Capítulo 8 - parte 4 (rascunho)

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Andrew e Jack andavam com cuidado porque nenhum dos dois ainda se sentia bem, especialmente ele que tinha o plexo solar cada vez mais sensível, mas não fazia sentido porque a região só costuma doer quando se corre demais respirando errado. Colocou a mão sobre a região e pressionou um pouco, tateando. Teve a impressão que estava um pouco inchado, mas não tinha certeza porque o máximo que sabia em medicina era respiração assistida e mais alguns procedimentos simples de pronto socorro para colegas feridos, caso acontecesse. Desistiu e voltou a andar.

Enquanto caminhava, o americano verificou a munição da arma, colocando balas no pente para substituir as cápsulas deflagradas.

– Jack, avise se ouvir ou cheirar algo diferente.

O gigantesco quadrúpede apenas moveu a cabeça, olhando para ele em assentimento. O jeito daquele belo animal andar lembrava mais um tigre do que um cão por ter um quê de felino de se comportar, todo esticado e com passos tão suaves que até parecia que estava prestes a flutuar enquanto os poderosos músculos ficavam mais destacados dependendo da posição em que a pata estava no caminhar, ao mesmo tempo que, sob a pele de cor dourada, os ossos dos membros deslocavam-se, dando-lhe um ar verdadeiramente majestoso. Andrew amava aquele animal tanto quanto amava a família. A seguir, continuou andando por algum tempo até que chegou a uma bifurcação e parou, cheirando e ouvindo. Após cerca de trinta segundos, virou-se e disse, na sua estranha linguagem de sinais:

– "Para lá há muitos inimigos, mas é o caminho que nós viemos. Risco muito elevado. Já para esta bifurcação não sinto nada."

– "Os caminhos parecem quase paralelos" – respondeu o militar usando a mesma linguagem de sinais para não precisar de falar, evitando chamar a atenção. – "Seguiremos por aqui. Em última instância, eu uso o rádio."

Com cuidado e sempre de arma em punho, o par seguia rápido em direção ao centro da estação. Andrew perguntava-se o que seriam essas criaturas, mas de uma coisa tinha a certeza: não eram humanos e isso explicava a questão da gravação no hangar. À medida que avançavam, ele notava que o cão estava mais tranquilo e isso contribuiu para o deixar mais aliviado, uma vez que era sinal que se afastavam do inimigo, fosse lá o que fosse, mas a dor persistia e ele começou a cogitar na hipótese de o raio não só o ter atordoado, mas também ferido por dentro. Não tardou a se deparar com uma praça espaçosa, porém não muito grande. Várias ruas convergiam para ela e Andrew pôs-se a investigar. Achava estranha, aquela pequena mureta em forma de arco e deu a volta para olhar melhor, encontrando o painel de informações. Assim que viu as setas, olhou para cima e notou que, no teto a uns trinta ou mais metros, havia uma marca redonda grande, dando ideia de uma comporta em forma de íris. Olhou para o piso e havia outro círculo bem onde se encontrava, concluindo que estava de frente a um tipo de elevador. Lembrando-se que teriam de ir para a cúpula superior, não pensou duas vezes e mandou o cão ficar ao seu lado, tocando a seguir na seta para cima. Sentiu logo um puxão e começou a flutuar devagar, ao mesmo tempo que o cão soltou um ganido assustado.

– Calma, Jack – disse ele, segurando a coleira e fazendo um carinho no animal. – Isto não é nada, comparado com o que já passamos. Temos que ter fé.

O bicho acalmou-se e chegaram ao nível seguinte sem dificuldades. O soldado olhou em volta, pensativo. Não muito longe, talvez uns cem metros, ele viu um edifício branco e grande. O resto parecia o pequeno bairro residencial ou depósitos, coisas que não lhe interessariam, nem a ele e muito menos ao cão. Finalmente, olhou para cima e pensou no nível seguinte, já que deveriam alcançar a cúpula. Uma gravação tocou e ele não entendeu nada, apesar de muitas palavras serem derivadas do inglês. Por isso, optou por ignorar a mensagem.

Andrew ficou dividido: ou ele subia ou ele procuraria vestígios da comandante e o local mais lógico deveria ser perto do edifício branco; ou mais ainda para a esquerda. Poderia resolver tudo com o rádio, mas preferiu evitar e seguir as ordens de silêncio por achá-las bem sensatas. O que quer que fosse o inimigo, ele tinha uma tecnologia muito superior, já que sabia ficar invisível. Colocou a mão esquerda pressionando o abdômen por uns segundos, sentindo um pequeno alívio da dor que aumentava sem parar, devagar, mas sem parar.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora