Capítulo 8 - parte 1 (rascunho)

26 3 0
                                    

"Nos perigos grandes, o temor é, muitas vezes, maior que o perigo."

Luís de Camões.

Paulo sentia-se apreensivo com a divisão do grupo, mas admitiu que era necessário. Preferia, contudo, ter ficado com a esposa, só que também sabia que, sendo o segundo maior posto, deveria ser ele a liderar o grupo. Foi com esse ânimo um tanto relutante que começou a se afastar da mulher porque os caminhos acabavam divergindo. O rádio que ela passou a seguir só o deixou ainda mais preocupado; mas, daquela vez, com ambos os grupos. Seguindo as ordens, não respondeu, mas apressou a equipe, obrigando-os a um trote acelerado.

Eram todos militares, ao contrário da equipe da esposa, por isso, eles começaram a marchar em passo de corrida lenta. Paulo, nesse momento, lembrou-se dos exercícios que ela o obrigara a fazer todos os dias, e ele e a todos os cientistas, e agora via como a atitude foi acertada. Lembrando-se daquele primeiro dia não segurou um sorriso pequeno ao pensar no beijo após sair do avião; o beijo que mudaria a sua vida para sempre... e para melhor.

Com esses pensamentos só se deu conta da praça quando já estavam todos nela. Pararam e observaram-na com atenção.

Depois da praça havia diversos caminhos para direções variadas, mas não encontraram nenhuma indicação. Curioso, Paulo aproximou-se daquele muro em arco e contornou-o, localizando o painel com as inscrições. Sem falar nada, estaliu os dedos para chamar a atenção do tenente Ricco e apontou. O oficial apressou-se em ler e traduziu o texto, confirmando que o caminho era aquele mesmo. Ao ver a seta para cima, fez as mesmas observações da tenente-coronel, mostrando ao major.

Repetindo os passos da esposa, começaram a flutuar, no início devagar, mas acelerando rápido. Achando que era motivo para quebrar o silêncio de rádio, pegou nele e disse:

– Atenção. Vocês vão encontrar uma praça onde no centro está o controle de um elevador gravitacional.

– "Já estamos a meio caminho, Major" – disse Luísa. – "Lá em cima reorientaremos. Fiquem no aguardo e traduzam qualquer mensagem que possa surgir."

Sem mais palavras, eles foram subindo, apreensivos. Assim que estavam a poucos metros do teto, o círculo grande abriu-se em íris e o grupo passou. Mal chegaram ao outro lado, pararam de subir e o círculo fechou-se. Devagar, desceram e pousaram sobre outra praça idêntica à de baixo, mas com caminhos em quatro direções perpendiculares entre si. Dez segundos depois, uma gravação voltou a tocar e o grupo fez silêncio para Ricco poder ouvir e traduzir.

Ele sorriu e disse:

– Eis o conteúdo da gravação: "Atenção, área de segurança interna, limpa de riscos. Apenas humanos com DNA puro ou animais terrestres podem penetrar aqui. Dirija-se o quanto antes para o centro de comando na cúpula superior."

– Bem – começou Paulo, pensativo –, pelo que imagino, estamos relativamente seguros, mas, mesmo assim, a gravação insiste para nos dirigirmos para a ponte ou seja lá o que for. Há alguma indicação de direção, Tenente?

Ricco olhou para o painel que estava de frente para o grupo logo após a abertura e apontou para lá, aproximando-se.

– Há várias direções, senhor – afirmou, convicto. – O centro de comando é bem em frente e ali, mais para a direita, ficam os laboratórios. Suponho que o caminho da TC foi para lá.

– Faz sentido. Parabéns, Ricco, noto que está cada vez mais fluente – respondeu o superior, pensativo. Logo depois, continuou, decidido. – Vamos para o centro de comando. Se a Lú foi para aquele lado, não vale a pena perdermos tempo.

Começaram a andar, mais aliviados com a relativa segurança. Apesar disso, não relaxavam a vigilância. A estação era tão grande que parecia um mundo por si, o que dava uma impressão estranha no grupo. Aquele nível era mais aberto, mas parecia ser uma pequena cidade de armazéns ou qualquer coisa do gênero. As ruas eram largas o suficiente para permitir a passagem de veículos de carga, mas parecia apenas uma cidade-fantasma, apesar de bem iluminada. Caminharam um bom pedaço até que viram outra praça similar à primeira. Pensativo, Paulo arrematou:

– Essas praças são elevadores, simples assim. – Apontou a placa e perguntou. – Tenente Ricco, o que está escrito?

O oficial aproximou-se e leu com atenção. Sorriu e respondeu:

– Temos duas direções. – apontou para baixo. – Desce para a área residencial ou sobe para a cúpula e jardim.

– Não fala em comando?

– Aqui não, mas sabemos que a gravação mandava ir para a cúpula superior.

Contrariado, o major coçou a cabeça, enquanto avaliava se justificaria um chamado pelo rádio.

― ☼ ―


ESTE trecho ficou curto porque, com o próximo ficaria demasiado extenso para colocar junto. Espero que estejam gostando. Abraços o boas leituras.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora