Capítulo 16 - parte 2 (rascunho)

26 4 0
                                    

Sentados na sala do comandante, Fagundes, Luísa, o marido, os filhos e Antônio brindavam à vitória. Polanski, contudo, mantinha-se reservada e apreensiva.

– Que preocupação toda é essa, Polanski? – perguntou o marechal, entre o debochado e o curioso. – Não achas que aquela mulher tem razão no que disse, não é? É apenas uma maluquinha.

– Bota maluquinha nisso, Lú – acrescentou Faria, rindo. – Fala sério, guria.

– Não – retrucou Polanski, muito apreensiva. – Aquela mulher não tem nada de maluca e eu é que seria a maluca por ignorá-la. Ela me falou coisas quando era apenas uma cadete, coisas que me arrepiam até hoje, quando lembro.

– Que coisas? – perguntou a filha, curiosa.

– Tipo que eu iria, no futuro, para um lugar longínquo e que muito provavelmente jamais poderia retornar, além de que eu salvaria muita gente e teria multidões me adorando e seguindo. Ela sabia muito bem, assim como sabia que eu estaria aqui hoje, na vitória. Isso sem falar que descreveu como eu conheceria o teu pai.

– Bah, tchê – disse Antônio, levantando o braço e mostrando-o aos amigos. – Com essa até me arrepiei!

– Ela me disse que eu encontraria vocês, mas admito que nunca tive fé nisso, embora eu desejasse acima de tudo – comentou a doutora Polanski.

– Talvez não fosse má ideia levar a sério o que ela disse – arrematou o doutor Assunção. – Só não faço ideia do que pode ser e que decisões tomar.

– O nosso maior inimigo não são os gafanhotos – disse Luísa, olhando para todos e os filhos até arregalaram os olhos. Sorriu e continuou. – O nosso maior inimigo é o tempo. Por isso, esta primeira vitória foi tão complicada.

– É verdade – concordaram Fagundes e Antônio ao mesmo tempo. – Se tivéssemos este poderio militar quando vocês chegaram a Pégasos, seria fácil exterminá-los; mas, quando chegamos aqui um ano depois, eles eram cem vezes mais.

– Exato. – Luísa acenou com a cabeça, erguendo o dedo indicador e apontando para o superior. – E isso significa que mantinham contato com o mundo central deles. Infelizmente, cometi um erro muito grave ao atacá-los antes de ir para Pégasos. Deixe-os em alerta.

– Bem – disse Paulo, pensativo. – Eles sabem que as nossas armas são fulminantes. Além disso, agora nós podemos estudar os canhões deles porque temos milhares de destroços à disposição; mas sim, precisamos de muito tempo. Eles não têm caças, cuja manobridade é superior e nada que se compare a eles...

– Não podemos pensar na nossa superioridade e sim nos nossos pontos fracos em relação a eles – argumentou Luísa e o marechal Fagundes acenou com a cabeça. – Aquela nave enorme que abatemos, por sinal graças ao fator surpresa, o que poderia nos reservar, por exemplo? Não temos campos de força eficientes contra os raios deles em caso de impacto direto, mas e se usarem o mesmo tipo de armas que nós?

– Tanto melhor – disse o filho. – Os nossos campos funcionam com matéria sólida e não só energia. Nesse ponto, estamos seguros.

– Perfeito. – Luísa sorriu. – Nossos pontos fracos são: tamanho pequeno do efetivo; campos de força inferiores; falta de conhecimentos mais profundos sobre os Krills; incapacidade de comunicação com o inimigo.

– Bem – continuou Antônio, sério. – Não devemos ter mais ogivas nucleares suficientes para outro ataque e, finalmente, eles podem vir a aprender a fazer campos de força capazes de impedir os mísseis. Não precisa ser muito burro para saber como os destruímos e eles devem ter tido muitas chances de descrever as nossas armas.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora