Capítulo 17 - parte 3 (rascunho)

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O grupo voava para os ditos morros há quase meia hora. À medida que se aproximavam, Luísa decidiu voar mais alto de modo a abrangerem uma área maior. Não demorou a verem uma mancha escura, muito grande, e aproximaram-se.

– É uma penca de gafanhotos – disse Luísa –, um verdadeiro exame. Jammes, quanto tempo dura esse tal de ritual?

– Pelo que eu entendi, TB, até ao anoitecer ou algo parecido com isso.

Aproximaram-se com cuidado e começaram a largar todo o composto biológico que restava. Já haviam acabado e olhavam parados para as coisas sem sentido que eles faziam. Eram tão estranhas que até dava ideia que praticavam algum tipo de ginástica rítmica.

Polanski olhava e abanava a cabeça. Decidiu dar a ordem de retirada quando uma luz forte lhe ofuscou os olhos. Em um milésimo de segundo deu-se conta que um raio havia passado rente a si e, logo a seguir, ouviu um grito de desespero. Ergueu o olhar para ver Jammes caindo no meio de alguns Krills. A primeira coisa que notou foi que ele estava ferido; a segunda, era que estava visível.

Reagido por instinto, ativou os campos de força e mergulhou atrás dele. As asas abriram-se e os canhões começaram a disparar projéteis para cima dos Krills, que debandaram como podiam. Em pouco tempo, um círculo formou-se onde estava o major, círculo esse que crescia à medida que fugiam. Mal pousou junto a ele, ouviu um barulho perto e viu Antônio ao seu lado. Mais tiros foram ouvidos e ela imaginou que a filha e o marido davam fogo de cobertura.

O ferimento não parecia ser grave e o equipamento impediu que a queda fosse fatal. Mesmo assim, o par pegou no major, um de cada lado, e decolaram juntos.

– Temos que sair daqui – disse Luísa, aflita. – Antônio, fica o mais perto possível para que os nossos campos de refração o escondam.

– Mano – gritava Helena, aflita, chorando sem parar.

– Paulo. – Luísa só disse isso, mas o marido sabia bem o que ela desejava. Ele aproximou-se da telepata e pôs a mão no seu ombro.

– Agora não é hora para isso, Major – argumentou. – Precisamos da sua ajuda para encontrar um lugar livre de emanações mentais de modo a podermos tratar do seu irmão e deve ser o mai afastado possível daqui.

– Tem razão, desculpe – disse ela, chorosa.

– Não se desculpe. É seu irmão, é compreensível.

― ☼ ―

Escurecia rápido e Luísa estava preocupada com o estado do major Randal. O ferimento foi muito mais grave do que parecia, mas eles possuíam, nos estojos de primeiros socorros, o soro do filho e os nanorrobôs de cura. Mesmo assim o computador de bordo informou que ele precisaria de, pelo menos, oito horas de descanso, sem falar que o traje precisaria de outro tanto para se consertar.

– Como será que isso aconteceu? – perguntou-se Paulo. – Estávamos invisíveis e bem.

– Tenho a certeza de que não foi intencional – comentou Polanski, pensativa. – Devia fazer parte do ritual deles e demos azar de estar no caminho.

– Por que achas isso, Lú? – perguntou Antônio, curioso. – Não vejo nada que me leve a essa linha de pensamento...

– Ninguém portava armas, Toninho – disse ela. – Eu prestei bem atenção a esse detalhe. O problema é que, a esta hora, já devem estar atrás de nós.

– Acho que a gente tem condições de se defender – argumentou o marido.

– São milhões de gafanhotos, meu amor. Seremos esmagados pelo número. Por isso...

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora