Capítulo 16 - parte 3 (rascunho)

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Luísa tratou de se vestir às pressas e correu para o laboratório de pesquisas da nave. Com a transformação em um porta naves, a maioria das salas foram transformados em hangares e até os camarotes das tripulações eram coletivos, exceto para os oficiais de maior patente. Apesar tudo, deixaram um laboratório razoável ao lado do centro médico e do centro de manutenção. Entrou de um arroubo só e os três calaram-se, assustados.

– Vocês não dormem, não? – perguntou ela.

– Nossa, amor, que susto! – disse o marido, rindo. – Juro que não dei conta do tempo.

– O que vocês ficaram tramando a noite toda? – perguntou, fingindo não saber de nada.

– Bem, TB – começou Antônio. – Eu tive uma ideia, mas acho que vais me chamar de doido.

– E posso saber o teor dela?

– Resumindo bem resumido, eu penso em levar um comando para o planeta dos insetos de modo a contaminá-los.

– Sei – comentou a superiora. – E se eles não tiverem exatamente um planeta e sim forem nômades do espaço?

– Isso não invalida nada, mas complica um pouco porque viveriam em naves gigantes e entrar nelas ficaria mais complicado.

– Exato. – Luísa acenou com a cabeça. – E como seguir os hiper-saltos deles sem seremos detectados?

– Foi isso que nos tomou toda a noite, mãe – explicou a doutora Polanski, sorrindo. – Nós não chegamos a um consen...

– Mas ela já pensou tudo isso – disse Antônio, interrompendo com uma boa risada. – Por isso essa sabatina toda.

Luísa sorriu e o marido abanou a cabeça. A filha, por sua vez, ficou a olhar ora para a mãe ora para o namorado, meio aparvalhada.

– Não vais revelar o teu plano, Lú? – perguntou Antônio.

– A ideia ainda não está toda amadurecida, mas o plano é o mesmo e não é difícil de executar. O primeiro protótipo está em construção, neste momento.

– Onde? – perguntaram os três ao mesmo tempo.

– Júpiter, onde mais? – Luísa riu. – O segredo é chegar ao inimigo sem sermos vistos.

– Mas como? – insistiu o amigo, curioso.

– Com um super-caça individual.

– O que raio vem a ser isso? – perguntou o marido, espantado.

– Uma ideia que tive quando íamos pegar as coisas no polo sul da estação – explicou Luísa, séria. Ergueu a voz e disse. – Newton, apresenta o meu plano.

O computador começou a detalhar o plano, apresentando imagens holográficas do projeto final, e Paulo começou a ficar branco, cada vez mais nervoso. Polanski, que estava de olho nele, notou, mas permaneceu calada.

– Não – murmurou ele, apavorado. – Toninho, me ajuda a tirar essa ideia maluca dela porque tenho a certeza que ela quer ir.

– Mas é a ideia mais genial de todas! – exclamou o amigo de olhos brilhantes. – Eu também quero ir...

– Pelo amor de Deus, seu bando de malucos – murmurou Paulo, sabendo que jamais convenceria a esposa sozinho. Olhou para a filha, esperançoso, mas apenas viu mais uma pessoa interessada na empreitada mais louca e perigosa que já ouviu falar. – Isso é suicídio!

― ☼ ―

A "Marcos Pontes" decolava para Júpiter, majestosa e silenciosa, graças ao controle artificial da gravidade. A maioria dos caças ficou na Terra junto com as outras esquadrilhas, indo apenas dez unidades, por segurança. Quando alcançaram o espaço e Polanski lembrou-se da primeira vez que, junto com Faria, orbitou a Terra a pouco mais de quatrocentos quilômetros. Para ela isso foi há nove anos, mas para muitos dos que estavam a nave foi há mais de duzentos. Luísa, contudo, sentia que fora há toda uma vida.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora