WESLEY
Na moral, não acredito que essa mina não vai me atender. To até agora sem entender o bag que rolou, po. Quase ninguém sabe dessa parada.
Passei o resto do baile com isso na cabeça, mas vou curtir essa porra. É meu aniversário, caralho.
Muito lança, muito natura, muito whisky e foda-se. Mais tarde ainda tem churrascada lá no Queiroz.
O baile rolou como de costume, o dia clareou e geral lá, daquele jeito. Os moleque se adiantaram e eu cacei meu caminho também. Até pensei em levar um bichinho pra me satisfazer, mas tava sem cabeça.
Pensei até em ir dormir na minha avó, pra trocar uma ideia com a Malu, mas sei lá. Espero que ela brote no churrasco.
Fiquei rolando na cama, me sentindo mal pra caralho, não preguei o olho. Peguei o telefone e mandei mensagem pra ela. Mandei outra. E mandei mais uma.
(...)
Já tá geral aqui no Queiroz. Peguei meu telefone e nada. Vi que ela leu as mensagens, mas não me respondeu.
Talia chegou aqui e me falou o que aconteceu, o foda é que ela não lembra quem foi que cobrou elas no beco. Mas não vou me estressar hoje não, amanhã dou o papo pra Jamilly tá achando que tem moral de alguma coisa aqui.
Churrascada comendo solta, eu afoguei minhas mágoa memo. Bebi de tudo, tava baleado.
(...)
ALGUM TEMPO DEPOIS
(...)
Pô, já tem um tempo que eu não trombo com a Malu, sinto mó falta. Doideira o que essa mina fez comigo, em tão pouco tempo.
Depois daquele dia, comecei a me entregar mais pro crime, tá ligado? Minha visão nunca foi essa, aliás, nunca pensei em entrar pra essa vida. Meu caminho sempre foi muito difícil, minha mãe era ratona de pista, sumiu no mundo, me deu pra minha avó e ela quem me criou, na verdade, criou o Douglas também. Sempre foi muito batalhadora, fez de tudo por mim. Terminei a escola tranquilo, nem pensava em fazer o que faço hoje, mas sabe como é, né? Ver geral crescer, todo mundo ter uma moto, um carro, dinheiro pra gastar no final de semana, sempre no ouro. Isso enche o olho de qualquer um.
Minha velha teve uma doença e parou de trabalhar, meu avô, que era também o meu pai, tinha acabado de falecer, então, não teve jeito, tive que correr atrás do nosso. Fortalecer a casa. No início, era tudo escondido, preservei minha velha até onde pude, esperei ela melhorar e depois contei tudo. De cara, ela foi contra, falou um monte, mas fazer o quê? Eu já tava envolvido, e sair agora ia ser foda.
Sempre tive contexto com os caras, sou cria de lá. Queiroz cresceu comigo e assumiu o morro quando o pai dele morreu. Quando eu falei pra ele que queria me juntar, nem pensou duas vezes. Logo depois, o DG veio, minha avó ficou pra morrer, disse que a culpa era minha, que eu era o exemplo dele e me expulsou de casa. Foi a época mais difícil da minha vida, mas peguei um dinheiro que eu tinha lá, comprei uma casinha lá pra cima da favela e montei pra mim. Sou muito chato com esses bag, então tem sempre uma tia que limpa lá pra mim, a base é impecável.
Conheci a Jamilly numa dessas doideiras ai da vida, ela é novinha, a cara do problema, pô. A gente não chegou a namorar não. Pra falar verdade, nunca namorei, nunca colei com mulher nenhuma, porque pra mim, esses bagulho de afeto era tudo ilusão, até trombar com a Malu.
Minha história com a Jamilly é normalzinha, pô. Pegava ela direto, um dia dei mole e não encapei o moleque. Dei dinheiro pra ela comprar o remédio e tal, mas parece que ela não tomou. Nunca disse pra ela tirar, nem nada, sou muito homem de assumir minhas paradas. Montei casa pra ela, o quarto do moleque, dou tudo que ela precisa, mas sem envolvimento. Só que agora, ela deu de dizer pro morro todo que é minha mulher, tá me tonteando pra caralho, não sai do meu colo.
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VAMOS FUGIR!
Non-Fiction{2016} FINALIZADA! O que é seu, sempre vai ser seu, não importa quantas voltas o mude dê. Se é teu por direito, volta pro lugar. Depois de perder sua mãe, Maria Luiza precisa morar com o seu pai em um lugar novo, no meio disso tudo, conhece o amor d...