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Acordei e o Felipe não estava na cama, ouvi o barulho do chuveiro e ele estava tomando banho. Estranhei, porque ele sempre me acorda, mas ok.

Levantei, separei a muda de roupa, os documentos e fiquei sentada na cama enquanto ele não saia do banho. Me peguei pensando na conversa com a Talia ontem, mas eu tinha certeza de uma coisa: eu não tenho nada a ver com a vida do Wesley. Preciso focar em mim!

O Felipe saiu do banheiro e não disse nada. Fui pro banheiro tomar meu banho e comecei a chorar embaixo do chuveiro. Eu não posso fazer isso com ele, eu me sinto muito mal por pensar no Wesley como eu penso. Mas o coração não escolhe, e se eu pudesse escolher, eu teria escolhido não sentir nada pelo Wesley.

(...)

Acabamos de chegar na nossa cidade, a viagem de volta pra casa foi um pouco chata, trocamos poucas palavras, na verdade, quase nenhuma.

Felipe: Vai ficar lá em casa ou vai pra sua?

Malu: Pra minha. - eu disse, me arrumando no banco.

Ao chegarmos no portão, me despedi dele, e quando estava saindo do carro, ele segurou o meu braço de leve, o que me fez virar.

Felipe: Eu não quero que você vá.

Malu: Pra onde?

Felipe: Ajudar o tal Wesley. Sei que a Talia é sua melhor amiga, mas eu não quero. E se você for, vamos terminar.

Malu: Felipe, não vou a lugar nenhum. Fica tranquilo.

Ele me deu um beijo e eu o retribui. Não foi o nosso beijo, parecia que não eram Maria Luiza e Felipe, eram dois estranhos.

(...)

Felipe e eu estamos estranhos desde então, eu e ele temos esse problema. O orgulho! Essa semana nos falamos apenas o básico, ele não veio dormir aqui comigo e eu também não o fiz.

Talia me ligou hoje, ela chorava muito do outro lado da linha. Aquilo me cortava o coração, a situação no morro estava cada vez pior. E o Wesley, vocês já devem imaginar.

Cheguei cedo na loja pra arrumar umas coisas, e combinei com a Edna dela ficar livre esses dias, já que a deixei sozinha por conta da viagem. Fui almoçar tranquila, comi no restaurante de uma amiga da minha mãe, a melhor comida da região.

Voltando pra loja, uma das minhas vendedoras disse que havia chegado uma encomenda pra mim. Fiquei assustada, porque eu não me lembro de ter comprado nada com o endereço da loja.

Fui pra minha sala e tinha um pacote imenso, junto com um buquê de rosas. Peguei o cartão que estava preso ao buquê e li:

"Os dias podem passar, podemos não nos ver por anos, mas meu amor vai ser seu sempre. Eu te amo e quero te pedir desculpas por ter sido um merda. Beijos, Renato."

Nossa! Aquilo me embrulhou o estômago, fui até o salão e perguntei pra elas quem tinha recebido. A Camilla disse que tinha sido ela, perguntei como era o rapaz, e ela descreveu o Renato certinho. Puta que pariu!

Peguei o pacote na sala e fui pessoalmente jogá-lo fora junto com as rosas. Nem vi o que tinha dentro dele.

Às vezes, eu me pergunto sobre o que planto, sabe? Porque a colheita da minha vida tem sido péssima. Não sei o que eu fiz pra merecer esse turbilhão de coisas.

Terminei o dia de trabalho de péssimo humor. Peguei o celular e nada do Felipe. Liguei e ele não me atendeu, tentei outras três vezes, mas sem sucesso. Resolvi ir pra casa e assim fiz.

VAMOS FUGIR!Onde histórias criam vida. Descubra agora