Capítulo 4 - parte 4 (rascunho)

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Logo após o último voo do Eclipse, Paulo e a sua equipe começaram a desenhar o projeto espacial mais ambicioso do país, uma nave que não tinha igual no mundo todo, começando pelo tamanho dela, enorme.

Luísa intensificou o treino da tripulação, que não era pequena, mas também tinha as equipes técnicas a seu critério. Quando os materiais para a construção da gigantesca nave começaram a ser entregues, ela tornou-se impaciente por conta das possíveis brechas de segurança que, a rigor, era controlada pelo coronel Fagundes. Muitos produtos e dispositivos eram manufaturados fora da base, feitos por empresas especializadas e testados com todo o rigor. Dois meses depois do primeiro incidente, o coronel mandou chamá-la.

Polanski entrou na sala, pensativa. Encontrou Fagundes e Josué sentados, conversando. Após a continência, aproximou-se.

– Senta-te aí, filha – pediu o coronel, apontando a cadeira ao lado do tenente-brigadeiro.

– Problemas? – perguntou ela, sentando-se.

– Sim – anuiu Fagundes. – Tivemos mais dois atentados. Foram disfarçados de simples acidentes, mas dá para notar que foram sabotagens.

– Isso é grave – disse ela, preocupada. – Podemos apertar a segurança, mas...

– Mas uma segurança excessiva pode trazer diversos tipos de problemas – disse José, interrompendo. – Soubemos que tem havido atentados em outros países, todos eles relacionados ao Projeto Júpiter.

– Aí complica, senhor.

– Sim, filha – disse Fagundes. – Josué disse que o Estado Maior e o governo estão cogitando uma aliança secreta com os Estados Unidos, mas tememos que isso posso ser mal interpretado com os demais elementos do consórcio.

– Onde eu me encaixo nisso, senhor? – perguntou Luísa, que não entendia direito o que eles desejavam de fato. – Tirando a política, eu posso reforçar certas precauções e aumentar o rigor de seleção de tripulações...

– Sabemos que a senhora se arranja bem com isso – interrompeu Josué, com um sorriso delicado. – O que desejamos também, é tirar a importância do seu marido neste projeto. Desejamos que pensem que o combustível é criação de outra pessoa.

– Sim, isso é lógico porque ele deixa de ser um alvo.

– Exato – disse Fagundes. – Vamos atribuir a responsabilidade da descoberta ao doutor Picollo. Assim, protegemos um dos nossos mais importantes patrimônios.

– Só que Piccolo tem quase tanto conhecimento do assunto quanto o Paulo – arguiu ela.

– Não podemos colocar um Zé ninguém, filha – respondeu Fagundes. – Eu gostaria que falasses com ele hoje e, amanhã de manhã, viessem os dois aqui falar comigo porque preciso que o major Assunção faça algo. Assim, ele estará preparado.

– Claro, senhor – disse Luísa. Olhou o relógio e sorriu. – ainda precisam de mim? É que tenho treino de zero G marcado com uma turma.

– Não, filha, mas tem uma coisa rápida – disse Fagundes. – Na semana que vem, teremos uma visita da imprensa, então preciso que se preparem.

– Sem problemas, senhor – disse Luísa, levantando-se. – Com sua licença.

– Dispensada.

― ☼ ―

Durante o café, Luísa e Paulo conversavam baixo, mesmo estando a sós. Apesar de ela ter instalado dezenas de dispositivos anti-escuta, ainda tomava as suas precauções pessoais.

– Entendeste, amor? – perguntou, após lhe contar a conversa.

– Claro, Lú, mas o que mais ele deseja de mim?

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora