Luísa tratou de se vestir às pressas e correu para o laboratório de pesquisas da nave. Com a transformação em um porta naves, a maioria das salas foram transformados em hangares e até os camarotes das tripulações eram coletivos, exceto para os oficiais de maior patente. Apesar tudo, deixaram um laboratório razoável ao lado do centro médico e do centro de manutenção. Entrou de um arroubo só e os três calaram-se, assustados.
– Vocês não dormem, não? – perguntou ela.
– Nossa, amor, que susto! – disse o marido, rindo. – Juro que não dei conta do tempo.
– O que vocês ficaram tramando a noite toda? – perguntou, fingindo não saber de nada.
– Bem, TB – começou Antônio. – Eu tive uma ideia, mas acho que vais me chamar de doido.
– E posso saber o teor dela?
– Resumindo bem resumido, eu penso em levar um comando para o planeta dos insetos de modo a contaminá-los.
– Sei – comentou a superiora. – E se eles não tiverem exatamente um planeta e sim forem nômades do espaço?
– Isso não invalida nada, mas complica um pouco porque viveriam em naves gigantes e entrar nelas ficaria mais complicado.
– Exato. – Luísa acenou com a cabeça. – E como seguir os hiper-saltos deles sem seremos detectados?
– Foi isso que nos tomou toda a noite, mãe – explicou a doutora Polanski, sorrindo. – Nós não chegamos a um consen...
– Mas ela já pensou tudo isso – disse Antônio, interrompendo com uma boa risada. – Por isso essa sabatina toda.
Luísa sorriu e o marido abanou a cabeça. A filha, por sua vez, ficou a olhar ora para a mãe ora para o namorado, meio aparvalhada.
– Não vais revelar o teu plano, Lú? – perguntou Antônio.
– A ideia ainda não está toda amadurecida, mas o plano é o mesmo e não é difícil de executar. O primeiro protótipo está em construção, neste momento.
– Onde? – perguntaram os três ao mesmo tempo.
– Júpiter, onde mais? – Luísa riu. – O segredo é chegar ao inimigo sem sermos vistos.
– Mas como? – insistiu o amigo, curioso.
– Com um super-caça individual.
– O que raio vem a ser isso? – perguntou o marido, espantado.
– Uma ideia que tive quando íamos pegar as coisas no polo sul da estação – explicou Luísa, séria. Ergueu a voz e disse. – Newton, apresenta o meu plano.
O computador começou a detalhar o plano, apresentando imagens holográficas do projeto final, e Paulo começou a ficar branco, cada vez mais nervoso. Polanski, que estava de olho nele, notou, mas permaneceu calada.
– Não – murmurou ele, apavorado. – Toninho, me ajuda a tirar essa ideia maluca dela porque tenho a certeza que ela quer ir.
– Mas é a ideia mais genial de todas! – exclamou o amigo de olhos brilhantes. – Eu também quero ir...
– Pelo amor de Deus, seu bando de malucos – murmurou Paulo, sabendo que jamais convenceria a esposa sozinho. Olhou para a filha, esperançoso, mas apenas viu mais uma pessoa interessada na empreitada mais louca e perigosa que já ouviu falar. – Isso é suicídio!
― ☼ ―
A "Marcos Pontes" decolava para Júpiter, majestosa e silenciosa, graças ao controle artificial da gravidade. A maioria dos caças ficou na Terra junto com as outras esquadrilhas, indo apenas dez unidades, por segurança. Quando alcançaram o espaço e Polanski lembrou-se da primeira vez que, junto com Faria, orbitou a Terra a pouco mais de quatrocentos quilômetros. Para ela isso foi há nove anos, mas para muitos dos que estavam a nave foi há mais de duzentos. Luísa, contudo, sentia que fora há toda uma vida.
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Estação Júpiter 80
Science FictionEstação Júpiter, o trampolim para as estrelas... uma avetura eletrizante em meio a uma guerra interestelar. Em 2064 a primeira nave espacial brasileira é lançada para o espaço em direção a Júpiter 80, uma estação que orbita Júpiter e cujo objetivo é...