Capítulo 17 - parte 4 (rascunho)

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A doutora Polanski olhou o relógio pela centésima vez. Preocupada, pensava em Antônio, sem falar na mãe. Faltava menos de uma hora e o major Jammes já estava em condições, mas os nanorrobôs ainda não terminaram os reparos e a mochila especial permanecia inoperante. O sistema holográfico de visão para invisibilidade mostrou que algo descia direto para eles e ela deu o alarme. Sem perder tempo, o pai preparou-se para atacar, mas logo a seguir a imagem definiu-se melhor e mostrou que era um deles. Pelo tamanho, devia ser Antônio. Pouco depois ele pousou e desligou a invisibilidade por estarem bem ocultos. Quanto menos ondas eletromagnéticas emanassem, melhor seria. Olhou para o grupo e deu um suspiro, preparando-se para falar.

– O que foi que aquela maluca inventou agora? – perguntou Paulo antes mesmo de o amigo tomar fôlego por inteiro.

– Ela vai provocar a distração necessária para sairmos daqui e mandou que eu visse ajudar vocês – respondeu, Faria, sério.

– E quem vai ajudá-la? – quis saber o marido, aflito. – Caramba, Toninho...

– A TB me deu uma ordem direta, ok? – argumentou Antônio, também preocupado. – Não penses que eu queria vir, mas a melhor forma de ajudarmos a Lú é justamente saindo em segurança. Ela não tem nada de frágil e é muito mais letal que qualquer de nós, Paulo.

– Eu sei, mas...

– Tchê – disse Antônio, baixinho. – A gente tira eles e eu volto para ajudá-la, ok? Agora, precisamos de obedecer à ordem dela.

O amigo deu um suspiro e fez um aceno curto. Antônio deu o assunto por encerrado e virou-se para o casal de irmãos. Sorriu e perguntou:

– Quanto tempo até estar ajustado?

– Cerca de vinte minutos – disse o major, após olhar para o painel no pulso. – Está um pouco adiantado.

– Ótimo – disse ele, satisfeito. – Gente, o plano é o seguinte: vamos sair invisíveis e subir pelo lado esquerdo, o mesmo que entramos. Subiremos em velocidade elevada mas com capacidade de manobra emergencial. Eu diria uns duzentos quilômetros por hora. Isso significa que levaremos algumas horas a chegar ao topo. Na frente, segue o Brigadeiro Assunção que deve abater qualquer coisa que se vire na nossa direção, mas apenas se nos detetarem. Eu vou no flanco preparado para desviar os sujeitos em caso de perseguição. Nesse caso, vocês continuam ou procuram abrigo, conforme o caso.

– Parece um plano sensato – disse a doutora Polanski.

– Perfeito? – disse Antônio, satisfeito. – Devemos estar preparados para debandar assim que possível, então juntemos tudo e descansemos este pouco tempo que falta porque, depois, será osso.

Antônio terminou de falar e sentou-se, procurando relaxar um pouco. Só se deu conta que dormiu quando a namorada chamou, sacudindo o seu ombro.

– Vamos, meu amor – disse ela. – Estamos todos prontos.

Assustado, ele levantou-se, mas reagiu no mesmo segundo, ficando desperto por completo.

― ☼ ―

Willian não escondia a preocupação. Observava a frota inimiga de uma distância segura, longe o bastante para não ser detetado e isso significava muitos milhares de quilômetros. Mesmo assim, o aglomerado de naves era tão imenso que abrangia toda a gigantesca tela da nave. Pôs a mão em frente ao queixo e fechou-a, apertando ligeiramente. O olhar subiu um pouco para o relógio que contava o tempo da missão. Estavam lá há quase vinte e seis horas. A frota de caças escalava-se para as tripulações descansarem e ele sabia que as próximas horas seriam cruciais. Se eles tivessem colocado o vírus logo no início, os primeiros sintomas seriam sentidos entre duas a seis horas. Depois disso, a coisa seria de uma velocidade vertiginosa, dado o movimento enorme de naves entrando e saindo da colmeia. Por outro lado, o vírus poderia levar ainda mais umas dezoito horas porque a versão acelerada dele não foi devidamente testada nem mesmo nos simuladores. Contudo, por via das dúvidas, um terço das doses que levaram era o tipo que atacou na Terra. O sucesso era garantido, mas ninguém desejava que o preço fosse a adorada, e idolatrada, TB Polanski e a sua equipe.

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