicar nada, mas eu morro de medo, você sabe como eu sou. Me desculpa?
Podia escutar a respiração dela mudar pelo telefone, respirei fundo e ela começou a recitar uma música, que nós dois amávamos.
Malu: Olha, eu não vivo sem você. Sem te sentir, te ouvir, te ver.
Felipe: Sem o calor do seu abraço que sempre foi meu. Não tem porquê viver assim.
Malu: Foi outra briga à toa e fim. Tô aqui fora, abre a porta. Eu sou todo seu...
Assim que ela terminou de falar, eu abri o portão e ela estava lá, encostada no carro dela, linda como sempre, com aquele sorriso que encantava qualquer um.
Ela andou em minha direção e nos beijamos como se fosse a primeira vez. Essa é a mulher da minha vida, com toda certeza do mundo.
Felipe: Me desculpa, por favor. - dei um beijo demorado em sua testa.
Malu: Eu te desculpo, amor. Eu também te peço desculpas por não ter ido atrás de você, por não ter tentado te explicar.
Felipe: Tudo bem, amor. Passou, e nós vamos conseguir superar as nossas dificuldades juntos. Tentando sempre ser melhor um pro outro.
Malu: Não quero te atrasar pra pelada, os meninos já devem estar esperando. - ela me deu um selinho demorado. - Eu vou embora, depois a gente conversa.
Felipe: Não, vai comigo. Eu gosto quando você vai pra lá. Faço um gol pra você.
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VAMOS FUGIR!
Non-Fiction{2016} FINALIZADA! O que é seu, sempre vai ser seu, não importa quantas voltas o mude dê. Se é teu por direito, volta pro lugar. Depois de perder sua mãe, Maria Luiza precisa morar com o seu pai em um lugar novo, no meio disso tudo, conhece o amor d...