"Caminhante, faz teu próprio caminho!
Porque é no avançar que ele é desbravado.
O futuro é um escrito enrolado, no escuro secreto de um pergaminho."José Luiz da Luz.
– ...um, zero... ignição.
– Temos ignição – confirmou Luísa, voltando à realidade. Sem se conter, sorriu. Sim, a cartomante havia acertado de novo. Ela ia fazer uma viagem muito longa e precisou de fazer grandes sacrifícios, mas, de certa forma, burlou alguns deles com outras escolhas, ludibriando o destino graças ao marido. Na verdade, aquele par completava-se muito bem, além da grande harmonia.
Os grandes bocais de jato lançaram chamas gigantescas fazendo a nave subir, de início devagar e, logo a seguir, com uma aceleração bastante intensa, prensando todos contra as poltronas especiais.
– Dez segundos e dois g – disse Luísa. – Tudo em ordem na nave.
– Tempo para a separação dos impulsores será de noventa segundos – disse Paulo, compenetrado. – Preparando os foguetes primários. Teremos reação em oitenta segundos.
– Confirmado, Major – anuiu Faria do seu console. – Separação no prazo previsto. Controles de pilotagem ainda em automático; assumirei no momento oportuno.
– Dois ponto cinco g. O nosso pássaro tá fazendo bonito – disse Luísa, não cabendo em si de felicidade. Ela não podia estar mais contente do que naquele dia. No final, conseguiu que o marido a acompanhasse, apesar de todas as dificuldades e temores.
– Faltam sessenta segundos – alertou o piloto.
Nesse momento, Luísa sentiu uma pequena, muito sutil diferença nas vibrações da nave. Era algo que não saberia explicar a não ser pelo instinto, mas isso já vinha de criança. Qualquer mudança, por menor que fosse, ela sentia e alertava o pai. Com isso, salvou a ambos, uma vez, quando o avião ameaçou entrar em pane.
– Tem algo errado – disse, reagindo de imediato. – Engenharia, verificar tudo imediatamente. Checagem duplicada. Capitão Faria, prepare-se para o caso de precisar de assumir os controles...
– "Atenção, Tenente-coronel Polsanki" – interrompeu a equipe de terra. – "O que está acontecendo? Nossos sistemas de diagnóstico não acusam nada."
– Se a Tenente-coronel Polanski diz que tem algo errado, então tem algo bastante errado – resmungou Antônio, sério. – Quem já voou com ela sabe muito bem disso, só que meus instrumentos estão todos no verde.
– Cem por cento de acordo com você, Capitão – disse Paulo, rindo. – Mas aqui também não tenho nenhum registro de falha.
– Pero yo lo tengo – disse o segundo engenheiro, lívido. Nesse momento, o alarme disparou de forma ensurdecedora.
– O que foi? – perguntou Luísa, sem perder a calma. – Tente falar português.
– A turbina três... – As três turbinas de impulso formavam um triângulo isósceles onde o centro de gravidade da nave ficava no centro geométrico deles.
– Acho que vai explodir – disse Paulo, olhando os displays de diagnósticos dos equipamentos da nave. – Alguma coisa parece ter acontecido com a válvula reguladora de pressão.
– Mudando para manual – disse Antônio, reagindo no ato para não perder tempo. Ele sabia que cada segundo, a partir daquele momento, seria decisivo.
– Major, quanto tempo para os propulsores da nave entrarem em atividade?
– Não vai dar tempo, TC – afirmou Paulo, assustado. – Acho que deu pra nós.
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Estação Júpiter 80
Science FictionEstação Júpiter, o trampolim para as estrelas... uma avetura eletrizante em meio a uma guerra interestelar. Em 2064 a primeira nave espacial brasileira é lançada para o espaço em direção a Júpiter 80, uma estação que orbita Júpiter e cujo objetivo é...