VAMOS FUGIR!

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1 MÊS DEPOIS
WESLEY

WL: Eu vou tentar a minha vida lá, mas não posso te garantir a merma vida, ar merma parada. Última forma.

Isabelle: Isso é sério? - ela começou a chorar.

WL: Pô cara, faz isso não. Sempre te falei qual que era a minha, não me faz sentir mal não.

Isabelle: Eu sei, mas eu nunca achei que você fosse terminar assim.

WL: Desculpa mermo, papo reto. Fica assim não, loira.

Isabelle: Vou sentir muita saudade de vocês. - ela me abraçou.

WL: Também vamo, po. Tu foi importante demais. - passei a mão no rosto dela e enxuguei as lágrimas.

Isabelle: Vou pegar minhas coisas aqui e já saio. - disse indo pro quarto.

Botei a casa que eu tava morando pra alugar, dei uma moral aqui na minha avó pra ela ficar com a minha tia e to indo embora de vez.

A molecada quase não deixa, mas bati o pé e falei pra eles que tamo junto sempre, quando eles menos esperar eu broto de bicho pra curtir um bailão com eles. Falando nisso, dei a vida nesse último que teve de despedida, os cara não perdoa.

Já desenrolei tudo com a Talia lá, vendi minha moto e com a grana que eu tinha aqui, consegui comprar um apartamento no prédio da Malu. Nem dei o papo nela, negociei com a madrasta dela e acho que ela nem tá ligada que eu sou eu.

Talia já matriculou o Junior na escola e tô vendo com o Wagner da gente montar uma parada lá, um lava-jato, sei lá. Dá p ficar de boa por um tempo com o dinheiro que eu tenho, mas não dá pra dar mole.

Minha avó e minha tia já me abençoaram 50 vezes cada. Elas estão felizes pra caralho que eu to indo, muito bom fazer a alegria das véia. Espero não decepcionar.

Procurei a Jamily na favela, porque não queria levar o Junior sem ela saber, mas a notícia foi boa não. Ela saiu fugida pra outra favela, ficou devendo o de frente lá e o resto é aquilo. Fiquei meio bolado, porque falei com a Mirela que eu tava disposto a ajudar ela sair daquela vida, dei um dinheiro pra mãe dela fortalecer, mas ela mermo fugiu. Escolhas, né? Rezei por ela e espero que esteja em um bom lugar.

Meu moleque tá se amarrando na ideia de morar lá, nem sabia que ele ia ficar tão animado. Da gosto de ver.

(...)

Sempre fui muito ruim com esse bagulho de casa e mundança, gosto de tudo bem ajeitado, mas sou foda com as paradas.

O melhor de vir pra cá é a tranquilidade, tá ligado? A gente não precisa ficar se preocupando com as paradas, pode andar tranquilo e não tem as tentações que lá têm, se tem são poucas.

Cheguei tem pouco tempo, Junior já foi pra casa da Talia e eu to andando pelo centro, procurando umas paradas pra comprar. Pensei em fazer mercado, mas sou muito exagerado, vou acabar comprando demais e estragando comida.

Dei uma volta pelas lojas de móveis e depois entrei numa galeria, e me amarrei numa loja de roupas masculina, comprei umas paradas e quando eu tava saindo, escutei uma voz conhecida.

Malu: Eles ainda não trouxeram as caixas? Vou ter que ligar pra... - nossos olhares se cruzaram e ela ficou em silêncio. - Vou ligar pra lá e ver o que tá acontecendo.

WL: Tá muito estressada, vai ficar velha cedo. - debochei indo em direção a ela.

Malu: Vou mesmo. Tá fazendo o que aqui?

WL: Comprando, po. - levantei as sacolas. - Conhecendo minha nova cidade. Achava que tu só tinha loja de roupa feminina.

Malu: Co...conhecendo sua o quê? Abri essa há pouco tempo, mas só tinha loja feminina mesmo.

WL: Minha nova cidade, po. Me mudei. - ri e percebi que ela ficou assustada. - Depois, se não for te incomodar, tu podia aceitar tomar uma comigo pra me mostrar os bares.

Malu: Ah... - ficou muda. - Vamos ver, agora eu preciso trabalhar. Tchau!

Maria Luiza é muito marrento, pprt. Acho que é isso aí que me prende, sem caô. Ela não dá mole pro cara falar nada, principalmente se o cara for eu, já tem todas as respostas na ponta da língua.

Saí da loja dela e meti o pé pra casa, pedi a Talia pra me fortalecer com o mercado, me ajudar com as paradas até eu aprender a ser pai e morar sozinho de verdade. Tenho muita coisa pra aprender ainda, é isso!