Minha avó sempre fala que de todas as merdas que já fiz na vida, entrar pro movimento e engravidar a Jamily pela segunda vez foram as piores.
Ela é testemunha do inferno que essa doida faz na minha vida. Era pra eu estar de boa com a Malu, mais tranquilo, sossegado, e até longe daqui. Com um filho era mais fácil da Malu me entender, agora com dois, duvido.
Falando em entender, a nossa história não dá pra ser entendida. Quando eu acho que a gente se esqueceu, a vida mostra que não.
(...)
Jamily: Quero ir embora!
WL: Vai, po. Tu sabe o caminho.
Jamily: Vou levar o Junior.
WL: Vai não, ele vai ficar comigo aqui.
Jamily: Pra que? Pra você e aquela piranha ficarem pagando de família feliz?
WL: Jamily, se adianta. Se tu falar mais alguma coisa, vou ser obrigado a acabar com a festa da minha família, porque vou te arrebentar na porrada. - eu disse segurando firme no braço dela. - Tu fala as paradas que tu tem certeza. As que você não tem, tu não caga pela boca. Se adianta!
Ela começou a chorar, levantou, pegou as coisas e foi. Nem se despediu do filho, só porque ele tava perto da Malu. Não se despediu de ninguém da família, depois quer reclamar.
Sentei na mesa com o pessoal da família e minha tia logo soltou uma.
Tia Janaína: Até que enfim, agora você pode socializar.
Por mais que eu tentasse, meus olhos não conseguiam ficar longe da Malu. Eu não conseguia disfarçar, o erro.
Queiroz: O tempo passa e tu continua de 4 pela patricia. - ele disse baixo pra mim, me gastando.
WL: Porra, patrão. Ela é a mulher da minha vida memo. O foda é que eu sei que a gente nunca vai dar certo.
Eliza: Porque você é burro. - ela se intrometeu na conversa. - Fica se contentando com essa mandada aí, ao invés de tentar consertar a tua história com a Malu. E to pra te falar, que tu tá tomando bigode.
WL: Colfoi, Eliza. Tá doidona? Bigode pra quem? Como assim? Dá o papo. - já fiquei puto. To passando de chifrudo? Tá de caô.
Queiroz: Teu problema é a língua, filha da puta. - ele falou com a Eliza. - Tu nem sabe se o bagulho procede, porra.
Eliza: A favela aumenta, mas inventar eu acho difícil. - ela tomou um gole da cerveja. - Mas eu vou descobrir, não vai demorar.
Fiquei puto, sem reação, doido pra socar a mão na cara da Jamily. Respirei fundo, levantei e peguei uma cerveja, tomei na lata mermo, foda-se. O sangue já tava quente, dei um murrão na geladeira e meu tio me olhou.
Tio: Que foi, Wesley?
WL: Nada.
Acabei tomando várias cervejas, mesmo com a minha avó e minha tia falando pra caralho que não podia, que eu ia sentir dor e podia dar reação. Foda-se, não me tonteia.
(...)
Senti que a bebida já tava me pegando, só tinha a galera de casa mermo, geral já tinha ido. Entrei na sala e fiquei sentado no sofá. Minha perna tava voltando a doer, mas eu ia fingir que não.
Malu entrou na sala, com o Junior no colo e passou direto. Logo depois, levantei e fui atrás dela. Entrei no quarto e fiquei sentado na cama, assistindo televisão. Demorou um pouquinho, e ela chegou do banheiro com o Junior enrolado na toalha.
Malu: Tá fazendo o que aqui? - ela disse, enquanto arrumava ele.
WL: Vendo televisão. Esse quarto já foi meu um dia, só pra te orientar.
Malu: Já foi, não é mais. Agora para de falar. - ela sentou na cama, apoiou o Junior braço, deu mamadeira a ele e ele dormiu, amarradão.
WL: Até que você leva jeito pra criança. - eu disse baixo.
Malu: Tenho dois irmãos pequenos. - ela disse seca.
WL: To ligado. - eu fiquei sem saber o que dizer, muita coisa na cabeça, mas eu precisava aproveitar a oportunidade e tentar explicar pra ela o que tinha rolado.
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VAMOS FUGIR!
Non-Fiction{2016} FINALIZADA! O que é seu, sempre vai ser seu, não importa quantas voltas o mude dê. Se é teu por direito, volta pro lugar. Depois de perder sua mãe, Maria Luiza precisa morar com o seu pai em um lugar novo, no meio disso tudo, conhece o amor d...