"Quem quis, sempre pôde."
Luís de Camões.
Na praça, Willian subiu para o jardim de forma a sair pela eclusa superior, enquanto o resto da equipe descia para o nível inferior. Assim que alcançaram o piso, os soldados, todos portando sensores na testa espalharam-se e agacharam-se de armas em punho, procurando observar. O cão, entretanto, não deu alarme e nem Luísa sentiu os sons. Nessa hora, ela lembrou-se de algo e perguntou para o Capitão, que estava ao seu lado:
– Escuta, tchê, esses diabos não poderão escutar os sensores?
– Até podem, TC – respondeu Antônio –, mas acho pouco provável porque a frequência é muito alta. Os cachorros não podem ouvir que eu testei.
– Ok – disse, mais aliviada. Consultou o mapa no pulso e fez sinal com a mão para o caminho um pouco mais para a esquerda.
Em silêncio, o grupo avançou, pronto a tudo. Os sensores tinham um alcance de trinta metros e, tudo até essa distância aparecia em forma de brilho holográfico. A tenente-coronel concluiu que não seria necessário ouvirem os sensores para se verem revelados. Ao fim de dez minutos de caminhada ela parou e os militares prepararam-se. Olhou para o cão e fez sinal para os subordinados que notaram logo que ele estava nervoso. Contudo, os sensores não mostravam nada, sinal que ou estavam fora de alcance ou os sonares eram inúteis. Com sinais mandou que se espalhassem e avançassem sorrateiros, enquanto ela e o marido seguiam à frente, com as costas protegidas pelo capitão. Assim que o casal alcançou a esquina de um pequeno prédio, surgiu o primeiro invasor, delineado por manchas e linhas vermelhas. Ele era muito estranho e deixou ambos espantados. Não era possível notar detalhes, mas tinham pernas grandes e dobradas, além de finas. O corpo era estreito na parte de baixo e mais largo na superior, ao mesmo tempo que as costas formavam um arco. O focinho, Luísa não imaginou nome mais adequado, lembrava algo repulsivo. Nesse momento ela deu-se conta que os inimigos eram de origem insectóide. Antes de ela reagir, a criatura ergueu o braço, apontando algo que lembrava uma arma. Mais rápido ainda foi Paulo, que pegou a pistola e atirou. O alienígena nem teve tempo de pensar no que o atingiu e caiu. Logo surgiu um fluído que se tornava visível e verde assim que ficava a uns dez centímetros do invasor, que ainda estava invisível. Luísa aproximou-se, enquanto ordenava:
– Cubram-me e atirem em qualquer coisa que se mexer que não seja dos nossos.
Sabendo que podia confiar neles, chegou mais perto do cadáver e agachou-se, procurando ver algo pelo holograma. Não tardou a identificar algo que lembrava um equipamento, no que seria a cintura da criatura. Com cuidado, arrancou-o dela. Assim que conseguiu, o inimigo tornou-se visível.
– Caramba – resmungou Antônio, que estava mais perto. – Isso aí até parece um parente de gafanhoto!
– Verdade – comentou Paulo, que também se agachou. Ele virou o rosto para a esposa e arregalou os olhos. – Lú, você está invisível!
Polanski virou a caixa em todos os sentidos até que encontrou um botão e conseguiu desligar. Os seus olhos brilhavam de alegria. Olhou para a caixa e para o cadáver. Logo depois voltou a ouvir os sons. Decidida, tomou uma decisão e virou-se para o americano com o cão, entregando o aparelho.
– Andrew, não é? – afirmou mais que perguntou, mas o sorriso de anuência do militar confirmou. – O senhor vai levar esta coisa para a minha filha e explicar-lhe tudo, ok? Afinal, acabamos de saber que não dependemos dos cães.
– Sim, Tenente-coronel – respondeu o americano com uma continência. – Não acha que seria bom levar o corpo, senhora?
– Pensei nisso, sargento – disse ela –, mas acontece que o DNA dele impedirá o elevador de funcionar. De qualquer forma, bandidos desses, para matar, não vai faltar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Estação Júpiter 80
Science FictionEstação Júpiter, o trampolim para as estrelas... uma avetura eletrizante em meio a uma guerra interestelar. Em 2064 a primeira nave espacial brasileira é lançada para o espaço em direção a Júpiter 80, uma estação que orbita Júpiter e cujo objetivo é...