A porta abriu-se em silêncio, obedecendo ao toque na placa lateral. Paulo, ao lado da esposa, não pôde deixar de sentir um certo arrepio, comparando com uma casa mal-assombrada. Sacudiu a cabeça, empertigado, e avançou, atento a cada detalhe. As luzes acenderam-se assim que atravessaram a porta, mas nenhuma gravação adicional surgiu. Isso mostrava que a estação estava em perfeito estado de conservação, apesar de não se ver ninguém, nem pessoas nem máquinas. O corredor ia para três lados. Dois eram laterais e deviam marginalizar a estação e, bem à frente deles, estava o terceiro, que era radial.
– Muito bem – murmurou Antônio. – Esse segue em direção ao centro, embora eu não acredite que chegue lá. Se chegar, teremos uma caminhada de uns dez quilômetros.
– Será que, em um lugar tão grande como este, não haveriam esteiras rolantes ou veículos? – perguntou-se Ana, pensativa.
– Faz sentido, essa pergunta – disse Polanski. – Vejamos. Esta estação tem vinte quilômetros de diâmetro, mas, segundo as medições, as abóbodas possuem apenas oito por quatro de altura. Isso quer dizer que para chegarmos na periferia delas só precisaremos de andar seis quilômetros, coisa de uma hora em passo normal. A questão mesmo é chegar aos níveis superiores.
– Confere, Lu – disse Paulo, pensativo. – Por outro lado temos uma altura de duzentos metros e não sabemos se as cúpulas estão na superfície ou entram para baixo.
– Isso é fato e nós estamos aproximadamente uns cinquenta metros abaixo do centro vertical de acordo com as observações que eu fiz ao entrarmos no hangar – continuou Antônio. – Eu arriscaria o seguinte palpite: a cúpula de baixo deve ser uma área operacional, sei lá, como produção de alimentos. Já o interior da estação deve ter todo tipo de recursos para manutenção de naves. Afinal, não se esqueçam que o seu propósito inicial era montar a primeira nave interestelar. Finalmente, a cúpula superior deve ser o setor administrativo, de laser e residencial.
– Até faz sentido – disse Luísa após pensar. – Por enquanto seguimos juntos, mas depois vamos nos dividir para abranger uma área maior.
– Se me permite, senhorra – disse o americano –, peço que os meus homens vão na vanguarda. Afinal, eles serem soldados de elite.
– De acordo – respondeu a comandante. Fez sinal com a mão, apontando para a frente e continuou. – Vamos a isso.
Os soldados americanos tomaram a dianteira e o pequeno grupo começarou a caminhada rumo ao desconhecido. Andaram por uns vinte minutos sempre atentos a tudo, bem devagar. À medida que avançavam, viam que o corredor terminava logo à frente e parecia desembocar em um salão ou similar. Com toda a calma e cuidado, foram se aproximando. À medida que os detalhes foram se tornando visíveis, Luísa noto que era um salão enorme e arredondado, cheio do que pareciam ser colunas de sustentação.
O local, logo na entrada, onde a equipe parou para observar, tinha uma espécie de balcão de grande extensão, talvez os seus trinta metros de extensão por dois de largura. Dali, diversas esteiras rolantes, nos mesmos moldes dos aeroportos, seguiam e várias direções, algumas deles para uma espécie de esteira circular rotatória que possuía aberturas para vários lados, seguindo por mais esteiras para os fundos ou lados do salão. Junto, havia caminhos para quem desejasse observar, acompanhar ou até mesmo fazer manutenção. Era tudo tão bem iluminado que parecia que voltaria a operar a qualquer momento, só que estava parado. A única coisa que funcionava era a ilumninação.
– Isso aqui tem cara de um centro de triagem e distribuição de insumos – resmungou Luísa, pensativa. – Até faz sentido.
– Com certeza – anuiu Antônio, apontando para trás. – Um hangar bem grande e corredor espaçoso pra caramba. Provavelmente o hangar era para naves de carga e o corredor largo o suficiente para os veículos de transporte das insumos poderem passar, veículos esses que largavam as mercadorias aqui no balcão e por algum processo manual ou automático, eram distribuídos para os mais diversos lugares da estação, centros fabris, alimentícios e por aí afora.
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Estação Júpiter 80
Science FictionEstação Júpiter, o trampolim para as estrelas... uma avetura eletrizante em meio a uma guerra interestelar. Em 2064 a primeira nave espacial brasileira é lançada para o espaço em direção a Júpiter 80, uma estação que orbita Júpiter e cujo objetivo é...