Capítulo 5 - parte 1 (rascunho)

29 4 0
                                    

"Coisas impossíveis, é melhor esquecê-las que desejá-las."

Luís de Camões.


As medidas de segurança precisaram de ficar gradativamente mais rígidas há medida que o tempo passava, mas a nave crescia a olhos vistos e já tinha o aspecto real de uma espaçonave. Durante três anos Luísa dedicou-se quase que só a treinar equipes e gerenciar os laboratórios. Marques tentava a todo custo ser da equipe deles, mas era sempre negado, tendo inclusive pedido para Fagundes interceder, mas o coronel foi claro em enfatizar que ela era a responsável pelas escolhas da equipe. Tinham reuniões constantes sobre questões de segurança, algumas delas com o apoio de Antônio. Foi em uma dessas reuniões que o coronel Fagundes descobriu que ela e o marido não tiravam férias há quatro anos, desde o ITA e, zangado, obrigou-os a saírem de férias.

Luísa e o marido foram para o Sul de forma a Paulo conhecer a família dela e aproveitaram para ir a uma clínica especial , em segredo, onde congelaram alguns embriões fertilizados deixando instruções bem específicas caso acontecesse algo. Era o tão sonhado plano de terem filhos no retorno dela de Júpiter.

No dia em que retornaram a Alcântara, foram recebidos com uma explosão bem na hora que pousava o helicóptero. O aparelho mal tocou o solo e o casal já pulou, correndo para o local que não era longe.

A explosão ocorreu em um depósito secundário que continha produtos químicos, só que as normas de segurança que tinham descartavam a hipótese de acidente. Os dois tentaram ajudar, mas já havia bastante gente. No chão, junto à entrada, dois corpos estavam cobertos com um pano. Uma mão segurou o ombro dela e Luísa virou o rosto, reconhecendo o coronel.

– É, filha, o segundo atentado esta semana e o primeiro com vítimas fatais – disse ele. – Vão para os vossos alojamentos desfazer as malas e conversaremos mais tarde.

– Sim senhor – disse o casal ao mesmo tempo. Fizeram uma rápida continência e saíram.

A arrumação foi relativamente rápida e o casal foi para a sala do coronel. Assim que entraram, viram o tenente-brigadeiro sentado. Fagundes mandou-os entrar e sentarem-se.

– Bem – começou Fagundes, sério. – O Tentente-brigadeiro é de opinião que cometemos um pequeno erro tático que foi concentrar toda, quase toda, na verdade, a manufatura da nave aqui. Ele é de opinião que deveríamos ter dividido em alguns complexos fabris espalhados pelo país e montado aqui a nave. A questão é se vale a pena fazer isso agora.

– No meio da Guerra fria, há pouco mais de cem anos – disse Polanski, pensativa –, o ocidente construiu o avião mais rápido do mundo para poder espionar a extinta União Soviética voando na estratosfera e em velocidades tão altas que os mísseis não os alcançavam. Foi durante décadas o avião mais rápido do mundo. A construção dele foi feita assim, as partes eram encomendadas a variadíssimas fábricas espalhadas por alguns países. Como recebiam apenas o desenho da peça em questão, não havia com saberem nada, logo não há problema, a meu ver.

– Seria um grande erro – contradisse Paulo. – Vejam, estamos há quatro anos nisso e estamos com o projeto da nave adiantado. Em 2064, mais tardar 2065, a nave poderá voar. Muitas coisas têm, que ser feitas aqui e algumas até testadas e refeitas. A descentralização, vai nos atrasar alguns anos, em especial porque, para mandar construir muitas das coisas, teriam de ser criadas as indústrias para tal.

– O Major Assunção tem razão – disse Polanski. Ia falar algo mais quando a porta se abriu sem aviso e Marques entrou. Na dúvida, Luísa permaneceu calada.

– Major – disse o tenente-brigadeiro. – Estamos em uma conversa classificada. Saia, por favor.

– Claro, senhores – disse ele, fazendo uma continência mais formal por ser Josué e saindo.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora