Capítulo 4 - parte 2 (rascunho)

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O pequeno aparelho aeroespacial permanecia parado na plataforma de lançamento de pequenos foguetes, em geral usada para enviar satélites ou fazer experimentos com protótipos. Como eles tinha recursos para decolagem vertical, não precisavam mais de pista, sem falar que, daquela vez, só havia cientistas e militares da equipe. Ao lado da navezinha, a tenente-coronel e o major preparavam-se para entrar enquanto Antônio ajudava o casal e verificava tudo em volta da nave e conferindo pessoalmente todos os ajustes executados nos dois últimos dias.

O trio tornara-se muito amigo e ele tinha preocupação genuína com o bem-estar do par, em especial porque estava ciente das ressalvas da superiora quanto à situação reinante. Sorriu e olhou para ambos, fazendo um positivo.

– Tudo ok e na mais perfeita afinação – disse ele, piscando o olho para a superiora. – Este passarinho tem condições de alcançar a Lua brincando, caso tenha ideias malucas, TC. Radio com alcance ampliado e oxigênio para dois dias sem abusos. Já o combustível que carregam é suficiente para ir até à orla do sistema solar e voltar.

– Se eu fizesse isso, acho que ia virar sargento ou até mesmo uma misera soldado – disse a garota, rindo para o capitão. – Esqueceste que o coronel descobriu a tua farsa e nós dois ficamos ouvindo um discurso por uma hora e meia?

– Verdade – respondeu o capitão, divertido, – Mas não me arrependo nem um pouquinho, tchê.

– E tu por acaso achas que eu me arrependi? – deu uma gargalhada e continuou. – Por mim eu teria ido para a Lua. Só que o TB não parece ser pessoa que a gente possa aprontar e sair ileso. O coronel ainda dá pra levar na conversa.

– Vamos lá, gente – afirmou Paulo. – Daqui a pouco vão começar a chamar.

– Vamos sim – respondeu a esposa, assumindo a sua posição na carlinga. – Como vamos decolar por foguetes, eu saio do chão e, depois, tu podes pilotar um pouco, amor.

Com a carlinga fechada e os tripulantes preparados, Antônio subiu no jipe que o levou para a torre de controle. O tenente-brigadeiro também estava por lá, curioso, sem falar em quatro cientistas responsáveis por alguns dos dispositivos que seriam testados.

Josué virou-se para Antônio, que prestou logo uma continência, e perguntou:

– Capitão, é difícil imaginar algo tão pequeno conseguir sair do chão para o espaço sem qualquer dificuldade. O que pretendem fazer hoje?

– A ideia básica é chegar a Mach trinta sem incinerar nem desintegrar, senhor.

– Escute, capitão, eu não tenho a menor intenção de perder a nossa melhor pessoa, sem falar que o major Assunção também é imprescindível para o projeto. Afinal, o Fagundes já me contou as vossas peripécias.

– Fique descansado, senhor – comentou Faria, tranquilo. – É por isso que eles vão subir para bem alto antes dos testes, para chegar às camadas mais rarefeitas da nossa atmosfera. Este será o teste que definirá o início da construção da espaçonave.

– "Eclipse I preparado. Jatos ativos" – avisou Paulo, interrompendo sem saber. – "Aguardamos a liberação."

– Pode autorizar a decolagem – disse Antônio para o controlador, fazendo um positivo com o polegar. – Claro se nã houver tráfego aéreo.

– Eclipse I, liberado para decolar – disse o operador. – Tudo limpo.

– "Confirmado, terra" – arrematou a tenente-coronel. – "Eclipse I subindo em dez segundos."

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– Pronto, meu amor? – perguntou Luísa. – Vou ativar o preparo dos jatos.

– T menos oitenta segundos, Madame – respondeu o marido, brincalhão. – Depois disso, os foguetes são todos seus.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora