Capítulo 13 - parte 3 (rascunho)

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Aproximava-se o momento crítico que era a reentrada na Terra. Luísa estava bem ciente das dificuldades enormes, desde a grande velocidade em que se encontrava, que provavelmente os catapultaria para fora ou até desintegraria, até às dificuldades que seria controlar a descida sem os jatos de manobra. Preferiu ficar calada para não enganar Willian, uma vez que ele era um piloto experiente. Entretanto, a última coisa que desejava era fracassar naquele momento. Olhou para os painéis e comparou a velocidade com o ângulo, concluindo que estava na hora de começar a reduzir para a parábola de aproximação.

Fez um cálculo mental rápido e começou a regular os dois retrofoguetes. Pela sua estimativa, deveria dar duas ou três voltas ao globo antes de começar a queda para a América do Sul.

– Temos companhia – resmungou Willian, concentrado no radar tático. – Duas caixas subindo. Acho que ainda não nos viram porque não se dirigem para nós, mas estamos em rumo de interceptação.

– Então te prepara para mandá-los para o paraíso dos gafanhotos, guri – respondeu Polanski, olhando as telas. – Deverás ser fulminante porque não temos capacidade de manobra. Vou frenar em trinta segundos. Atenção à pressão caso os neutralizadores falhem. Teremos seis g.

Willian considerava-se uma pessoa de bastante sangue-frio e destemida. Naquele momento, entretanto, sentia-se intimidado e admitia a si mesmo que estava morrendo de medo. Por outro lado, a calma que emanava da piloto era contagiosa, apesar de ele pensar que nada os livraria da morte. Para não se entregar ainda mais ao temor, concentrou as atenções na sua atribuição. Não demorou muito a ouvir o comentário da Polanski, o que demonstrava que ela não perdia nada de vista.

– Vão entrar ao alcance de tiro em alguns segundos – disse, movendo um controle do caça de forma a poder conseguir um mínimo de capacidade de manobrar. – Provavelmente também seremos rastreados, apesar de termos pouco material reflexivo ao radar.

– Ainda não mudaram a direção – resmungou o americano, concentrado. – Armas travadas. Pelo menos temos cem por cento dos canhões.

– Um deles está mudando a direção para cima da gente – comentou Luísa, contrariada. – Entraram ao alcance. Fogo. Dez segundos para primeira frenagem.

Willian praticamente não ouviu a última parte. Apertou o botão com tanta força que até estalou. Mas o resultado foi imediato. Uma bateria enorme de minimísseis disparou para ambas as naves. Eram pequenos demais para serem detectados ou vistos e, um milésimo de segundo depois, atingiram os alvos. Com uma explosão brutal e muito brilhante, os dois cubos deixaram de existir.

– Isso – gritou ela, feliz. – Menos dois. Atenção...

Os retros frontais entraram em ação e os sistemas inerciais acionaram os alarmes à medida que os neutralizadores começaram a falhar. Pouco a pouco, a força g fez-se sentir, empurrando ambos para a frente com intensidade perigosa e provocando muito desconforto com os cintos que os seguravam contra a poltrona. Devagar, o horizonte foi mudando, surgindo o disco da Terra. Trinta segundos depois, voltaram à queda livre e sem gravidade artificial, mas ambos tinham treino de sobra.

– Contato com as camadas superiores em vinte segundos – avisou a comandante. – Teremos mais um minuto de retro-foguetes em trinta, vinte e nove...

No prazo previsto, um brilho alaranjado mostrava que o ar em volta da pequena nave estava muito quente, ao mesmo tempo que se ouvia o silvo e tudo começou a tremer. Os retrofoguetes foram acionados e o par sentiu-se brutalmente atirado para a frente, provocando uma forte dor na nuca de ambos, sentindo, logo depois, que estavam caindo sem parar. Mesmo com todas as proteções, a temperatura interna começou a subir bastante.

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