Capítulo 2 - parte 7 (rascunho)

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Não esperou resposta e mergulhou em ângulo agudo, soltando um grito de alegria.

– Ao ataque, Assunção – berrou, alegre. – Morte aos ignominiosos invasores da nossa pátria amada. Vamos nessa!

Apesar de tudo, o major ainda parou para pensar como ela se transformava dentro da carlinga de um caça. A major séria e autoritária dava lugar a uma menina alegre e intrépida, capaz das mais loucas proezas como se tudo fosse apenas uma brincadeira de roda dos tempos do ensino fundamental. O seu rosto, que já era tão jovial, parecia ainda mais novo, dando ideia que se transformava de fato em uma menina despreocupada. Não pôde deixar de admirar incondicionalmente aquela mulher, em especial o piloto, e entendeu o motivo de Luísa ter tantos fãs, mesmo sendo quase que desconhecida pessoalmente. Por outro lado, deu-se conta de que essa talvez fosse a sua maior e mais poderosa arma porque levava todo e qualquer um que não a conhecesse a subestimá-la; isso, sem sombra de dúvidas, era a sentença de morte do inimigo e foi o que lhe aconteceu quando se conheceram. Os seus devaneios foram interrompidos quando notou que se aproximavam do inimigo. Travou as metralhadoras no alvo, mas, quando começou a disparar, o capitão Faria reagiu com uma velocidade e precisão impressionantes, obrigando a sua máquina a um mergulho com virada para estibordo. Por um segundo, ele viu a barriga da aeronave e as balas passarem bem perto enquanto o computador acusava um acerto de raspão que não teve qualquer tipo de consequência maior na nave. Agora, o avião inimigo mergulhava em parafuso para atrapalhar as miras.

Para horror do major Assunção, Luísa mergulhou atrás dele fazendo o parafuso similar de modo a emparelhar para atingi-los.

– Você vai nos matar, sua maluca de pedra – berrou Paulo, muito assustado. – Suba logo essa coisa dos infernos, pelo amor de Deus.

– Cale-se e concentre-se – disse ela, voltando a ser a chefe fria e calculista. – Ele vai arremeter nos próximos segundos e ficará todo exposto. Quando ficar vulnerável, será por menos de um segundo, então deixe de frescura a prepare-se.

Com o ego ferido, ele calou-se e olhou para o alvo. Mal fez isso, aconteceu o previsto e Assunção atirou. Nem teve tempo de recorrer ao computador, usando o disparo manual, mas, na imagem do computador, o avião "inimigo" explodiu.

– É isso aí – berrou a major, rindo alto. – Paulo, tu és um atirador nato; muito bom mesmo. Um a zero.

O major inchou de orgulho e alegria. Logo depois, veio o estalo do alto-falante e a voz do Faria.

– "Um a zero, Major" – afirmou ele. – "Quem foi que atirou que nem recorreu ao computador? Não recebi aviso de travamento de mira!"

– O nosso major aqui é um atirador nato, Capitão. Preparem-se que vão perder de novo. Querem atacar outra vez?

– "Vamo nessa" – disse Marques, entrando na conversa.

– Quem sabe a senhora nivela esse avião antes que a gente dê com os costados em terra e vire carvão – pediu o major, aflito.

A garota desligou a comunicação externa e disse:

– Ainda estamos muito alto e pretendo me esconder no meio das nuvens que estão bem densas – explicou a moça. – Prepare-se que eles não cairão nesse truque uma segunda vez. Faria é demasiado bom e esperto. Vamos voar em velocidade baixa para apagar a assinatura de calor das turbinas.

Logo que alcançou o nível desejado, ela endireitou a avião e reduziu tanto a potência dos jatos que nem se ouvia quase nada. Segundos depois, o avião inimigo começou a acelerar para ir no seu encalço, mas a direção tomada era a última posição conhecida.

– As nuvens estão tão densas que atrapalham o radar e os sensores infravermelhos não nos captarão – disse, descontraída. – Major, fica de olho no radar...

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora