Fagundes recebia toda a tripulação da "Marcos Pontes" em uma recepção oficial promovida pelo governo do qual ele fazia parte. Luísa veio a saber que o governo de Pégasos era um conselho formado por cinco pessoas, duas delas militares, uma cientista e outras duas civis, sendo que a presidência do grupo era alternada todos os biênios. O processo eleitoral era complexo e ela não se interessou em aprender os detalhes, mas notou muito bem que o marechal era crucial e com um poder de influência absurdo. Notou também que a população vivia muito bem e não tinha qualquer tipo de restrição à sua liberdade.
Quando estavam a mesa, com ela sentada ao lado de Fagundes, ele disse baixo, sorrindo:
– O que te inquieta tanto, filha?
– Quero libertar a Terra, senhor – respondeu à queima-roupa e o coitado do marechal até engasgou. Após alguns segundos, ele afirmou, mais sério:
– Quando a recepção acabar, conversaremos melhor... a portas fechadas. Isso, filha, é demasiado delicado e eu imagino que a Lú já te contou algumas coisas.
– Senhor – disse ela, levantando a voz, sem querer. – Eu posso derrotá-los e libertar a Terra.
Fez-se silêncio completo e todos os convidados olharam para o par, alguns com pena da moça. Imaginaram que os transtornos na nave durante a viajem devem ter mexido com a sua cabeça provocando graves problemas psicológicos por conta disso.
– Calma, gente – disse Fagundes. – Ela apenas está conjeturando, não se preocupem.
– Desculpe senhor – murmurou Luísa. – Saiu meio sem querer, mas eu posso vencer e tenho provas disso.
– Muito bem – respondeu ele, com um suspiro. – Depois do evento, sairemos de fininho e vamos para a sala de reuniões.
A pequena festa ainda durou mais duas horas até que Luísa, o marido e os filhos com Antônio junto, foram para a reunião enquanto os demais se recolhiam aos alojamentos. Polanski, que não era dada a rodeios e muito menos a perder tempo, foi direta ao assunto, contando tudo o que aconteceu até chegarem à estação. Depois, disse:
– Senhor, enquanto estivemos por lá, tive a oportunidade de enfrentar esses demônios e, também, estudá-los. O senhor me conhece e eu preciso de libertar a Terra, mas não serei capaz de fazer isso sozinha!
– É impossível combatê-los, filha. São muito mais fortes do que nós – retrucou o marechal. – Afinal que provas são essas que tu tens?
– Senhor – começou Luísa, estendendo o chip do combate na Terra –, admito que foi um pouco de sorte, em especial ter encontrado os nossos filhos na estação. Logo que atracamos, um dos nossos homens desapareceu e foi assim que descobrimos que podíamos enfrentá-los.
Seguiu contando a história completa, deixando o superior de olhos arregalados.
– Eu sabia que não podia fazer nada sozinha, então decidi rumar para cá antes de atacar, mas fiz um voo de reconhecimento na Terra com os caças que foram modificados na estação. As nossas armas modernas, agora primitivas, são o que há de mais mortal para eles porque os campos de força não seguram – insistiu, continuando o relato. – Sozinha com a minha filha matamos um monte deles. Como disse, já aprendemos como os ver e, com sorte, o meu filho pode fazer alguma guerra biológica estudando os prisioneiros.
– Prisioneiros? – perguntou o Fagundes, arregalando os olhos de novo, enquanto apertava um botão virtual no seu bracelete. Um ordenança entrou e ele pediu. – Me arruma um aparelho antigo onde eu possa ver esse chip.
– Sim, pai – disse o doutor Paulo, alegre. – Conseguimos prisioneiros vivos graças à minha mãe e a sua equipe.
– Bem, Tenente-coronel, qual a tua sugestão para os derrotares?
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Estação Júpiter 80
Science FictionEstação Júpiter, o trampolim para as estrelas... uma avetura eletrizante em meio a uma guerra interestelar. Em 2064 a primeira nave espacial brasileira é lançada para o espaço em direção a Júpiter 80, uma estação que orbita Júpiter e cujo objetivo é...