Capítulo 16 - parte 1 (rascunho)

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"Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer."

M. Gandhi.


Em todo o planeta, lutava-se ou acompanhava-se a luta. Onde era noite, por algum tempo chegou a ficar claro como o dia quando as bombas detonaram, ao mesmo tempo que, em terra, os odiados invasores eram mortos sem complacência, mesmo os doentes.

Finalmente chegou a tão desejada e esperada mensagem: "A Terra está livre do invasor."

Na base da Antártica, o general Li sentou-se na mesa em frente ao rádio e chorou. Chorou os quarenta anos preso naquele bloco de gelo, lutando contra a fome e as chances ínfimas de sobrevivência sem saberem se, algum dia, veriam aquele momento tão almejado. No espaçoporto do Rio de Janeiro, a majestosa "Marcos Pontes" preparava-se para descer ao lado de um cubo que ainda ardia dos atentados sofridos pelos rebelados. Em filas ordenadas, uma centena de pequenas naves de guerra pousavam ao lado. O dia nascia na nova Cidade Maravilhosa quando Luísa saltou do seu jato e abraçou o marido com força, beijando-o com alegria. Olharam para o lado e viram a filha fazer o mesmo com Antônio, começando a rir da cara de bobo do amigo. Logo a seguir, o marechal desceu e o grupo correu até ele, abraçando-se e pulando como garotos a festejar a vitória de um jogo das finais. Nesse momento, Luísa olhava para um ponto à frente da nave quando viu uma pessoa se aproximando, uma pessoa que parecia conhecida. Ela saiu, discreta, e aproximou-se da mulher que vinha andando com toda a tranquilidade do universo. Quando a reconheceu, espantou-se muito e disse:

– A... a... senhora? – gaguejou, sem entender. – Mas, mas, isso não pode ser...

– Mas é, minha querida – respondeu a estranha –, e eu sempre soube que assim seria, como sabia muito bem a data e hora exatas para estar aqui agora para te ver de novo.

– Mas passaram mais de duzentos anos! – exclamou ela, ainda sem entender nada. Sentiu uma mão no seu ombro e virou-se para ver o marido.

– Tá tudo bem, meu amor? – perguntou Paulo.

– Ora, mas ele é ainda mais bonito do que eu vi – comentou a mulher, sorrindo.

Paulo olhou para ela, uma pessoa de idade indefinida, talvez os seus cinquenta ou sessenta.

– Paulinho, esta é a cartomante que te falei quase uma vida atrás.

A mulher voltou a sorrir e disse:

– Sei que muitas vezes não acreditaste, minha linda, mas era isso mesmo que estava escrito. Tu tens a marca da salvação da humanidade. Eu sabia que apenas tu e o teu marido poderiam nos salvar da escravidão. Ele te daria a força que precisavas e tu levarias a chama da determinação.

– Mas...

– A senhora por aqui – disse a doutora Polanski, que se tinha aproximado. – Vejo que sobreviveu à tragédia!

– Conheces esta mulher, filha?

– Claro, mãe, ela era a primeira paciente terminal que tomou o tônico do meu irmão. Ela falava tanto de ti e do pai...

Ambas sorriram e Luísa encolheu os ombros.

– Bem, pelo menos agora acabou tudo...

– Não, minha querida, não acabou, mas acabará em breve – interrompeu a cartomante. – Ainda não cumpriste toda a profecia porque eles tentarão retornar. Eles não abrirão mão da Terra, mas tu continuarás salvando a humanidade.

O marechal Fagundes aproximou-se do grupo e olhou para a cartomante, assombrado. Ela viu e disse:

– Eu não falei que o senhor voltaria a vê-la, filho?

– Vamos entrar – disse Fagundes, apontando a nave. – Lá podemos conversar melhor.

– Ainda não, meus filhos – recusou a cartomante. – Em breve nos veremos de novo, na nossa cidade. Preciso de voltar para Porto Alegre. Quando chegar a hora, vamo-nos encontrar para festejar. Adeus.

A mulher deu meia volta e desapareceu no crepúsculo do amanhecer, enquanto mais naves desciam. Luísa, seguiu-a com os olhos durante um bom tempo, até mesmo depois de não ser mais visível. Um puxão suave do marido trouxe-a de volta à realidade e foram para a nave.

― ☼ ―


Bem, meus queridos leitores. Este era para ser o epílogo e aa cartomante era para ser apenas uma carta que foi confiada ao marechal que entregaria para Luísa no fim da luta. Acontece que a personagem "meio" que teve vontade de surgir e apimentar mais um pouco a história e deixei que ficasse com vontade própria. Agora tenho que bolar o desfecho adequado, então espero que me perdoem eventuais atrasos em publicar. Felicidades e boas leituras.




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