Capítulo 12 - parte 1 (rascunho)

32 3 0
                                    

"Não diga que a vitória está perdida, se é de batalhas que se vive a vida."

Raul Seixas.


A eclusa do hangar que ligava o setor fabril mais protegido da estação estava aberta com um duto de conexão à "Marcos Pontes" ligando ambas.

Mas telas de rastreamento da nave, havia sempre dois elementos observando o espaço atentamente, uma vez que estavam em posição bastante exposta. Com a ajuda da filha, Luísa solicitou que alguns itens adicionais fossem instalados, especialmente uma unidade de ensino hipnótico, um dispositivo um tanto recente que era capaz de ministrar conhecimentos mediante hipnose. Era usado apenas em casos especiais porque a maioria das pessoas que aprendiam daquele jeito não retinham as informações, exceto se tivessem uma inteligência muito aguçada e excelente memória. A tenente-coronel esperava que, com aquele equipamento, fosse possível atualizar alguns dos cientistas, inclusive ela mesma. O primeiro a entrar no treinamento foi o capitão Faria e o major Assunção. Ela entraria no treino quando eles saíssem e estivessem a caminho com um leve desvio pela Terra. Luísa sugava toda e qualquer informação útil sobre os tempos modernos e o inimigo, sendo que um dos itens que foi levado para um dos depósitos da nave foi um laboratório de física e engenharia e outro de biotecnologia, onde o filho, doutor Paulo Assunção pesquisava os prisioneiros, enquanto a filha, o marido e o capitão Faria, este último apenas nas horas de folga da pilotagem, estudavam os equipamentos apreendidos.

Tudo isso custou-lhes dez dias na estação, mas a nave brasileira zarpou muito bem equipada e preparada, inclusive com um excelente computador quântico que possuía o seu terminal pessoal que ela tanto gostou, da mesma forma que a filha com Artur. Outra coisa que aproveitaram para fazer durante esse tempo foi mobilizar todos os militares em uma força tarefa para varrer a estação e neutralizar ou destruir qualquer ser alienígena. Ainda conseguiram pegar mais dois vivos e matar outros seis.

– Caramba, mãe – disse a doutora Polanski, sentando-se com ela no refeitório. – Em poucos dias aqui e tu já conseguiste mais resultado que estes quarenta e sete anos de guerra.

Comeu um pedaço de carne com ervilhas e continuou:

– Meu padrasto dizia que se estivesses viva tu e o capitão já teriam acabado a guerra com a vitória para nós há muito tempo. Agora eu acredito nisso sem contestar.

Luísa olhou para a filha e disse, pensativa:

– Sinto muita falta do coronel. – Suspirou, decidida. – De uma coisinha podes ter a certeza: eu vou acabar esta guerra, ou morrer tentando. Também preciso de aprender a atual estrutura social e política da humanidade. Mas isso tem tempo.

Olhou para o pulso, onde o bracelete que Newton lhe arranjou projetava uma grande quantidade de informações, e levantou-se, pegando o copo e tomando a água toda de um gole só.

– Está na hora de voarmos – disse, sorridente. – Quero ver as melhorias em ação.

– Estarei no laboratório que quero estudar aquele gerador de refração – disse a filha, voltando a comer enquanto observava a mãe sair. Em duzentos e poucos anos de vida, ela não se lembrava de ter sentido tanta felicidade, em especial depois que conheceu Faria pessoalmente. Sorridente, terminou de almoçar e foi para a sua pesquisa, enquanto os alto-falantes da nave passavam a mensagem da ponte.

– "Atenção aos cientistas e tripulantes" – disse a voz da tenente-coronel por todos os lados, exalando boa disposição. – "Em cento e oitenta segundos a nossa maravilhosa nave 'Marcos Pontes' vai iniciar o seu voo para outra estrela. Inicialmente iremos até à órbita de Marte, onde chegaremos em seis horas, e faremos um desvio para observar a Terra e estudar o invasor com um dos caças de combate. Depois, aceleraremos até à velocidade da luz e tomaremos rumo para um supersalto com destino ao planeta Pégasos, o atual sistema principal da humanidade, até podermos salvar a nossa amada Terra. Com as inovações colocadas neste belo pássaro verde e amarelo, não precisam mais de se preocupar com câmaras de sustentação e poltronas especiais, mas, nos momentos e pontos críticos, é recomendado sentar e afivelar os cintos. Partida em cem segundos e contando."

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora