Capítulo 2 - parte 3 (rascunho)

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Uma hora depois, o avião decolou da base aérea de Canoas. Dentro, iam cerca de doze cientistas, a major Polanski, o capitão Faria e a tripulação do avião.

Setenta e dois minutos depois, pousaram no pequeno aeroporto de São José dos Campos e o avião da FAB parou em um ponto afastado do setor comercial, onde três vans já esperavam por eles. De pé e em frente a elas, um homem com uniforme de major, além de um ar não muito amistoso, aguardava pela equipe. Ele, ao ver que estavam todos à paisana, franziu a testa, contrariado. Olhou para o computador de mão, aproximou-se do grupo e disse:

– Bom dia, senhores e senhoras. Sou o major Paulo Assunção e sou o diretor responsável pela equipe científica do projeto. Os cientistas devem se dirigir para aquelas duas vans – apontou para os dois veículos à sua esquerda sem nem mesmo olhar –, e serão levados para os alojamentos onde deixarão as bagagens. Após, serão levados a um auditório onde serão inteirados das respectivas atividades e designados aos setores das suas competências.

Devagar, os cientistas deslocaram-se para a direção indicada e o major voltou a olhar para o computador de mão, continuando:

– Eu deveria vir aqui receber o capitão Faria e um tal de major L. Polanski – olhou para o par que ficara. – Imagino que o senhor seja o major e que vai assumir a direção-geral do projeto.

– Não, senhor – respondeu Faria, que já sentia como as coisas iam acabar só pelo jeito que olhou a major. – Sou o doutor Antônio Faria e capitão da força aérea, ou seja, o capitão Faria.

Assunção olhou para a Polanski e questionou, contrariado:

– Por que motivo a senhora não foi com os cientistas...

– Luísa... – disse ela, de olhos brilhantes e um sorriso de anjo, na opinião do capitão.

– Luísa?

– O meu primeiro nome, Luísa – disse a major, voltando a sorrir.

– Está bem, Luísa, pode seguir com os seus colegas – disse o major Assunção, compenetrado. – Então, Capitão Faria, sabe alguma coisa desse maldito major? Eu não tenho o dia inteiro, caramba. Ele não embarcou com vocês?

– Sou eu – disse Luísa, ficando séria. – Major Luísa Polanski. L de Luísa, entendeu, assunção?

– Escute aqui, mocinha – afirmou Assunção, prestando total atenção a ela pela primeira vez e dando-lhe uma geral. – Eu não tenho tempo para brincadeirinhas nem para garotinhas que querem tirar onda com os oficiais. Desde quando uma mulher como você poderia ser o major Polanski, a maior lenda da Força Aérea Brasileira? Você não passa de uma garotinha de cara bonita que nem mesmo alcançou a idade para ser tenente, quanto mais pilotar um caça ou ser major. Até como cientista parece deslocada. Eu tenho tarefas a cumprir e não desejo perder tempo com palhaçadas.

Ao ouvir aquilo, a garota, em primeiro lugar sentiu uma profunda decepcão com ele; mas, logo depois, o seu sangue polonês ferveu e ela ficou muito irada. Estreitando os olhos e com a testa franzida, a sua expressão mudou de tal forma que até parecia outra mulher, apesar de continuar bela como sempre.

– Para começar, Major Assunção – ripostou a oficial, bastante zangada e dando um passo em frente –, o fato de eu ser uma garota não muda nada. Tenho todos os requisitos necessários para o meu cargo e não será um idiota com excesso de testosterona que vai diminuir a minha capacidade física e intelectual, em especial quando esse mesmo idiota machista não deve ter nem três anos a mais do que eu.

– Toma essa – murmurou Faria, divertido, enquanto Assunção dava um passo atrás, atropelado pelo ímpeto furioso da colega que até parecia ter crescido um palmo.

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