Capítulo 10 - parte 3 (rascunho)

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O voo até à cúpula sul decorreu em silêncio com ambos os militares pensativos sobre as ações a tomarem. A própria Luísa ainda não estava certa de qual ação tomar primeiro. Quando alcançaram a eclusa o holograma do mapa, projetado a partir do equipamento no seu pulso, piscou em vermelho. A dupla parou e Antônio apontou. O código de abertura apareceu na imagem e, ao lado da escotilha, Luísa pressionou um pequeno painel ao lado e a tampa desceu, aparecendo um teclado. Comparado com o que vinham vindo, aquilo era até primitivo, mas servia perfeitamente. Teclou a sequência de dígitos e comentou:

– Estes trajes espaciais são como estar com uma jaqueta simples. Se fossem os nossos...

– Verdade – anuiu Antônio, observando a eclusa abrir. Era pequena, permitindo a passagem de duas pessoas de cada vez e, segundo as informações recebidas, servia para manutenção. Deu uma risada distraída e continuou. – Espicha os ouvidos quando entrarmos para ver se tem esses diabos por aqui.

– Não creio que tenha porque devem ser poucos – respondeu a comandante.

– Concordo, TC, mas confesso que tenho um certo medo. Afinal eles podem ter ideias como nós.

– Sim – disse ela, entrando. – Vamos nessa.

A eclusa externa fechou e logo sentiram a câmara encher de ar e a gravidade sendo acionada aos poucos, obrigando ambos a girarem cento e oitenta graus ou dariam com a cabeça no "chão". Assim que a pressão se tornou equalizada, o traje deles abriu-se e as mochilas deram um bipe curto. Ao olharem os painéis nos respectivos pulsos, leram que estava recarregando de oxigênio.

– Ainda bem que esse treco está traduzido – disse Antônio, pensativo. – Se bem que eu acho que, logo logo, teremos que aprender essa língua.

– É sim – concordou Polanski. A eclusa interior abriu e eles passaram para dentro da cúpula. Naquele ponto ela era um observatório de excelente qualidade, cheia de equipamentos dos mais diversos tipos. A luz era muito fraca e tênue. – Temos que chegar ao centro e pegar o tubo de inversão.

– O que vem a ser isso?

– Toda a gravidade artificial da cúpula aponta para estalado, que é a parte de baixo, exceto o observatório. O tudo substitui o elevador gravitacional entre os níveis para que não sintamos a mudança repentina da gravidade no próximo nível em diante, já que estaremos chegando lá de cabeça para baixo.

– Curioso mas prático.

Quando alcançaram o centro do recinto, viram a praça com o elevador. Mal Luísa calcou no painel o nível a seguir, um tudo subiu à volta deles. Devia ter uns cinco metros de diâmetro. A seguir, começaram a se mover, mas só notaram porque o chão ficava mais alto, tão suave era. No momento em que a cabeça deles chegou ao outro nível, o tubo fez uma rotação estranha e eles viram-se novamente de pé. A operação toda não deve ter levado mais de trinta segundos.

– Ainda bem que temos mapas – disse Faria. – O que é este nível?

– Este e o próximo são de alimentação e afiliados; produção, plantio, etc. – explicou a tenente-coronel. – O próximo é como o jardim, mas apenas uma gigantesca fazenda robotizada. Segundo o computador, a produção está reduzida ao mínimo, apenas de manutenção e reposição de alimentos que deterioram. O nível seguinte é um gigantesco depósito virado para bens de consumo e bem-estar. Alimentos, roupas, utensílios diversos e por aí afora. Depois, é tudo instalação fabril, depósitos de matérias-primas e depósitos de armazenamentos de material de exportação. O nosso alvo é um sistema fabril especial cerca de doze níveis para cima.

– Caramba, isso aqui é um mundo por si só.

– Verdade – concordou Polanski. – Vamos.

Ela olhou para o mapa e começou a andar, seguindo as marcas. Não ouvia nenhum daqueles sons estranhos e isso deixava-a mais tranquila. Chegaram à praça elevador e subiram direto três níveis. Pela primeira vez depararam-se com robôs trabalhando, mas foram deixados em paz. O nível seguinte era formado por grandes construções e ruas largas o suficiente para passarem veículos de carga. Finalmente ouviram ruídos de movimentos e atividade. Agora precisariam de caminhar quase um quilômetro para chegar a um elevador especial que os levaria para um nível abaixo do desejado.

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